Prestação de Contas #10: Cidade grafitada: O estado de calamidade estética e de sujidade em que se encontra a cidade ultrapassou todos os limites do imaginável. Se os problemas de limpeza se resolvem com mais meios e mais pessoas, que a CMCR não quer contratar nem contratualizar, já os rabiscos urbanos assumem uma natureza de outra complexidade. A sujidade urbana é apenas o sintoma visível do mal-estar social: são um sintoma visível da violência latente provocada pela pobreza nas famílias dos miúdos que assumem estas expressões, do desemprego dos seus pais e mães, da humilhação de viver da ajuda alimentar, da incapacidade de formular um projecto de vida autónomo, enredados nessas teias de pobreza, desemprego, adições, alguns a viverem com os avós, da pensão dos avós, quantas vezes eles e mesmo os pais. A exclusão social que grita nas paredes da cidade só se inverte com outra economia e outra realidade social. É preciso limpar a cidade. Mas também é preciso tratar os sintomas do mal-estar social. Fizemos na AM a proposta de um Serviço Educativo, integrado pelos equipamentos culturais da cidade com a missão de fazer a necessária mediação social e cultural, inclusiva e integradora dessas franjas jovens no limiar da marginalidade. Obtivemos como resposta que esse serviço educativo já existe. Bem sabemos que não. Existem alguns empregos nas instituições culturais comandados politicamente a promoverem o que o PSD local acha que é cultura, que na maior parte das vezes não passam de marketing institucional ao serviço do poder. Algo muito distante do que deveria ser o projecto cultural de transformação social que Caldas da Rainha exige. Lino Romão
Posted on: Sat, 14 Sep 2013 11:24:39 +0000
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