Para que fiquem a par do conteúdo da grande entrevista concedida à Mais Oeste Rádio, aqui fica o texto que produzimos sobre ela. Não deixem de ouvir o audio, já disponível. António Salvador quer “fazer mais e melhor” pelo concelho da Nazaré “Fazer mais e melhor” pela Nazaré, defendendo os interesses da população local em áreas como a saúde, a educação, a cultura, o património, o desporto e o emprego, é o grande objetivo da candidatura de António Salvador, que encabeça a lista do MPT – Partido da Terra à Câmara Municipal da Nazaré, para vencer e liderar o executivo nas eleições autárquicas de 29 de Setembro. Numa grande entrevista à Mais Oeste Rádio quinta-feira, 04 de Julho, António Salvador defendeu ter condições para liderar e constituir uma equipa com competências para gerir o município da Nazaré e fazer «melhor do que aquilo que tem sido feito até aqui», dizendo querer «ajudar a população da minha terra e assim a mim próprio enquanto nazareno», afirmou, pondo em prática vários dos anseios da população. Segundo considera, a desilusão quanto àquilo que são hoje os partidos políticos não tem precedentes na história da nossa Democracia. «Há um descrédito total e isso é culpa das pessoas que estão dentro dos partidos, sobretudo os do chamado arco do poder – PSD, CDS e PS». E este é, de resto, um sentimento que é comum a muitas pessoas e que António Salvador quer combater, munindo a sua equipa de gestão com pessoas que tenham competências em cada uma das áreas de atuação municipal, tais como as Finanças e outras, mas que trabalhem por convicção e não por interesses pessoais ou partidários. «Tenho uma experiência autárquica muito grande. Passei pela câmara de Alcobaça, que é muito maior que a da Nazaré, e pela câmara de Caldas da Rainha, onde vi um grande exemplo de gestão autárquica. Se vi e aprendi a fazer bem, gostaria de aplicar esse saber e poder fazer bem na minha terra», afirmou, apontando a boa gestão financeira da câmara das Caldas como exemplo disso mesmo. Na entrevista à Mais Oeste Rádio, António Salvador não poupou críticas à gestão municipal e financeira efetuada pelo executivo liderado por Jorge Barroso, acusando-o de ter «boicotado» importantes projetos que estavam em curso enquanto foi vereador e número 2 da lista do PSD na câmara, e que responsabiliza pela situação financeira em que a autarquia se encontra. «Há falta de controlo da despesa. A câmara não tem trabalhadores a mais. O que tem é um despesismo muito grande a outros níveis como em avenças, na contratação de serviços exteriores à câmara, em estudos como o das águas, que não serviram para nada». Por isso, equilibrar as contas e controlar a dívida do município é uma prioridade fulcral para a candidatura de António Salvador. Questionado sobre se devia existir uma responsabilização dos gestores públicos pela má gestão ou pela falta de capacidade de controlar a despesa, António Salvador foi perentório: «Tenho alguma vergonha de estar num país onde isso não acontece. O dinheiro público tem de ser melhor gerido do que o nosso dinheiro da despensa lá de casa. Quando se está numa câmara municipal ou noutro setor do Estado, não podemos esquecer que esse dinheiro é público e dos cidadãos. Muita gente defende “à boca cheia” o interesse público e depois isso não acontece. A população está farta» disso e de outras situações que existem nos partidos, situação que também o levou a afastar-se do partido e a deixar a militância. «Há um descrédito total dos políticos e na política partidária porque há más práticas e interesses privados que se sobrepõem ao interesse da população, por culpa das pessoas que aí estão», disse. «A gestão pública depende das pessoas e não dos partidos, por isso deve dar-se mais importância à escolha das pessoas que queremos à frente do poder central ou local». Lutar contra a privatização da água, criar uma marca própria de água, ter mais receita e postos de trabalho A luta contra a privatização das águas da Nazaré – intenção defendida por Jorge Barroso e seu executivo – foi a gota de água que fez transbordar o copo nas divergências entre António Salvador, eleito como número 2 da lista do PSD à câmara, e o atual presidente do executivo, Jorge Barroso, e que levou Salvador a demitir-se no dia 17 de Setembro de 2012, renunciando aos pelouros e ao ordenado. «Talvez seja o único a renunciar a um tacho político, neste país, o que fiz para defender a minha convição e o interesse da população». Por isso, a água é uma das grandes bandeiras da candidatura de António Salvador. «Considero que este tipo de recursos deve estar integralmente nas mãos do Estado. Cheguei a ser acusado de ser de Esquerda. Se isso é ser de Esquerda, se defender os interesses dos trabalhadores da câmara e da empresa municipal é ser de Esquerda, então que seja de Esquerda, com muito gosto», afirmou. «Quando surgiu a proposta de se avançar na concessão [da gestão das águas a privados] foi quando senti que não tinha condições para continuar como vereador, e renunciei aos pelouros e ordenado», recordou. «Era um sapo que eu nunca poderia engolir». «Não poderia aceitar