Para uma melhor Compreensão da realidade da nossa cidade Ouvimos - TopicsExpress



          

Para uma melhor Compreensão da realidade da nossa cidade Ouvimos repetidamente falar de planos e projetos para a nossa cidade, muitas vezes com um volume financeiro que logo à partida nos leva a duvidar que sejam exequíveis. Raramente ou nunca, ouvimos abordagens ao nosso passado recente que, de algum modo nos possam fazer entender melhor o que se tem observado e sem esta realidade, não conseguiremos entender o presente, entender os erros que foram feitos e sem aprendermos com os erros, não conseguiremos fazer melhor. Deixo aqui alguns apontamentos sobre o nosso passado recente, para melhor podermos refletir sobre o presente e o futuro. Santarém sofreu um primeiro grande em termos de destruição, com o sismo de 1755. A recuperação que foi realizada nos anos subsequentes, foi perdida no início do século XIX, primeiro com as invasões Francesas que, com o seu role de destruição, saques e vandalismo destruíram parte significativa do património histórico. A esta realidade veio a ocupação Inglesa que em nada melhorou a situação. Como se a esta sequência de desastres não bastasse, a cidade foi alvo de mais destruição durante a guerra civil (guerras liberais). Este período assistiu a uma fuga significativa da população da cidade. Reposta a paz, assistimos à extinção das ordens religiosas e ao abandono dos edifícios por que eram responsáveis, assim como à venda em hasta pública de muitos edifícios e à passagem de outros para a posse do Estado. O período de tempo a que se alude correspondeu à segunda metade do século XIX e praticamente ás primeira metade do século XX, em que se desenvolve uma visão burguesa e capitalista da sociedade, com a assunção de um modernismo progressista que anula muito do que representava o passado. Situação que se altera na década de 50 do século XX, mas que não vem já a tempo de impedir a enorme destruição de património que referimos anteriormente. Temos desta forma que interesses pessoais, políticos e culturais se aliaram aos fenómenos naturais para uma destruição sistemática da cidade. Será esta realidade estrutural que tem de ser analisada e debatida, para podermos perspectivar o que pretendemos a longo prazo para a cidade e não apenas para amanhã, com pequenas promessas que pouco resolvem, a não ser satisfazer pequenos interesses políticos, pessoais ou eleitorais. Para podermos ter uma outra abordagem desta realidade, não podia deixar de registar que a população da nossa cidade era em 2011 inferior à de 1960, para melhor se entender o que se perdeu ao longo do tempo. A população de Santarém diminuiu 2% em 50 anos, ao mesmo tempo que a população do país aumentava 50%. Ao mesmo tempo que foi perdendo a sua centralidade, perdendo serviços (quase 30) públicos que traziam à cidade movimento, receitas e importância. Quando nos referimos à população de Santarém, referimo-nos à população do Concelho. Mas na cidade sucedeu o mesmo. A título de exemplo refiro o sucedido numa das zonas da cidade – Ribeira de Santarém: estima-se que a população aí residente fosse de 9.000 habitantes em 1740 e de 6.300 em 1890. Observemos a população aí residente nos nossos dias e compreenderemos que o coletivo não conseguiu encontrar forma de estancar / parar a hemorragia e o empobrecimento que se verificou. É apenas um exemplo, porque se observarmos o Centro Antigo da cidade, a realidade é muito semelhante. Acusar os políticos que exerceram funções nos últimos 10 ou 20 anos é demagógico. O problema, como se pode observar, tem mais de um século. Naturalmente que não podem retirar-se responsabilidades aos políticos que foram responsáveis pela cidade nos últimos anos, mas também não o podemos retirar responsabilidade a todo o coletivo que de alguma forma não conseguiu participar e partilhar da forma mais adequada na escolha de um caminho que trouxesse mais riqueza, prosperidade, bem estar e conforto à cidade. Podermos perguntar-nos se estamos condenados a continuar neste processo. Por certo que não. Mas terá de ser o coletivo da urbe a participar regularmente na vida da cidade e nas escolhas políticas que são tomadas. Principalmente a exigir soluções e acompanhar ativamente as decisões dos políticos eleitos, sejam eles quem forem.
Posted on: Sun, 15 Sep 2013 20:26:49 +0000

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