Quando questionadas a respeito de suas lembranças de infância, a - TopicsExpress



          

Quando questionadas a respeito de suas lembranças de infância, a maioria das pessoas responde coisas relativamente comuns: brincadeiras com primos, traquinagens na escola, tombos de bicicleta, brinquedos que ganharam e adoravam, namoricos. As minhas lembranças de infância fogem um pouco do senso comum, como tudo na minha vida (Thanks God!). Por ser um tanto "piradona" (no bom sentido da palavra), minha mãe me ensinou a apreciar a sétima arte muito cedo. Desde muito pequena assistíamos aos clássicos do cinema juntas, de madrugada, no Corujão da Globo. Ao ver qualquer informação sobre Alfred Hitchcock, minha memória retorna instantaneamente às noites no escuro assistindo à The Birds, Psicose, Um corpo que cai. Comecei a ficar fanática por tudo isso e a decorar nomes de atores e diretores muito cedo e a ter também um gosto meio "excêntrico" pro negócio. Quando via a vinheta de algum filme na TV eu virava e perguntava: - É um clássico? - Sim, muito famoso por sinal. - respondia ela. - Famoso?! Quero assistir então! - Tudo bem, se você aguentar ficar acordada, assistimos... E eu ficava acordada, principalmente nas férias escolares. No dia seguinte conversávamos a respeito e ela perguntava o que eu tinha entendido do filme. Dias depois, outro, Psicose I, II ou III. - É um clássico?! - perguntava. - Sim, do mesmo diretor de The Birds. - Vou assistir então... E no dia seguinte a mesma coisa: conversávamos sobre o filme. Mas íamos além, falávamos da produção, da fotografia, do motivo de alguém filmar alguma coisa desse tipo, se realmente na vida real existiria uma pessoa como o personagem principal dos filmes... Os psicólogos e educadores e medíocres achariam e ACHAVAM um absurdo. Filme tem classificação indicativa, crianças não podem assistir a essas coisas, blá, blá, blá... Nunca dormi em uma aula por conta disso. Nunca tive pesadelos por conta disso, nunca fiz xixi na cama por conta disso. Sempre fui a melhor aluna de todas as séries que fiz. Hoje sou capaz de conversar sobre qualquer assunto com qualquer grupo de pessoas de qualquer faixa etária. Isso me dá flexibilidade de convivência. E quando as pessoas me olham pela primeira vez e dizem "parecia uma menininha chinfrim" como já ouvi em escritório renomado que trabalhei, sorrio por dentro e repito para mim mesma: "Aposto que em toda a sua panca não sabe quem é Hitchcock, Quentin Tarantino, Maria Callas". Isso tudo é muito inútil? Pode até ser. Mas é de grande valia para a profissão que escolhi exercer pelo resto da vida, quem sabe pelo resto da existência: a de ensinar. Não que eu saiba muito, não. Tem gana de conhecer tudo que está em minha volta, mas nessa vida não será possível. Ao comentar com alunos sobre um filme, vejo que os rostos, mesmos os mais desinteressados, voltam pra mim e perguntam: "Prô, ela morre no final"? Isso é mágico, mais mágico que as produções cinematográficas! Aos leigos, so sorry!
Posted on: Fri, 07 Jun 2013 21:46:37 +0000

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