essa situação», tratando-se de questões «tão importantes para a população e com as quais não posso concordar por entender que há recursos que devem estar nas mãos da população e gestão pública». Nesta matéria, uma das iniciativas que António Salvador quer por em prática visa criar uma unidade para engarrafar a água e criar uma marca própria (Águas Belas ou Águas da Nazaré). Esta é para o candidato uma medida absolutamente estratégica. «Colocar esta água no mercado. Essa foi aliás a minha proposta e que foi chumbada pelo executivo» liderado por Jorge Barroso em Outubro do ano passado. A médio prazo, pretende trazer receitas para o concelho, reduzir o preço da água, criar postos de trabalho e manter a água pública. De olhos postos na fixação de empresas e na captação de investimento, a candidatura de António Salvador quer trabalhar no sentido de incentivar o investimento e criar condições para aumentar os postos de trabalho no concelho, avançando com algumas medidas concretas, como a realização de um Encontro Internacional de Negócios e Turismo e a implantação de um Centro Empresarial de Negócios. O projecto da Área Empresarial de Valado dos Frades, um dos projetos estratégicos que António Salvador afirma ter sido «impedido» de levar por diante, assume aqui especial relevância. «É fundamental, não só para o Valado dos Frades e para o concelho mas também para a região. Está num local excelente para a fixação de empresas. Dei início ao processo [enquanto vereador] mas num certo momento, logo após as últimas autárquicas, parou. Surpreende-me que eu, que estava com o processo na mão, tenha deixado de o ter. Surpreende-me que as dificuldades tenham surgido de repente. Houve um interesse político-partidário que se colocou acima do interesse das populações», acusou, referindo-se «ao interesse de Jorge Barroso em promover uma outra pessoa a candidato e as pessoas e o concelho é que ficaram a perder». Ainda no domínio da captação de investimento, também a promoção do Turismo está na lista de intenções da candidatura. «Dar valor àquilo que é a nossa gastronomia, o nosso excelente peixe, e avançar com a realização de um Festival da Caldeirada», apontou António Salvador, onde se pode promover o “Peixe da Nazaré”. Promover os doces e pratos típicos, as ondas grandes da Nazaré e sua arte e cultura, está dentro dessas prioridades. Paralelamente, referiu, é preciso que a Nazaré tenha condições para receber bem o turista, sobretudo o sénior. «Faltam equipamento e também apartamentos turísticos de qualidade. Mas tenho a certeza que os seniores – portugueses ou estrangeiros – se tiverem algo mais para fazer na Nazaré, para além do Sol e Praia, vão colocá-la nos seus destinos preferidos». Para António Salvador, «o alojamento particular está muito desenvolvido e tem de ser respeitado porque é uma tradição na Nazaré. E o turista tem de poder escolher. É um assunto dos privados que a câmara deve apoiar. A câmara tem de criar condições para que seja agradável estar na Nazaré», afirmou, aludindo à falta de «qualificação e brio do espaço público». «A câmara tem de fazer aquilo que lhe compete que é gerir bem o espaço público». As pescas e a agricultura são outras preocupações da candidatura de António Salvador. «O desenvolvimento do setor produtivo depende essencialmente das políticas do Governo. Mas as câmaras municipais podem ajudar neste processo, podem fazer pressão sobre os agentes do Governo e as entidades do poder central. As câmaras municipais têm de agir para defender estas classes. E sobretudo têm de as ouvir e saber do que é que elas precisam para fazerem disso o seu plano de acção, ajudando os pescadores e os agricultores a concretizar o que eles sabem, melhor do que ninguém, que é preciso fazer». Democracia participativa Outra das medidas da candidatura do MPT, encabeçada por António Salvador, prende-se com a instituição de uma «democracia mais participativa». «Quero que a população tenha uma intervenção direta nas decisões da câmara». Para isso, haverá um Orçamento Participativo (em que as pessoas apresentam propostas e decidem o que fazer com uma parte do orçamento do município – o que for possível face à situação financeira da câmara), e será criado um grupo de Conselheiros formado por pessoas de diferentes áreas e especialidades que são chamadas a aconselhar o executivo em situações muito concretas (para o interesse da comunidade). Desta estratégia também faz parte a criação de um Conselho Jovem, composto por diversos jovens a quem se pretende dar a oportunidade de aconselhar a câmara nalguns temas da Juventude. «A população deve ter a possibilidade de dizer o que quer que seja feito pela Câmara, porque o presidente da câmara não é dono do lugar que ocupa. O lugar que ocupa é público», considera. A presente candidatura pretende bater-se igualmente pela integração dos trabalhadores da Empresa Municipal, respeitar a vontade e a opinião da população do concelho, e não permitir compadrios e interesses instalados. Áudio disponível.
Posted on: Sun, 07 Jul 2013 10:47:15 +0000
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