"(...) O combate à fraude e evasão fiscal é parte integrante do combate à corrupção, como sabemos. A maioria das famílias portuguesas, por exemplo, não tem meios — ou disponibilidade ética e moral, suspeito — para aceder a uma comunidade mais ou menos limitada de agentes — os fautores da fuga ao fisco e os seus facilitadores — que, a coberto de uma visão perversa da legalidade, destrói as bases das sociedades e democracias que nos esforçámos para criar. Sejamos claros, portanto: os paraísos fiscais são antros de corrupção que abrigam capital sujo de sangue e de lágrimas. Servem para lavar as consciências de traficantes de armas e de pessoas, entre outros. E os cidadãos portugueses com capitais estacionados em centros financeiros offshore são coniventes com isto. Exigir a dissolução imediata destes centros é uma componente fundamental de qualquer proposta que procure promover a transparência e o bom governo. É, além disso, uma medida de promoção dos direitos humanos: os paraísos fiscais são responsáveis por um dado que parece contra-intuitivo. Os países do Sul global são, na verdade, credores do Norte global. De acordo com o trabalho de organizações como a Global Financial Integrity, os fluxos ilícitos de capital para fora dos cofres de Estados como Angola ou como a Nigéria, rumo a bancos suíços ou trusts nas Ilhas Virgens Britânicas, transformam os Estados do Norte, nem sempre modestos a respeito da cooperação para o desenvolvimento (e da APD — Ajuda Pública ao Desenvolvimento — associada), em devedores. (...)". blogues.publico.pt/asclaras/2013/06/11/irmaos-metralha-2-0/
Posted on: Sun, 16 Jun 2013 11:02:54 +0000
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