O texto não é meu, é de um agente da PF que não conheço, mas - TopicsExpress



          

O texto não é meu, é de um agente da PF que não conheço, mas achei muito bacana, pois já cansei de ouvir essa pergunta VOCÊ JÁ MATOU ALGUÉM? Todos os colegas, com algum tempo de Polícia, qualquer Polícia do Brasil e do mundo, irão lembrar de algum momento em que lhes fizeram uma das perguntas mais comuns. “Você já matou alguém?” Incrível como o imaginário popular guia as mais diversas mentes para eventos de vida e morte no cotidiano policial. Eu mesmo já fui indagado diversas vezes...nas mais inusitadas situações. Por autoridades e por pessoas alheias ao DPF. Principalmente pelos meus alunos. O que respondi? Depende sempre de quem pergunta...Uma mesma verdade pode ser observada sob diversos ângulos. Isso é diretamente ligado ao tipo de questionador. Acredito que uma resposta afirmativa lança o indagado a patamares surreais da imaginação do indagador. O fato é que poucos policiais têm a infelicidade de puxar o gatilho de forma tão incisiva. É certo que em alguns lugares como o Rio de Janeiro, a possibilidade do tira se envolver em eventos nos quais seja obrigado a disparar sua arma, é muito grande. Eu mesmo, com pouco mais de um mês de Policia, vi-me imerso em um tiroteio na Providência, que até serviu de base para que eu escrevesse o capítulo inicial do meu livro “Anjo da Noite”. Mas matar é um verbo difícil de ser conjugado. Pelo menos como a maior parte das pessoas o imagina. A verdade é que um homem só conhece a natureza mais profunda de si mesmo, quando observa um semelhante tombando sem vida, por conta de uma ação sua. Ali, é possível separar dos homens comuns, aqueles que desconhecem o remorso e incorporam o manto negro dos anjos exterminadores. Em quatorze anos de Polícia, vi muita coisa ruim acontecer perto de mim. Perdi colegas, que foram executados sem piedade, pela simples razão de serem policiais. Como pensar com clareza num momento extremo, afastando da mente, o tão natural desejo de vingar a morte de uma pessoa querida? Como manter a mente sã, diante de um quadro de guerra crua, por motivos quase sempre banais, que vivemos todos os dias? Aprendi a não julgar os homens. Não sou ninguém para isso...Os atos sim...Pois o homem é muito mais amplo que uma atitude, apenas. Por um momento, já vi as mais dóceis ovelhas se transformarem em selvagens cães de guerra...Talvez, eu mesmo seja um exemplo disso. Um grande amigo do Grupamento de Pronto Emprego costuma dizer que eu sou o mais zen, o mais paciente, o mais tranqüilo policial que ele conhece. Não é raro ser chamado de “monge”. Mas esse mesmo amigo diz, que quando meu limite é alcançado, eu sou o que há de pior...O mais sinistro... E estive em situações limites. Algumas vezes...passado o medo grande que senti na Providência em janeiro de 1997, nunca mais o senti...não... Tive a oportunidade de operar com os melhores policiais das três Polícias. Orgulho-me disso. E há muito tempo, deixei de pensar em vida e morte em operações sérias da área de segurança pública. Um atirador em uma laje é um inimigo a ser neutralizado. Este é um termo que aprendi com um dos integrantes do Comando de Operações Táticas, o COT, que mais respeito nesta vida. O mais importante é garantir a segurança da equipe. Se o atirador foi ferido, morreu ou saiu correndo, o que faz diferença é que do ponto onde ele estava, pararam de vir os tiros. Obviamente, existem homens que sentem prazer (acreditem!) em matar. Tive a oportunidade de conhecer alguns. Muitos eram e são excelentes chefes de família, dóceis com aqueles que prezam e grande respeitadores dos amigos. Entretanto...um inimigo que tomba não chega a ser, para esses, mais importante que tomar um copo com água. Nenhum outro mundo lança o homem em universo tão potencialmente brutal, como é o mundo Policial. É uma verdade...mas nenhum outro mundo coloca o homem em condições de agir e fazer diferença em momentos singulares...os homens que respiram...os homens que sentem...os homens que defendem os homens... Tenho consciência de que muitos recuam, quando pensam em viver Polícia, pela iminência insistente do conflito armado. Tenham dentro de si a certeza, de que na infinita amplitude de suas atribuições, os combates são uma possibilidade real, porém menor do que imaginam...ao meu redor estão inúmeros policiais, que jamais precisaram acionar seus mecanismos de disparo, ao longo da carreira. Tenham fé...mantenham a retidão...estejam ao lado dos bons...e caminhem sem medo por este mundo em guerra constante... SANDRO
Posted on: Wed, 24 Jul 2013 14:02:27 +0000

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