PROS, PUM, PLACT, ZUM “Plunct, plact, zum / não vai a lugar - TopicsExpress



          

PROS, PUM, PLACT, ZUM “Plunct, plact, zum / não vai a lugar nenhum / tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado / se quiser voar”. O “Carimbado Maluco”, música do Raul Seixas, serve para ilustrar a realidade partidária brasileira. Por um lado, é preciso passar por uma irracional burocracia – desculpem-me a redundância –. para criar um partido; por outro lado, uma vez criado o partido, ele se torna algo como um objeto voador não identificado – sabe-se que ele existe, mas ninguém o conhece. Programas e princípios são redigidos apenas para cumprir exigências burocráticas. Neste sentido, deixaram saudades os partidos ideológicos. Como o PCB – não o PC do B do Aldo Rebelo e de todas as coligações fisiológicas -, mas o chamado “partidão”, que caiu no ostracismo junto com a URSS. Da esquerda para a direita – lembram que os partidos eram divididos assim? - tinha o PL, que morreu junto com o seu fundador, Álvaro Valle. Eram partidos que tinham algo a dizer, para além de promessas demagógicas. Décadas se passaram e no vazio deixado por eles, temos 32 partidos que, se dependessem de conteúdo programático e princípios éticos, teríamos menos, mas muito menos, supondo que sobrasse algum, na melhor das hipóteses. Vejam o caso do PROS. O outdoor de promoção do partido diz: “somos contra a corrupção”. Jura? Mesmo que tenhamos disposição para acreditar nisso, resta saber: quem é declaradamente a favor da corrupção? Imaginem se a sigla PROS significasse “Partido da Roubalheira para o Ônus Social”. Seria sinceridade demais para a política. Mas não: PROS quer dizer “Partido Republicano da Ordem Social”. Querem coisa mais genérica do que ser “republicano”? Por acaso o partido foi criado para fazer oposição ao PM - Partido Monarquista? E que “ordem social” é esta que o partido idealiza? Seria a mesma que Hitler tinha em mente? O fato é que uma sigla partidária não requer uma justificativa, muito menos uma que seja inteligente. Basta um nome bem sonoro, visualmente interessante, virtualmente midiático, para colar nas retinas e nos tímpanos. Aí é só associá-lo a certos políticos, especialmente durante a campanha eleitoral. Aliás, por que outro motivo o PROS foi criado, a não ser para disputar as próximas? Depois ele se transforma em outro. Inclusive, já poderíamos deixar uma sugestão: PUM. Uma referência óbvia ao cheiro que ele já exala à nossa sensibilidade cidadã. Qualquer criança poderia entender e teria tudo para se tornar popular. Quando finalmente surge uma proposta de partido que tem algo a dizer o que faz o estado brasileiro? Impede a sua criação. O REDE SUSTENTABILIDADE, apesar do nome pouco midiático, representa uma bandeira social relevante: a defesa do desenvolvimento sustentável. Não é possível tratar seriamente dos problemas humanos na atualidade sem discutir isto. Marina Silva, proponente maior do REDE, é, reconhecidamente, um política que não abre a boca para falar besteiras, quer concordemos ou não com suas idéias. E a julgar pela mobilização que se viu nas redes sociais para se criar este partido, não são poucas as pessoas que se sentem representadas pelo seu discurso. Era perceptível que seria uma legenda que, ao contrário de todas as recém-criadas, representaria genuinamente as aspirações de um segmento da sociedade que quer ter direito a representação política. Diante disso temos um fenômeno intrigante: o REDE não conseguiu, mas o PROS conseguiu colher e comprovar as 430 mil assinaturas exigidas pela lei para criar um partido. Como isto foi possível? Não é difícil a resposta. O estado brasileiro – nosso carimbador maluco – foi invadido e dominado pelo PT e seus aliados. Quando aparecem ameaças as suas aspirações de perpetuação no poder, ele diz: “Parem! Esperem aí? Aonde vocês pensam que vão? Não vai a lugar nenhum!”. Marina é, segundo todas as pesquisas de opinião, a pré-candidata que mais ameaça a reeleição da atual presidenta. E quem é o candidato do PROS? Não existe. Aliás, o seu líder, Eurípedes Júnior – não se surpreenda se nunca ouviu falar -, já declarou ao “Estadão” que o seu partido tem “uma tendência de apoiar ao governo”. Poderia cantar com Raul Seixas: “Ora, vejam só / já estou gostando de vocês / aventura como essa eu nunca experimentei / o que eu queria mesmo era ir com vocês...”. E aí Dilma responderia: “Podem partir sem problema algum / Boa viagem, meninos! Boa viagem!”.
Posted on: Fri, 04 Oct 2013 22:11:19 +0000

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