QUEM É O MEU PRÓXIMO? O Evangelho de Lucas, cap. 10, vers. - TopicsExpress



          

QUEM É O MEU PRÓXIMO? O Evangelho de Lucas, cap. 10, vers. 25-37, procura responder esta questão moral judaico-cristã, que tem como fundamento o mandamento do amor a Deus com toda a expressão de nosso ser (Dt 6, 5) e ao próximo como manifestação concreta. O legista (mestre da Lei) interroga Jesus sobre a atitude a ser tomada para se tornar herdeiro da vida eterna. Jesus não lhe responde afirmativamente, mas lhe devolve o questionamento para verificar o que a Lei apresenta sobre essa temática. O legista, como grande conhecedor da Torá, responde citando o trecho do livro do Deuteronômio em que Moisés ordena ao povo guardar a fidelidade à aliança a Deus amando-o e, com o acréscimo de amar o próximo como se fosse si mesmo. O legista sentiu a necessidade de justificar sua apatia em relação à condição de vida da maior parte das pessoas ao seu redor e seus rancores raciais, religiosos e de classe social interroga Jesus sobre quem era seu próximo. Jesus não responde que o próximo é fulano ou sicrano, mas narra uma história que ficou conhecida catequeticamente como O Bom Samaritano. Ela apresenta alguns detalhes simbólicos que nos ajudam a refletir aspectos da ética cristã. a) “Um homem descia de Jerusalém a Jericó”. Essa frase inicia a história narrada por Jesus. Esse era o caminho realizado pelos judeus para guardar os preceitos religiosos em Jerusalém e para retornar às cidades de origem. O homem que fora assaltado era um judeu que retornava de Jerusalém. Um detalhe importante a ser assegurado é que os judeus e os samaritanos eram povos inimigos e alimentavam séculos de ódio uns pelos outros. Esse homem teve o infortúnio de ser vítima de assalto e, após sofrer agressão foi deixado abandonado semimorto. b) No caminho passam um sacerdote e um levita. Eles viram o homem ferido, porém, não se aproximam e seguem adiante. O sacerdote, em nome da pureza religiosa, não se aproxima do ferido. Caso tocasse nos ferimentos ficaria impossibilitado de oferecer os sacrifícios rituais, pois, ficaria impuro. Sabemos que no rito religioso são definidas as normas que salvaguardam o zelo pelos vasos sagrados e os gestos litúrgicos. Não se pode celebrar o rito da missa, do batismo ou outro ato litúrgico de qualquer forma, mas obedecer as prescrições que mantém os sinais e símbolos como expressões da fé que se vive e celebra. Entretanto, deve compreender que a ética cristã autêntica valoriza a vida humana como dom de Deus, e que as normas devem preservá-la, “não colocando o homem ao serviço do sábado, mas o sábado a serviço da vida humana”. O levita, conhecedor das normas religiosas, mas sem compreender o espírito da lei e sua razão de existir, utiliza desse conhecimento para justificar sua indiferença ao sofrimento alheio e a insensibilidade às condições de indigência de tantos homens e mulheres ao seu redor. c) “Certo samaritano em viagem, porém, chegou junto dele, viu-o e moveu de compaixão. Aproximou-se e cuidou de suas chagas...”. O samaritano, inimigo mortal dos judeus, se aproxima do ferido. Não se deixa levar pela rivalidade racial ou étnica, e sim, move-se de compaixão por aquele que necessita de socorro. Cuida das feridas e, renuncia ao seu conforto na viagem para transportar o ferido em seu animal a uma hospedaria. Retira de suas economias para pagar hospedagem até o tempo necessário para a recuperação desse homem. O samaritano é a imagem da concretização do mandamento do amor. Essa história vem mostrar que o nosso próximo não é uma pessoa já definida, e sim, que devemos fazer do outro o nosso próximo. É no cotidiano da vida que devemos ver e se aproximar das pessoas. Sem a atitude de proximidade jamais sairemos de nossa insensibilidade, nos alimentaremos da indiferença e criaremos diversos preconceitos e rótulos sociais para justificá-la. Em alguns casos para nos fazer próximo aos demais será exigida a renúncia ao conforto e às comodidades. Muitas vezes teremos que sair da zona de conforto por causa da caridade evangélica que nos impulsiona a valorizar a vida humana como dom de Deus. Que possamos guardar a Lei na mente e no coração tendo em vista o testemunho do evangelho que nos chama à vida e à comunhão.
Posted on: Mon, 15 Jul 2013 13:38:54 +0000

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