Por vezes desejava que o tempo me esquecesse Apagasse da sua - TopicsExpress



          

Por vezes desejava que o tempo me esquecesse Apagasse da sua memória o meu nome, a morada onde habito, Até mesmo toda a lembrança de quem um dia fui Desejava que viesse uma leve brisa de sul, e me levasse Com todas as aves migratórias E assim poderia criar ninhos de raízes noutro lugar Longe dos baús que o tempo armazena no sótão do nosso pensamento Por vezes gostava de caminhar nas ruas invisíve Sem perceberem que existe mais um Como se de um numero todos nos tratássemos E me deixasse estar sentado no banco dos fundos Apenas contando as gotas que a chuva traz Por vezes gostava de esquecer O esquecimento é a arma dos nossos enganos Desejamos omitir a recordação Mas ela é como cancro que nos come o corpo Entranha-se veemente e traz-nos a loucura Por isso por vezes desejava deixar de ser louco Tornar-me simples e rendido à ignorância A mesma que me levasse a deixar de me ver em reflexo Por vezes desejava olvidar de quem sou Para que um dia um tempo não escrevesse o que fiz Assim ninguém saberia quem fui Por vezes penso que ficar no sabor do incógnito Será a melhor maneira de se ser realmente vivo.
Posted on: Mon, 25 Nov 2013 00:52:11 +0000

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