PRIMOS RICOS. PRIMOS NORDESTINOS POBRES - Cric... CRic... - TopicsExpress



          

PRIMOS RICOS. PRIMOS NORDESTINOS POBRES - Cric... CRic... Cric... By Anastácio Pereira Cric...cric...cric.. O som chato se ouvia na calada da casa às escuras, que encabula qualquer ser humano. Naturalmente é um som, produzido pelos ratos, que buscam à noite, no silencio das madrugadas, restos de alimentos. Sonolenta, a dona de casa, pé ante pé e descalça, ruma para a cozinha, precisamente, vai direto à geladeira, gorda, busca algo. - Mais que de repente - Um Ratoooooooooo! Ecoa estridentemente, na casa, o mais desesperado grito noturno, que acorda toda vizinhança e põe em polvorosa sua casa. O sábio marido, descansado e ainda tonto, pois, durante o dia, como desempregado e vivendo de bico, o que arranjara, mal deu para suprir sua geladeira, e torrou ainda, alguns míseros trocados, conquistado às duras penas, na Barraca da Tripa. Onde engoliu com amigos, um litro de cachaça legítima (segundo o dono do bar)..Cachaça de Cabeça. Na cozinha o desespero era grande. A mulher em cima de um tamborete “Pé de “priquito”, acenava brutlamente para o ar, empunhando uns restos finais de uma vassoura, em direção ao rato. - Coitado...! tão espantado, ou mais ainda, por ver aquela desingrolada figura, lhe ameaçar com furor. - Peste! Pega esse desgraçado, diz a mulher para o marido. Feito um louco, ele avança, toma-lhe a vassoura e parte para os finalmente. Fedorento e todo cagado, o filho chega na sala, chupando o dedo e torcendo o pinto mijado, quase o arrancando de tanto enrolar. - Sai pra lá Wilnkson ! (filho de pobre tem nome diferente). Esbraveja a mãe. - Foi por ali! – afirma a filha de 14 anos, sacudindo a enorme barriga, de 8 meses na gestação, do seu pequenino filho, que será chamado no futuro, de filho da puta. - Pô... Pai... O bicho tá acuado... Xá comigo! Diz o quinto filho da prole, ainda com os olhos vermelhos do seu trabalho noturno. “Limpador oficial de bens alheio” sua profissão. - Au, Au, Au, - Baleia, era tão magra cachorra, que quando latia se escorava no poste pra não cair. Coitada, debilmente e com muito esforço oral, latia para manter encurralado o sábio e astuto rato. De Repente, a panela que ainda tinha um resto de feijão, serve como prisão para o desgraçado. - Puta que pariu... Peguei! - Pai, rato se come? – Tascou, o cabelo vermelho, outro filho que, já com doze anos, cometia pequenos delitos no bairro. - Depende! se tiver magro demais, não. Esse é diferente – grunhiu o vitorioso pai. - Vamos deixar ele preso aí, sufocado, ele amanhã vai tá mortinho da silva! Disse a mãe, ainda resfolegante. Foram dormir, agora mais confiante, pois o problema tinha sido resolvido. - Foi nada não.. .era só um rato e painho já pegou... Dizia a filha, para um aglomerado de vizinhos, que se encontravam na entrada da casa. - Vamos dormir... Falou a desdentada da casa em frente. E foram todos, de fininho para suas casas. Minutos depois.... - Cric..Cric..Cric.. (tradução linguagem ratal) - Ora... Só se prende ratos nordestinos e pobres! Meus primos, lá em Brasília, nunca sofreram tamanho vexame, são gordos, comem bem e fazem grandes farras... Aqui, eu só queria umas migalhas de pão. - Cric...Cric...Cric... Uma vassourada, correu para debaixo de um móvel velho esperou o amanhecer.
Posted on: Wed, 24 Jul 2013 02:26:20 +0000

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