O que tenho para hoje... Desenhando a desconstrução. - TopicsExpress



          

O que tenho para hoje... Desenhando a desconstrução. Lamento muito dizer que vivo em uma época sem contorno. Somos todos personagens de um livro ilustrado e não finalizado, pois não tem em seus desenhos limites definidos. Não que isso aconteça por ignorância, por não perceber a falta desse detalhe. Ao contrário, sabe-se dessa lacuna, dessa falta. Mas ao que vejo, essa falta de contorno é uma opção. A opção de não precisar definir. A opção de não se posicionar perante o desconhecido, nem que seja para dizer que está perdido e com medo. Porque a pergunta básica é: quem não está? Tudo muda muito e o tempo todo e por isso mesmo, ninguém pode dizer que sabe tanta coisa assim. Temos no máximo um palpite e uma boa intenção. Com o tempo talvez ele se confirme ou mostre a necessidade de uma alteração no plano de voo. E essa “insegurança” é algo muito bom, se chama na verdade impermanência e é o princípio da vida. Se estivéssemos realmente atentos a isso, a acomodação seria comportamento em extinção. A posição fechada e intransigente seria uma exceção, quase uma relíquia. Mas não. Como somos uma legião de acomodados que prezam pelo imediatismo, resolvemos questões permanentes de formas ineficientes e de rápida execução. É como se quiséssemos na verdade nos livrar da vida, pois não aceitamos os preços que ela nos cobra, as responsabilidades que assumimos junto a ela, mas em contrapartida cobramos todos os prêmios a que julgamos ter direito e todos os que sabemos não ter. Fazem-se máximas como: se não sou dono do mundo, sou filho do dono ou coisas do gênero, não é isso? Não, não é isso. Somos TODOS filhos do dono. E aí, acabou a exclusividade e a imagem do exclusivismo. Isso não existe, nunca existiu e não existirá. E além de vivermos baseados nessa mentira, criamos pessoas dentro dela. Somos irmãos dividindo o mesmo ventre. Sendo assim, toda a sujeira que sai de mim, afeta ao meu semelhante e a mim mesmo. Compartilhamos o mesmo espaço. Podemos não estar tão próximos, mas não estamos separados. Não há muros reais, a separação é uma ilusão. Então para quê educar em uma concepção diferente da real, pregando o exclusivismo e a excentricidade? Para quê eu não, mas porque, desconfio. Por desamor. Por preguiça e desamor. Pregamos uma vida de excessos e queremos equilíbrio como retorno. Mas excesso nada mais é que algo que excede os limites comuns, que está a mais, que está na verdade, sobrando. E o que sobra só sobrou por que não foi usado. Foi então desperdiçado. Persistir é algo difícil, exige de cada um de nós força interna. Principalmente em um tempo sem uma definição concreta que nasça de dentro para fora. Um tempo regido pelo externo, pelo alheio. Onde o termo “maioria” não quer dizer correto e sim, manipulados e manipuláveis. Espero que a curvatura da vara se estabeleça logo e definitivamente. Que ela pare de oscilar de um extremo a outro e encontre seu equilíbrio. A educação repressora criou talvez um exército de robôs com pouco estofo interno para construir sua autonomia, que dirá de auxiliar na construção da de outrem. Talvez acreditem que educar seus próprios filhos sem qualquer tipo de limite, de reconhecimento do não, da impossibilidade de se ter tudo o que se quer na hora que se quer, seja sua maior prova de amor. Eu vejo que não. É um desamor, um desafeto. É plantar a infelicidade certa ao acostumar como certo o inexistente. Diante de uma realidade dessa eu somente me retiro e me reservo o meu real papel, não há como afetar ao que não se deixa afetar. Só é possível oferecer água ao que tem sede. aoredordocentro.blogspot.br/2013/07/desenhando-desconstrucao.html
Posted on: Thu, 04 Jul 2013 03:10:45 +0000

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