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Por: Cidadão - João Paulo Saraiva A RESPONSABILIDADE DO VOLUNTARIADO NA CRISE DE EMPREGO Como sabem desde há muito sou e defendo o voluntariado, mas hoje acordei para o outro lado e constatei que a culpa da crise também é nossa, voluntários. Tenho observado nos últimos dias os sucessivos pedidos dos bancos de voluntariado, que pedem voluntários para tudo. Para figurantes, para ação social quotidiana, para organizar festas e eventos, para fazer limpeza das praias, para tudo e mais alguma coisa. Depois questiono-me! Mas não estaremos nós voluntários a retirar oportunidades de trabalho / emprego a outros?! Claro que estamos e, estamos de forma consciente, porque gostamos, porque vibramos com certas atividades que desenvolvemos mesmo "de borla" e, toda esta nossa solidariedade e ajuda permite que o trabalho por nós desenvolvido permita a outros ganhar mais, porque alguém faz de borla, arrecadar mais, porque não teve de pagar o trabalho dos voluntários, viver acima da média com o fruto do suor dos outros, volun(ó)tários. É o trabalho voluntário quotidiano que permite que Bombeiros, Tripulantes de Ambulância e Enfermeiros estejam no desemprego, porque alguém faz de borla. Deixamos assim muitos dos nossos camaradas ( nossos semelhantes, por vezes até familiares) sem emprego, a passar necessidades, na miséria, porque damos trabalho gratuito em troca de adrenalina. É o voluntariado que permite que exista poupança e economia nos grandes grupos económicos, na banca, nas grandes cadeias comerciais, que permite os luxos supérfluos dos seus administradores que podem exibir as suas vivendas com piscina, o automóvel topo de gama, o iate... Tivessem todos eles de pagar o trabalho voluntário a todos quantos o exercem e veríamos se sobraria verba para pagar ordenados milionários na administração publica e no sector privado, se sobraria o suficiente para que o deputado auferisse o que aufere hoje... O crescente voluntariado nos eventos tem permitido enriquecer os seus organizadores e, o voluntário lá vai em troco de uma entrada no evento, de poder assistir "de borla" pagando muitas vezes com o seu trabalho dez vezes mais o valor do bilhete de entrada. Muitos deles ( os "grandes") são o que são porque nós somos voluntários, porque violamos a Lei do voluntariado e nos substituímos a outros em funções que podiam e deveriam ser remuneradas. Tratam-nos como coitadinhos, mas sem voluntariado não teriam crescido, não teriam enriquecido à custa do nosso suor, à custa do nosso sangue. Defendo por isso que o voluntariado em Proteção Civil e Socorro deve existir somente para as situações de desastre e catástrofe, aquelas situações em que a capacidade de resposta dos serviços de emergência e reservas estratégicas do Estado sejam ultrapassadas e, que por existir em cada um de nós (voluntários) o sentido da responsabilidade humanitária, reforcemos essa capacidade com mão de obra voluntária, mas apenas nessas situações, porque fazer voluntariado quotidiano significa ser anti-humanitário, retirar oportunidades de emprego a outros sob o pretexto que mais ninguém faz, que muitos morreriam se não o fizéssemos, esquecendo que inconscientemente muitos outros morreram porque o fazemos. Por outro lado o voluntariado é hoje uma nova forma de escravidão encapuçada, que te impõe dádivas obrigatórias a troco de te deixarem envergar uma farda (ou uma t-shirt), sem regalias, sem compensações que não aquela que tu volun(o)tário efetivamente retiras ao alimentares o teu ego com adrenalina e espírito de ajuda ao próximo, porque raras são as entidades promotoras que efetivamente reembolsam os voluntários dos seus dispêndios. Tudo isto alimenta alguém, muitos deles engordam mesmo, enquanto tu, como eu, volun(o)tários, procuramos no fundo do bolso uns trocos para comer uma sandes e, por vezes não encontramos. Não é o Governo que deve repensar a legislação sobre voluntariado, somos nós voluntários. Somos nós que sentimos as dificuldades, é nossa a responsabilidade da crise social agravada pelo voluntariado, é de nós que tem de partir as propostas, agradem ou não aos grupos parlamentares, porque contrariamente ao que possas imaginar "tens a faca e o queijo na mão", se existir união, ou é como nós desejamos ou não há voluntariado e eles não tem alternativa. Imagina o socorro quotidiano sem voluntários, o que aconteceria? Sim poderiam morrer alguns, ou simplesmente haveria requisição civil, paga, gerando trabalho / emprego e em breve teriam de encontrar soluções permanentes, de que resultariam novos postos de trabalho. Se não agir-mos, se ficar-mos de braços cruzados e mantivermos tudo como está atualmente, continuaremos a salvar todos os dias, matando todos os dias o futuro de muitos outros, retiraremos a esperança de vida de muitos semelhantes, de famílias inteiras, tudo porque gostamos de trocar trabalho voluntário por alguma adrenalina. Não sou especialista em coisa alguma Sou apenas muito curioso sobre muita coisa João Paulo Saraiva Amaral da Encarnação (Cidadão)
Posted on: Sat, 14 Sep 2013 11:05:38 +0000

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