Patrick Granja! "Ontem a noite, saí para trabalhar na cobertura - TopicsExpress



          

Patrick Granja! "Ontem a noite, saí para trabalhar na cobertura das manifestações que aconteceram no Centro do Rio e em frente ao Palácio Guanabara. Depois da cobertura dos protestos anteriores, chegamos à conclusão de que precisávamos investir na nossa identidade visual, como camisas com a logo do jornal e a palavra “imprensa”, além de capacetes, máscaras e óculos. Eu, particularmente, ainda comprei um colete para me ajudar a carregar a parafernália da câmera (baterias, cartões, iluminador, etc.). Em todos os protestos que aconteceram desde o dia 8 de junho, eu só havia me ferido no joelho uma vez, na Alerj. Pensei: “agora, melhor identificado, estarei mais protegido ainda, ou melhor, menos desprotegido”. Depois de todos os confrontos do dia 11 de julho, no Centro e em Laranjeiras, as coisas já estavam mais calmas em frente ao Palácio Guanabara. Cerca de 300 pessoas permaneciam no local, porém, mantendo a rua Pinheiro Machado liberada ao trânsito. Repentinamente, a PM atacou os manifestantes com um caminhão que dispara jatos fortíssimos de água. Eu e um grupo de cerca de 10 jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos permanecemos postados entre manifestantes e PMs registrando o confronto, que seguiu pela rua Paissandu. De repente, uma bomba foi atirada contra nós, que levantamos as mãos e gritamos repetidas vezes “Imprensa! Imprensa”. Mesmo assim, outras quatro granadas de efeito moral foram atiradas. Duas delas me acertaram na perna. Continuei correndo pela rua Paissandu com outros profissionais também feridos. Uma das bombas fez um buraco de 1 centímetro de profundidade e quatro centímetros de diâmetro na minha panturrilha da perna esquerda. A outra fez uma escoriação de cerca de seis centímetros na minha coxa esquerda. Fui atendido pelos socorristas voluntários, que, na minha opinião, agora, mais do que nunca, são grandes seres humanos. Sempre que os vejo, lembro do filme Diários de Motocicleta. Fui em cada grupo de jornalistas, incluindo os que trabalham para o monopólio, me identifiquei como profissional e mostrei os ferimentos. Apesar de tudo, nada repercutiu. No fim das contas, eu ganhei oito pontos e perdi grande quantidade de tecido (carne mesmo). Minha batata da perna ficou literalmente deformada. Agora fica a pergunta: Quem atirou a bomba? Quem atirou foi uma polícia que, ao contrário do que muitos dizem, é muito bem preparada. Preparada para reprimir, ser truculenta e não ter um pingo de humanidade. Preparada para não respeitar ninguém e promover violência. Só não fico mais revoltado com tudo isso, porque desde 2008 acompanho a violência policial nas favelas do Rio e sei que, na verdade, meu ferimento é só um arranhão. O que a polícia faz nas manifestações é só uma amostra da política genocida aplicada nas favelas pelas tropas repressão a serviço das inúmeras quadrilhas que já gerenciaram esse Estado podre. Por fim, cheguei em casa, assisti ao Jornal da Globo, que por sinal não falou nada sobre as manifestações, a não ser para falar dos atos higienizados, com trajetos combinados com a polícia e pelegos das centrais sindicais e sindicatos chapa branca, que também se utilizaram de bate-paus para espancar manifestantes independentes. Conclusão: Estado, polícia, centrais amarelas, monopólio da imprensa e empresários são parte de uma mesma engrenagem, podre, falida e encurralada, sem outra opção que não reprimir". youtu.be/Un8OaeZbU3w
Posted on: Sat, 13 Jul 2013 04:43:39 +0000

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