O frio do dia contrasta com o frio da alma. Nesse sentido, o senhor até mesmo considera-se aquecido pelas condições climáticas, visto que toda vez que fecha os olhos vê um mar branco, da neve mais pura, mais devastadora, a neve do exílio, a neve do irreconhecível, a neve da solidão. A sensação de impotência perante o mundo que o rodeia e permeia era a maior das diversas funções senoidais de sua alma: Havia dias em que sentia-se despreparado para abrir os olhos pela manhã, ao passo que outros dias eram aqueles em que se postava à batalha, lutando na vanguarda para que suas proles tivessem neves internas menos cruéis que as dele. Na falta do pão, deu uma moeda ao morador de rua, não pela caridade, mas pela vontade de tornar aquele Ser Humano mais parte da humanidade e menos parte da calçada. Seguiu seu caminho, o caminho da programação diária, o caminho que diminui a vida, o caminho que faz viver. Parou em uma banca de jornal e, entre os jornais com diversas notícias - a maioria de desserviço e poucas de instrução clara - pediu um cigarro da marca que gostava. Não que fumasse, mas esporadicamente gostava ade queimar os pulmões apenas para sentir que algo dentro de si ainda podia queimar. Acima de melhorar o amanhã, o homem queria mudar o ontem. E esperar pelo ontem é uma atividade ensandecedora, que levou muitos dos pensadores da nossa história ao término de suas atividades, muitas vezes desligando sistemas como sensatez e lucidez gradativamente, apenas para que aprendessem que com o tempo não há acordo. Mas o homem, tolo, queria jogar com Chronos mesmo assim.
Posted on: Thu, 25 Jul 2013 21:34:30 +0000
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