Quando eu era adolescente usava calças jeans “semi-bag”, - TopicsExpress



          

Quando eu era adolescente usava calças jeans “semi-bag”, tênis cano alto, cabelo estilo new wave , camisetas com manga cortada e jaquetas de nylon. Contra a vontade de meus pais, fiz as escondidas minha primeira tatuagem e fugia do trabalho. Ouvia músicas que falavam de amor e uma pretensa rebeldia, embaladas por ritmos “evoluídos” do rock dos anos 70, new wave, disco, glam rock e ensaiei meus primeiros acordes de violão através de revistinhas de música e colecionava a revista Bizz. Ia a festinhas nas casas das meninas que não passavam de meia noite, mas para meus pais era um absurdo. Respondia os mais velhos, era arrogante com meus professores, matei muita aula para paquerar, ir ao cinema ou simplesmente bater papo em 3 ou 4 amigos de bobeira numa esquina qualquer, e tudo que meus pais e outras pessoas mais velhas diziam e pensavam pra mim era careta e retrógrado. Andava com amigos em “gangues” sempre de sete ou mais, sofria e praticava bullyng sem mesmo saber que um dia teria esse nome, carregava um “Nunchaku” com frequência e treinava com ele, me envolvi em várias brigas. Falava com gírias e tínhamos até um idioma próprio criado por nós, e não era a língua do P que a meninada falava. Tinha minhas próprias “causas”, que defendia e atacava os opressores das classes menos favorecidas. Tinha sonhos que achava que mudariam o mundo e acreditava que podia melhorar a humanidade de alguma forma. Meus pais me davam sermão dizendo que minha roupa era esquisita, que a moda “de hoje em dia” era besta e estranha, que homem não andava daquele jeito, queriam que eu usasse calça social e camisa e que penteasse meu cabelo de lado e não aquele “chumaço” pra cima e aquele “rabo” para traz. Diziam que minha música era só um “tum-Tcha-Tum” sem sentido e que não dava pra entender o que diziam que a música no tempo deles sim era boa, com violas e sanfonas e letras que contavam uma história do começo ao fim. Diziam que no tempo deles eles respeitavam os mais velhos, eram trabalhadores e responsáveis. Queriam que eu estudasse, que “fosse alguém”, queriam corrigir em mim os seus erros, o que eles não fizeram queriam que eu fizesse, o que não tiveram queriam que eu tivesse. Diziam que eu devia amá-los e valorizá-los porque um dia eles nãos estariam aqui e eu sentiria saudades. Queriam que eu entendesse cedo o que eles demoraram a entender em seus pais. Hoje, as músicas que os adolescentes ouvem são um “tum-Tum-Tum” sem sentido, as letras não fazem sentido, são deprimentes. As roupas que usam são estranhas, detesto “aquela cueca medonha pra fora da calça”. Homem não se veste assim. E os cabelos? Esse corte emo é medonho . Os adolescentes e jovens “hoje em dia” são arrogantes, não respeitam os professores e nem as pessoas. São respondões. No meu tempo era diferente. Nós respeitávamos as pessoas, a moda dos anos 80 sim era legal, as calças, os tênis, os cabelos. A gente começava a trabalhar cedo, dava valor ao esforço dos pais, aceitava conselhos, estudava com seriedade, não matava aulas... Srsrsr... Hoje aconselho meus filhos, a estudar, trabalhar com dedicação e seriedade. Quero que sejam alguém, que tenham profissões definidas e valorizadas. Aconselho a não fazerem tatuagens por mais “legal” que pareça na hora porque cedo ou tarde sem exceção nos arrependemos. Tudo que é legal hoje será careta e retrógrado um dia. Quero que eles amem e valorizem seus pais pois um dia não estaremos mais aqui e eles sentirão saudades. O que eu não tive quero que tenham, o que não fiz quero que façam. Quero muito corrigir neles os meus erros. Quero que eles entendam cedo o que eu demorei a entender em meus pais... Sei que um dia eles terão os mesmos sentimentos em relação a meus netos, um dia terão filhos que não os compreenderão e irão tentar passar os valores que demorei a aceitar de meus pais e lutei para passar a eles, e por sua vez demoraram a aceitar de mim. Vão dizer que no tempo deles era diferente, a moda era mais legal, as musicas eram construtivas, e que eles devem amar e valorizar seus pais pois um dia eles não estarão aqui e deixarão saudades.. Vão dizer que eles devem trabalhar e estudar com seriedade para serem alguém, terem profissão e serem valorizados . O que não tiveram vão querer que tenham, o que não fizeram vão querer que façam. Vão querer muito corrigir neles os seus erros e que entendam cedo o que eles demoraram a entender em seus pais... Assim caminha a humanidade. Assim é. Sinto saudades de meus pais e amo meus filhos. Acho que no final é isso, aprender e repassar. Crescer e ajudar a crescer... Ter e perder, ganhar e dar. Amo demais vocês, Tarsis Marques, Eladia Silvestri, e Gabriel Marques.
Posted on: Fri, 06 Sep 2013 13:43:04 +0000

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