Ressaibos de nostalgia Há pessoas, nas mais diversas - TopicsExpress



          

Ressaibos de nostalgia Há pessoas, nas mais diversas instituições, que fazem questão de cultivar uma arrogância e apego ao poder (diria mesmo, idolatria), que muitas vezes raia as fronteiras do irracional. Discípulos de uma cultura que ao longo de séculos marcou gerações e inoculou, até, no subconsciente social, estigmas de casta e de classe, esses senhores não conseguem demarcar-se da nostalgia de outras eras. Os privilégios e direitos adquiridos custam a largar, ainda que contingências e contextos inesperados ou da própria dinâmica da História, venham a abrogá-los ou a torná-los obsoletos e ultrapassados e, por isso mesmo, tanto mais impróprios de quem deveria comportar-se através de uma inteligência esclarecida. Gente que estuda tanto, lê muito, confronta ideias, que é iniciada na arte de avaliar… e que, afinal, se deixa seduzir pela doença perniciosa do solipsismo megalomaníaco. Chega a provocar aflição constatar o nervoso miudinho, por vezes histérico, estampado nos gestos e atitudes de gente que deveria converter-se a um tempo novo! Tempo que exige mais investimento no consenso, no diálogo, na colaboração, na partilha e delegação de tarefas, na corresponsabilidade, etc., em nome do respeito pelas competências de cada um e pelo efetivo reconhecimento e prática do princípio sagrado e genuinamente evangélico da igual dignidade. Há pessoas que, em nome dessa arrogância e sobranceria decadentes (que só eles não vêm), de que não querem ou não têm vontade em libertar-se, afastam os outros, humilhando-os, desautorizando-os, dispensando-os, ridicularizando-os, em nome de nada e de ninguém, para assim navegarem num populismo fácil e afirmarem um poder arbitrário, meramente pessoal que certamente não lhes foi confiado por “Quem” de direito. Prevalecem ainda, para pasmo de quem lê e medita nos princípios que fundamentam algumas das instituições mais honoráveis e credíveis, comportamentos que põem em causa esses princípios, os quais os visados deveriam preservar, defender e anunciar, mas, ao invés, negam com as suas práticas individualistas e atitudes individualistas e autoritárias. Cada vez mais se impõe, na sociedade em geral, mas, por maioria de razões (e por força da lógica intrínseca), em instituições como a Igreja, uma inequívoca clareza no diálogo, um apego indefetível à verdade, justiça, caridade; uma humildade sincera, a consideração e respeito pela dignidade do outro, o acolhimento das diferenças, a partilha de autoridade (sem resquícios de autoritarismo), de poder (sem subordinação) e de missão, em nome da afirmação necessária da complementaridade e do princípio da subsidiariedade. Não pode ter o futuro que se espera (o único e não outro) uma instituição que, como a Igreja, chamada a ser ícone da verdade que a fundamenta, se vê confrontada com disputas de poder, invejas, ciúmes, manifestações de arrogância que só alimentam desencanto e descrédito. Um dia o Senhor perguntar-nos á: - “Que fizeste do teu irmão?”. Bendita a hora em que apareceu na Igreja o dom de Deus concretizado no Papa Francisco! A Providência se encarregará de falar e ensinar por ele aquilo que urge aprender e ouvir. E ele tem vindo a ser um grande mestre, porque pratica aquilo que ensina, com inequívoca clareza e humildade, não fosse ele o “servo dos servos de Deus”!... Estou certo de que muitas coisas novas, soterradas por hábitos velhos, mesquinhos e caducos, haverão de ouvir e presenciar os que continuam a querer e a crer numa Igreja à medida do Evangelho de Jesus Cristo. Que oiçam e vejam também aqueles que resistem aos ventos da mudança e do “aggiornamento”. António Poças
Posted on: Fri, 20 Sep 2013 14:01:29 +0000

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