O Mito da Eficiência Publicado por ecohabitar a September 16, - TopicsExpress



          

O Mito da Eficiência Publicado por ecohabitar a September 16, 2009 em Eficiência Energética, Opinião | Leia o primeiro comentário Em 1865, o economista britânico William Jevons descreveu em seu livro “O Problema do Carvão” aquilo a que mais tarde veio chamar-se de “Paradoxo de Jevons“. Ao observar que as recém-introduzidas máquinas a vapor desenvolvidas por James Watt, muito mais eficientes em termos de produtividade que as antecessoras, fizeram aínda assim aumentar a quantidade total de carvão consumido no país, Jevons escreveu: “É um completo engano supôr que um uso mais eficiente dos combustíveis implicará numa redução do seu consumo. A verdade é precisamente o oposto” (O Problema do Carvão, 1866, p 123). E, exemplificando com a indústria do aço, afirmava: “Se a quantidade de carvão usada em um alto-forno for reduzida, em termos da produção, os lucros da atividade crescerão, novo capital será atraído, o preço do ferro-gusa irá cair mas a demanda aumentará. E no final o maior número de altos-fornos anulará as economias no consumo conseguidas por cada unidade individual” (O Problema do Carvão, 1866, p 124-125). Jevons designou este efeito por “repique” (rebound). Ou seja, à medida que o progresso tecnológico consegue aumentar a eficiência com que um recurso é usado, o seu consumo total pode aumentar em vez de diminuir. É precisamente este o tema central de um livro (The Myth of Resource Efficiency , de J. Polimeni, K. Mayumi, M. Giampietro e B. Alcott, 2009) que recupera as teses de Jevons e as transfere da Inglaterra do Sec XIX e a sua escassez de carvão para o mundo do Sec XXI e a suas incertezas sobre o futuro das fontes de energia. Os autores demonstram as sérias implicações que este paradoxo representa para o futuro energético dos países em desenvolvimento. Ele sugere que a eficiência, a conservação e os melhoramentos tecnológicos, precisamente as principais bandeiras daqueles que se dedicam à pesquisa de soluções para o fornecimento de energia no futuro, podem, na verdade, contribuir para uma piora do cenário. O livro lança sérias dúvidas sobre a ideia de que a eficiência energética conduz necessariamente a níveis menores de consumo e declara mesmo que é muito simplista a afirmação de que a sustentabilidade resulta como uma consequência passiva de se consumir menos. Isto porque o que se tem observado nos últimos anos é a confirmação prática do paradoxo em diversos setores. Senão vejamos: apesar da redução de consumo de gasolina nos modelos de automóveis lançados a partir dos anos 70 com o choque petrolífero, o consumo global do combustível não parou de aumentar. O consumidor, ao possuír um carro que consome menos, acaba rodando mais com ele. O aumento da eficiência energética das geladeiras fez com que a procura por modelos maiores aumentasse e hoje é comum encontrar mais que uma unidade por casa. Um dos capítulos da obra é um estudo técnico que procura verificar se os efeitos do Paradoxo são verificáveis nas economias de vários países ao longo dos últimos anos. Um dos países analisados é o Brasil e o que se procura saber é se o ritmo de crescimento da economia se pode manter apenas com a expectativa de aumento na eficiência do uso da energia ou se um colapso será inevitável. Uma das soluções apontada para o problema é o aumento dos impostos que incidem sobre as diferentes formas de energia, o que forçaria uma maior conscientização no seu uso. Porém, e embora não seja esse o foco do livro, que aborda apenas o “mito da eficiência”, uma mudança na matriz energética poderia atenuar muito os efeitos do Paradoxo de Jevons, senão eliminá-lo por completo. De fato, a opção por energia solar, virtualmente inesgotável, tornaria irrelevante economicamente qualquer variação no seu padrão de uso, já que, por enquanto, os raios solares aínda não são uma commodity ( Martin Holladay ).
Posted on: Wed, 14 Aug 2013 16:27:02 +0000

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