O copo está cheio Os analistas, e principalmente a classe - TopicsExpress



          

O copo está cheio Os analistas, e principalmente a classe política, estão estarrecidos, indignados, sem entender nada. O que começou em São Paulo com uma singela manifestação contra um aumento de vinte centavos nas passagens de ônibus alcançou uma dimensão jamais vista. WALDIR SERAFIM Divulgação Os analistas, e principalmente a classe política, estão estarrecidos, indignados, sem entender nada. O que começou em São Paulo com uma singela manifestação contra um aumento de vinte centavos nas passagens de ônibus alcançou uma dimensão jamais imaginada. O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência afirmou que busca compreender os protestos organizados pelo país e que ainda não tem uma resposta. “Seria muita pretensão achar que a gente compreende já o que está acontecendo. A primeira atitude de humildade é buscar entender a complexidade do que está ocorrendo", completou o Ministro. É complexo, mas não é tão difícil entender as razões dos protestos. O fato é o Brasil está doente e o povo em seu protesto está pedindo um SOS ao Brasil. Aquele Brasil da propaganda oficial não existe, ou pelo menos não para todos. É propaganda enganosa. O que existe são as imensas filas nos hospitais públicos. O que existe é uma educação de péssima qualidade que custa tanto ou mais do que as educações de referências dos países sérios. O que existe são as estradas esburacadas ceifando vidas em todo o território nacional. O que existe são serviços públicos de péssima qualidade, em todos os setores, sendo o transporte urbano apenas um deles. O que existe é uma deslavada corrupção em todos os poderes da República. O que existe é a falência de nossas instituições. A melhor explicação para o fenômeno é dada pela teoria do copo cheio, que tão bem Chico Buarque a expressou nos versos da inesquecível música Gota D’Agua: “Deixe em paz meu coração. Que ele é um copo até aqui de mágoa. E qualquer desatenção, faça não. Pode ser a gota d’agua”. O copo da indignidade popular está cheio e, nessa situação, qualquer pingo transborda, e esse pingo foi os vinte centavos. O resto é consequência. E nesse caldo de cultura que se formou, a classe política passou de agente ativo para agente passivo da história. Deixou de liderar o processo, como deveria ser numa República, e passou a assistir, acovardada e passiva, aos acontecimentos. Um outro fenômeno que a classe política tem que compreender rapidamente, se quiser retomar seu papel republicano, é o alcance e a força das redes sociais. O presidente norte americano Roosevelt, dizia: “dai-me a manchete dos principais jornais e podem deixar o resto para as oposições”. Com essa teoria foi reeleito diversas vezes. E essa ideia prevaleceu até o surgimento das redes sociais, que ganharam força neste século. Já não adianta mais “comprar” a simpatia das mídias tradicionais. É como fogueira num monte de serragem (ou monte da palha de arroz). Por cima se vê apenas uma fumacinha aqui, outra acolá, mas por baixo é um braseiro só. Exemplo: Dilma foi vaiada estrepitosamente por três vezes durante a abertura da Copa das Confederações em Brasília. Pois bem, o Jornal Nacional da Globo deu apenas uma notinha, lida por um constrangido Willian Bonner. No mesmo dia, nas redes sociais circulavam todo tipo de imagens e sons mostrando a verdade. Se não souber ouvir as vozes roucas das ruas, a classe política estará fadada a marchar no contrapé da multidão. Nesta semana, em plena ebulição, a Comissão de Direitos Humanos do Congresso Nacional aprovou o projeto chamado de “cura gay”. Ora, sem querer entrar no mérito do projeto, mas teria momento mais errado para aprovar um projeto tão polêmico como esse? Que falta de sintonia. Em que órbita, em que planeta será que vivem nossos parlamentares? Com certeza não é no Brasil das ruas. Para finalizar transcrevo os dizeres de um cartaz carregado por uma jovem durante as manifestações, que dizia: “Desculpe o transtorno, mas estamos construindo um novo Brasil”. Que maravilha. Ainda resta uma esperança. (*) WALDIR SERAFIM é economista em Mato Grosso.
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 20:13:35 +0000

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