Precisa-se de um time (ou como falar de futebol sem saber para que lado fica o gol) É muito difícil ser brasileiro e não ter um time para chamar de seu. Não tenho nada contra o futebol. Talvez umas coisinhas aqui e outras ali contra a indústria do esporte, mas contra o futebol mesmo, nada consta. Até já tentei gostar. Já fiz escolinha. Torci pra Seleção Brasileira. Torci pro Corinthians. Torci pro Marcelinho Carioca. Só não torci pra banda de pagode gospel que ele montou depois. Com o tempo fui forçado a sair da escolinha, por uma questão de saúde pública das canelas alheias. Parei de dizer que torcia para o Corinthians, e com isso pendurei meu boné, minha meia, meu caderno da escola e todos os meu adesivos do Timão que meu pai comprava com tanto prazer, na esperança de que um dia eu me convertesse aos sagrados caminhos da religião oficial brasileira. Não deu. Abandonei mesmo as tentativas de gostar de futebol. E com isso já se vão mais de 10 anos de puro ateísmo. Não digo que sou completamente alheio ao futebol, pois, apesar de tudo, ainda acho que Alejo foi a maior revelação do International Super Star Soccer, e que os melhores times de todos tempos foram o Azul e o Amarelo do Winning Eleven 3 (↑ + ↑ + ↓ + ↓ + ← + → + ← + → + X + O). Mas o fato é que hoje eu não posso mais ir a um churrasco, bar, aniversário, padaria, casamento, funeral, sem passar pelo constrangimento de ser perguntado "qual time que cê torce?" e, diante da negativa, receber olhares de indignação, frases de reprovação e até levantamento de dúvidas quanto a minha masculinidade. Admiro quem tem um time para torcer. São pessoas que nunca ficam sem papo, nunca estão sozinhas e quase sempre fazem novas amizades apenas perguntando "e aí, viu o jogo ontem?" ao cara mais próximo, contanto que o cara mais próximo não seja eu. Sendo assim, com o objetivo de preservar a minha dignidade nas rodas de interação social testosterônica, para qual time devo torcer (ou dizer que torço)? Um da série A, para ficar popular, ou um da série D já na zona de rebaixamento, para não correr o risco de alguém me perguntar o que acho da nova escalação para o jogo de domingo? Também aceito referências bibliográficas semelhantes a Como Comentar a Escalação de 68, Melhores Métodos Para Vibrar Com Um Gol - Teoria e Prática, e Enciclopédia de Craques em Evidência, por Alex Escobar.
Posted on: Thu, 10 Oct 2013 14:30:05 +0000
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