O dia em que apresentei Carlos do - TopicsExpress



          

O dia em que apresentei Carlos do Carmo. ---------------------------------------------------- Angola, anos 80. A cidade do Huambo (a bela ex-Nova Lisboa, de Norton de Matos), sem água, sem eletricidade, parca nos bens mais essenciais, era uma ilha cercada de guerra, de dor, de sangue, de morte, onde a única Luz era a Esperança, que se recusava a morrer no peito de todos quantos amavam aquela Terra. Foi nestas condições que a convite da delegação local da Associação 25 de Abril, Carlos do Carmo, o grande Carlos do Carmo, filho da saudosa e grande fadista, Lucília do Carmo, lá se deslocou, acompanhado pela sua companheira de uma vida, a encantadora Judite, estava então em vigor o “Recolher Obrigatório” a partir das 23 horas. Aproximava-se a hora do início do Espetáculo, quando os meus camaradas (que Deus lhes perdoe) se lembraram de que seria conveniente um apresentador, não encontrando outro recurso mais à mão que este “ilustre orador”, com sotaque das terras de “morcões e bintóitos”, empurrado, quase à força, para a forca… aliás, para o palco. Recordo-me de ter apresentado o Carlos como um dos maiores intérpretes da Canção Portuguesa de todos os tempos; da sua consagração nos maiores palcos do Mundo: Olimpia, Toronto, Tóquio, Nova Iorque; da estrondosa ovação com que foi contemplado, por angolanos e portugueses, e da cavaqueira que mantivemos após o fim do espetáculo no Bairro Académico, numa espécie de discoteca, pertença de amigos meus, dois irmãos crescidos em Camacupa, um já falecido e o outro desgraçadamente cego! Ao longo dos últimos anos lembrei-me muitas vezes do Carlos e da Judite, mas também do Álvaro Serrano, que já não me consegue ler; e do seu irmão, o “Nina”, que, desgraçadamente, já não posso abraçar. Sempre Angola…
Posted on: Sat, 30 Nov 2013 15:16:58 +0000

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