QUANDO NÃO HÁ MAIS RECURSOS Lembro-me de uma música de - TopicsExpress



          

QUANDO NÃO HÁ MAIS RECURSOS Lembro-me de uma música de nosso cantor Djavan, intitulada “Esquinas”, que em uma de suas estrofes canta o seguinte: “Sabe lá, o que é não ter e ter que ter pra dar.” Trata-se da angústia daqueles cujos recursos são insuficientes para o enfrentamento das responsabilidades que lhe são impostas. Algumas destas responsabilidades são contraídas voluntariamente e imprudentemente, outras, no entanto, são impostas em virtude da necessidade de sobrevivência. Não importa, o fato é que para aqueles que encaram o dia-a-dia com responsabilidade, zelam pelo seu nome e querem honrar a palavra dada, e sua assinatura aposta em um compromisso, sentem-se premidos, angustiados diante da impossibilidade em não cumprir o pactuado. Tal angústia pode desembocar em insônia, desconcentração, inapetência, enxaqueca, gastrite, dermatite, e outras reações psicossomáticas, reações de quem não tem e tem que ter para dar. Não há patrimônio a liquidar, nem um grande amigo abastado a consultar, nem crédito suficiente que lhe sirva de meio satisfatório. A experiência do líder hebreu, Moisés, se dá , não necessariamente neste contexto citado, mas foi ele testemunha de uma intervenção divina de suprimento. O seu povo, embora fora da escravatura egípcia, sentiu o peso do deserto, do lugar sequioso, desprovido de recursos naturais viçosos, lugar inóspito por natureza. Eles sentiam falta do alimento que recebiam dos egípcios: “Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça, e dos pepinos, dos melões, dos porros, das cebolas e dos alhos.” (Números 11.5) O povo dirigia-se a Moisés manifestando suas insatisfações com o cardápio disponível. Moisés afligiu-se com toda aquela cobrança. Ele volta-se para Deus e diz-Lhe: “Donde teria eu carne para dar a todo este povo? Porquanto choram diante de mim, dizendo: Dá-nos carne a comer.” (Números 11.13) Deus o responde a Moisés, dizendo o seguinte: “E dirás ao povo: Santificai-vos para amanhã, e comereis carne; porquanto chorastes aos ouvidos do Senhor, dizendo: Quem nos dará carne a comer? pois bem nos ia no Egito. Pelo que o Senhor vos dará carne, e comereis. Não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem vinte dias; mas um mês inteiro, até vomitardes e até enjoardes” (Números 11:18-20a) Moisés fica perplexo com aquela promessa, e incredulamente responde a Deus: “Seiscentos mil homens de pé é este povo no meio do qual estou; todavia tu tens dito: Dar-lhes-ei carne, e comerão um mês inteiro. Matar-se-ão para eles rebanhos e gados, que lhes bastem? Ou ajuntar-se-ão, para eles todos os peixes do mar, que lhes bastem?” Ora, com Moisés estavam seiscentos mil homens, o que significa que cada um deles tinha um mulher e, no mínimo um filho cada casal. Portanto, estamos falando de aproximadamente um milhão e oitocentos mil famintos de carne. Os recursos, ponderou Moisés, eram absolutamente insuficientes. O raciocínio lógico que Moisés desenvolvera no Egito, e os conhecimentos de administração absorvidos durante o tempo em que residiu na casa de Faraó, como um filho, fez-lhe perceber que o contingente animal era insuficiente para suprir a fome do seu povo reclamante. “Sabe lá, o que é não ter e ter que ter pra dá”? Não é assim que nos sentimos quando olhamos para a necessidade, e concomitantemente para nossos recursos e os vemos defasados diante da necessidade? A razão de Moisés imediatamente busca o caminho lógico que justifique aquela promessa. Moisés estava diante da razão do cosmo. Suas argumentações em relação às possibilidades divina estavam sendo medidas a partir de suas próprias possibilidades, e no limite de sua própria razão: “ou ajuntar-se-ão, para eles todos os peixes do mar, que lhes bastem?” Deus calmamente responde a Moisés: “Porventura a mão de Deus encontra limites? Agora mesmo verás se a minha palavra se há de cumprir ou não.” (Números 11:23) Não importa a carência, o desprovimento, a circunstância, Deus não encontra os limites que nós encontramos! Suas possibilidades são infinitas e incomensuráveis. Quando o anjo se apresenta a Maria e diz a ela que seria mãe do Messias. Ela, logicamente replicou: “Como se fará isso, uma vez que nunca dormi com um homem?” (Lucas 1.34) O anjo revela o modus operandis divino deste milagre, e conclui sua explanação dizendo : “porque para Deus nada será impossível”. (Lucas 1.37) Moisés não imaginava como Deus cumpriria o que prometera, mas Deus realizou um movimento extraordinário: “Soprou, então, um vento da parte de Deus, e, do lado do mar, trouxe codornizes que deixou cair junto ao arraial quase caminho de um dia de um e de outro lado, à roda do arraial, a cerca de dois côvados da terra.” (Números 11:31) Veja o que nos relata o Parque Zoológico de Lagos acerca das codornizes: “Codornizes normalmente são aves fortemente gregárias. Deslocam-se e vivem em bandos. Só voam quando estritamente necessário, preferindo correr. Quando assustadas disparam em vôo em diferentes direções, encontrando o grupo mais tarde através de sons que emitem. Têm por hábito dormitar em árvores. Alimentam-se em grupo uma hora ou duas depois do amanhecer e uma hora ou duas antes do pôr-do-sol. Podem percorrer grandes distâncias à procura de comida Durante o dia são vistas muitas vezes agrupadas (até 60 indivíduos) perto da água ou a descansar à sombra.” As codornizes acolhem-se noturnamente em árvores, e diurnamente estão próximas a águas e descansam sob sombras. Significa então que não são aves de deserto. Deslocam-se em bandos, e podem percorrer grandes distâncias, o que significa também que estavam talvez num vôo migratório, quando foram surpreendidas por um deslocamento de ar muito grande, e conduzidas ao deserto; “Soprou, então, um vento da parte de Deus, e, do lado do mar...” Deus se move para viabilizar os recursos quando dependemos Dele. As codornizes foram trazidas em grande quantidade cobrindo uma área ao redor de aproximadamente 35 km (“quase caminho de um dia” – texto acima), voando baixo numa altura de “dois côvados”, ou, aproximadamente 90 cm, que permitia fácil captura. Diz-nos ainda o texto que “o povo, levantando-se, colheu as codornizes por todo aquele dia e toda aquela noite, e por todo o dia seguinte; o que colheu menos, colheu dez hômeres. E as estenderam para si ao redor do arraial.” Dez hômeres é o equivalente aproximadamente a 3,5 metros cúbicos, ou seja, um barril de 1 metro de altura por 1 metro de diâmetro. Estamos falando de 600 mil homens, fora mulheres e crianças. Deus é ilimitado em suas ações, e generoso em compartilhar os recursos.
Posted on: Mon, 07 Oct 2013 09:17:17 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015