Poesia para se ler cagando: POIS POIS Hoje tenho que morrer; não ponho esta idéia de lado, hoje tenho que morrer. Não sou nenhum ruminante, monstro nu, ninguém se atreva a tocar no meu focinho. Ninguém vai tirar isso da minha cabeça, hoje tenho que morrer — amanhã não, hoje tenho que morrer — já! Há dias venho pensando nisso, não dá mais para esperar o comboio. Tudo é putativo, vida que sangra pela boca, fogo que consome o silêncio das gretas. Deixemos os argumentos na sentina; quem não é filósofo quando senta para cagar? E daí? Nada existe, pois pois, amigo, amiga. Estou acometido de todas as doenças, tenho na barriga raros espécimes de lombrigas, enormes e cruéis lombrigas revolucionárias. Tenho uma necessidade imoral de fazer cocô, ler Baudelaire, Schopenhauer, Nietzsche; tudo que não presta, minha própria fezes. Venho de geenas que homem nenhum suporta, sou a explosão dos intestinos, rato de esgoto, ferida que os mosquitos sentem nojo. Hoje tenho que morrer, morrer e ser imediatamente enterrado. Decomponho-me na vida, ora pois pois, literatos. Paulo De Moraes em Charque, Mulheres E Vinho, pág. 39.
Posted on: Mon, 08 Jul 2013 03:58:57 +0000