ROMANTISMO PARA INTELIGENTES e DEFESA DOS ANIMAIS É ESTRANHO que os conservadores em termos ecológicos sempre acusem defensores das matas e dos animais, enfim, da vida na Terra, como sendo emocionais. Ora, é claro que são. Qual o problema? Será que ainda se pensa segundo a velha dicotomia carcomida razão versus paixão? Os ativistas dos direitos dos animais aprenderam a ter emoção, no sentido que damos a essa palavra hoje, como todos que são emocionais. Isso foi forjado pelo romantismo filosófico avant la lettre de Rousseau e pelo romantismo efetivo, literário, do século XIX. Por que não ser emocional? Por que acreditaríamos que uma visão unilateral, ou seja, só a versão do iluminismo progressista, que seria exclusivamente racionalista, poderia nos ajudar? Agora, há mais nisso. A defesa dos direitos dos animais não está seguindo um caminho do mero emocionalismo há muito tempo. Quando os que defendem animais barram uma pesquisa ou um teste, já barraram antes uma indústria, e esta já mudou seu comportamento. Muitos testes são desnecessários e as indústrias se modernizaram exatamente pela pressão desse romantismo! Esse é um fenômeno estudado por Marx: muitas vezes são os opositores (reformadores ou revolucionários ou simplesmente opositores conjunturais) do capitalismo que o fazem andar e se modernizar. Também nesse caso vem ocorrendo isso. A Bayer não faz mais testes em animais. Hoje, ela agradece a pressão que a fez mudar! Sua tecnologia deu um salto mais rápido por conta da pressão dos ativistas dos direitos dos animais. Agora, do ponto de vista ético, a ação de ativistas que salvam animais da morte, é uma ação mais que legítima. Qualquer sistema ético aplaude quem salva inocentes, e tem justificativas para tal. Assim, nesse patamar, no campo ético, a ação de ativistas dos direitos dos animais é uma ação racional, que pode até dispensar a emoção. Mas, não é necessário dispensá-la. No caso, ela não atrapalha, ela ajuda. Paulo Ghiraldelli, filósofo.
Posted on: Sat, 19 Oct 2013 12:53:54 +0000
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