O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? - TopicsExpress



          

O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei? Salmo 27.1 Todos nós sentimos medo e nossos medos têm nomes certos, inclusive os medos que habitam nosso inconsciente ou os quartos escuros da nossa alma. Quem, jamais, sentiu medo? Eu tenho vários medos! Medo do abandono, medo de não ter mais meus amigos ao redor, medo da falência financeira, medo de não ter trabalho, medo de faltar a saúde física e mental, medo de não ter mais meus pais por perto, medo de ser o único sobrevivente da família outrora grande, medo de não encontrar a pessoa que caminhará comigo de maneira mais próxima e que me dá abrigo, segurança, amor e paz. Há os que têm medo de envelhecer e se querem e fazem de tudo para serem sempre jovens. Há os que tem medo de ver morto, no corpo, a pulsão do desejo de amor fisicamente outro ser humano. Há os que têm medo de amar e não se entregam a ninguém e jamais abrem o coração, escancaram a alma e se permitem ser amados e amar. Existe também aquele tipo de gente que tem medo de Deus, porque aprendera que Ele também é fogo devorador, e ao invés de conhecer o respeito reverente que é o princípio da sabedoria, tem medo mesmo, terror desse deus carrasco, inventado e alimentado pela religião. Diz a Escritura que Davi foi um homem segundo o coração de Deus e, na mesma Escritura, nenhum outro foi humano, demasiadamente humano, como Davi. Rodeado de bandidos, proscritos, vendia sua força bruta aos poderosos que precisam de ajuda na guerra. Antes de ser chefe de bandoleiros, sem medo, matou o gigante que desafia o exército do Deus vivo. Já poderoso e assentado num trono, foi sagaz em quase todos os momentos críticos, de medo. Mandou matar o marido da mulher que cobiçara, foi cruel com este homem quando soube que a mulher ficara grávida dele, enganou Urias e como não conseguia se livrar da lealdade deste, apenas um bilhete, enviado ao general, foi a sentença de morte para o traído duplamente. Davi, como nós, plantou muitas sementes: boas e más. Colheu de ambas e quando a colheita não era boa, reconhecia que aquilo era conseqüência de sua semeadura ruim, arrependia-se, chorava e pedia perdão ao Deus vivo no qual acreditava. Conheceu a traição do melhor amigo, Aitofel, que cooptou seu filho Absalão para trair o rei e roubar-lhe o trono. Aquele que traíra, agora conhecia a dor da traição - e foi lancinante! Seu filho que tinha o nome de Filho da Paz foi morto e a alma do pai poderoso conheceu o fundo do poço, a dor de sepultar um filho. A dor do sepulcro já o acometera antes quando seu grande amor, Jônatas e seu grande inimigo e senhor, Saul, foram mortos no campo de batalha. Quando deixou em Ziclague - sua cidade de refúgio - mulheres e crianças indefesas para lutar uma guerra que não era a dela, ao retornar, conheceu, viu e sentiu o cheiro da chacina. Morreram assassinados, mulheres e crianças, porque estavam sem a proteção de Davi. Em certa medida, a vida de um homem é a vida de todos os homens. Se somos diferentes nas características físicas e no nível social, somos iguais, tantas vezes, nos sentimentos, sejam eles felizes ou maus. É por isso que a vida desse Rei nos ensina tanto e seus poemas tanto nos dizem a verdade da existência peregrina nesta terra, escola que nos faz experimentar os extremos da felicidade suprema e dor desesperadora. Talvez a postura que faz toda a diferença entre eu, você e o Rei Davi é a fé e a esperança que este tinha no Deus vivo no qual acreditava. Neste Salmo 27, Davi expõe sua total dependência e confiança em Deus com afirmativas fortes: ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu coração; e, se estourar contra a guerra, ainda assim terei confiança. Uma fé, uma confiança deste porte não é algo comum ou fácil de encontrar. Até porque a fé um dom, é um presente que recebemos, todavia, podemos fazer como os discípulos do Senhor Jesus e pedir tal como eles: Aumenta-nos a fé, Senhor! Davi conheceu muita coisa na existência, passou por vários momentos de altos e baixos, chorou e sorriu com a mesma intensidade, foi bom e mau em medidas extremas, humano, demasiadamente humano! Igualzinho a nós! Se ele, humano como nós, teve essa fé e confiança, nós também poderemos ter, não somos diferentes na essência, pelo contrário, somos mocinhos às vezes e bandidos outras tantas! As experiências de Davi forjaram nele essa fé inabalável num Deus que é Amor e Misericórdia, Justiça e Paz, Soberano e Provedor. De todos os personagens bíblicos, talvez, o Rei Davi fora aquele que jamais teve medo da coragem de ser, título de lindo livro escrito por Paul Tillich. Coragem de ser! Ser quem é na luz, para na luz, ser trabalhado, mudado pelas experiências da existência que Deus nos permite viver. Nas sombras, lugares dos seres mais vis, Deus não trabalha! Por isso, Haja Luz! foi o primeiro imperativo do Senhor que criou cpeus e terras. Davi, como você e eu, conheceu o dia da adversidade - a morte de uma pessoa querida, de um familiar amado, a traição, a dor de um ato pecaminoso que nos pesou na consciência, as intrigas ao redor, as difamações, a incompreensão, as inimizades e porfias, as mentiras que contamos e que espalhamos, o fingimento para com aqueles que mereciam nossa verdade e tantas outras atitudes - para o bem ou para o mau - que tomamos nessa vida. Neste Salmo, ele declara que Deus é aquele que nos esconde no dia da adversidade, nos protegendo e nos amando, apesar de nós! Como diz o antigo hino: Que amor é esse?! Ele faz um pedido que deveríamos fazer: Ensina-me, Senhor, o teu caminho e guia-me por vereda plana... Quando pedimos ao Senhor: ensina-me, temos que ter a consciência que nos colocamos na atitude de aluno, de aprendiz, daquele que está em construção e que está longe de estar acabado, tudo sabendo. esta atitude de discípulo/aluno é imprescindível para a pessoa que quer seguir o Filho do Deus vivo, Jesus Cristo. Alunos eram os Doze que o seguiam. Nada sabiam, era preciso, como Maria, assentar-se aos pés do Mestre para aprender. Somente a atitude humilde de alunos pode nos levar ao conhecimento de nós mesmos e à libertação de nossas amarras e exorcismos de nossos medos. Quais são seus medos? Tire-os para fora, coloque-os na luz! Nomeia-os! Deixe a língua dizer um por um diante do Eterno e, com fé e confiança, confesse! O discurso pode muito em seus efeitos, assim como a oração do justo. O discurso nos desnuda e nos faz ouvir a própria voz e isso é libertador, como Freud bem atestou na sua psicanálise. Por fim, sem medo dos teus medos, fale como Davi: Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes. Diga à tua alma: Espera pelo Senhor, tem bom ânimo [atitude positiva], e fortifique-se o teu coração [posto que o coração fraco sucumbe!]; espera, pois, pelo Senhor! Na cultura da morte na qual estamos imersos, muitas são as forças que tentam minar, em nós, as pulsões da alegria e da vida! Esta cultura nos traz medo e insegurança, temores que nem sabemos nomear! A vida, como disse o poeta, requer de nós coragem! Coragem de ser, de experimentar, de ter fé e confiança, de esperar Naquele que não desiste de nós e que vive a nos buscar! Não tenhamos medo! Esperemos no Senhor! Rev. Marcio Retaremo
Posted on: Thu, 31 Oct 2013 14:36:09 +0000

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