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SOBRE O PERSONALISMO EM POLÍTICA OU, EM QUAL CANDIDATO VOTAR NAS ELEIÇÕES PARA DIRETOR DO CAMPUS DE SENHOR DO BONFIM (gestão 2014-2018)? Por Antonio Leonan, um diálogo com Marcos Coimbra, da Carta Capital. À estudantada do IF Baiano - Campus Senhor do Bonfim. O texto abaixo fará um diálogo com o texto do Marcos Coimbra, escritor da Carta Capital, uma das revistas mais importantes da crítica político-econômica contemporânea no Brasil. Não deixem de ler, é um pouco “grande”, porém, importante!! Nos diz Coimbra: Um dos traços mais problemáticos de nossa cultura política reside no fato de a vasta maioria da população tender, nas escolhas eleitorais, a dar mais valor aos candidatos do que aos partidos. Nas pesquisas, quando se pergunta ao eleitor o que ele leva em consideração na hora de definir seu voto, mais de 80% costumam responder: “A pessoa do candidato”. Menos de 10% apontam o partido. Por mais extraordinário, o mais grave não são os números. Pior é vê-los como naturais. No Brasil, ninguém estranha o discurso da primazia da dimensão pessoal. Todos acreditam ser normal pensar assim. Não é. Ao contrário, é sintoma de subdesenvolvimento político. Nas democracias maduras, acontece o inverso. Nelas, não faz sentido achar secundário o partido ao qual pertence um candidato. Dá para imaginar um eleitor norte-americano não interessado em saber se um candidato, especialmente ao cargo de presidente, é democrata ou republicano? Que prefere fantasiar a respeito de sua “pessoa”? Atribuir importância decisiva a essa dimensão pessoal é pueril, para dizer o mínimo, até por ser impossível conhecer “no íntimo” os candidatos. Ou alguém se considera capaz de “conhecer” um candidato ou candidata depois de vê-lo ou vê-la de vez em quando na televisão? [Ou ministrando aula?] Como se sua imagem televisiva, construída por meio de alta tecnologia e altíssimos custos, fosse sua “essência”. [A essência não pode ser confundida com aparência, e essência e aparência, em termos de política, não são postas em termos de personalismos, mas sim em termos de projetos. Depois retomarei estas reflexões a partir das relações entre opressor e oprimido, para tentar pensar, no limite, possibilidades superadoras e elaborar uma posição sobre em quem votar nas eleições para Diretor do/no Campus de Bonfim. Voltando ao Coimbra...]. Quando o assunto é provocado em pesquisas qualitativas, vemos o esforço do eleitor comum para insistir na tese [aparência do candidato, personalismo]. Inventa a capacidade de enxergar a “verdade interior” dos candidatos, olhando-os “nos olhos”. Que “sente” quando pode confiar em alguém. Que consegue discernir as “pessoas de bem”. E assim escolhe... Por termos criado tantos partidos e estabelecido uma legislação tão instável a seu respeito, é compreensível que muitos eleitores fiquem confusos e procurem se refugiar no personalismo como critério. Por mais infantil que seja a argumentação. Agora, depois das manifestações de junho e sua ojeriza aos partidos, o personalismo encontra ambiente ainda mais propício. Aumentou em muito a proporção daqueles que partilham da velha ilusão de que a melhor maneira de escolher candidatos é procurar sua “alma”. Como se as campanhas fossem uma espécie de concurso de Miss Brasil, os candidatos e candidatas desfilam diante dos eleitores, que definem seu preferido ou preferida pelas virtudes exibidas: quem tem “os mais belos sentimentos”, quem é o “mais sincero ou sincera”, o “mais humano ou humana”, o portador da biografia mais bonita, o que “emociona mais”... e assim sucessivamente... O risco do personalismo em política ou a relação entre opressor e oprimido nas eleições para Diretor do/no Campus Senhor do Bonfim. Em nosso campus (pois me considero do campus Bonfim) ainda estamos acostumados a dar mais valor ao candidato do que a seu projeto político, à sua prática de gestão, a atual, real. Isto nada mais do que é uma das características do personalismo em política! O personalismo em política é a predominância dos valores individuais sobre os da coletividade na análise da cena política. Faço esta observação porque, se formos para a história de processos eleitorais em Bonfim, teremos sempre o personalismo definindo as eleições, e até mesmo nas indicações, em momento posterior, aos cargos de coordenação, bem como no acesso a diárias, e em todos os benefícios que recebem “os amigos do diretor”, esta dimensão personalista esta presente. Tais benefícios são construídos por meio das famosas “trocas de favores”, quer dizer, quando o oprimido se vincula ao opressor para ter vantagens, e assim, às vezes sem consciência (poucas às vezes), se coloca na posição de opressor, passando a oprimir o próprio colega de trabalho, de estudo... Vamos entender melhor como a relação oprimido–opressor se materializa no personalismo em nossas eleições para Diretor do Campus Bonfim. • Quem é o opressor e quem é o oprimido? • Quais são as posições políticas, científicas, pedagógicas e institucionais do opressor no campus de Senhor do Bonfim? • E as posições do oprimido? • Qual o lugar que estes ocupam no cenário das eleições atuais? • Seria possível ao oprimido superar a opressão? • Seria possível e oportuno ao opressor deixar de oprimir? Mas, pensando a partir da relações entre opressor e oprimido, não estaríamos também caindo no personalismo? Vamos pensar: na medida em que estou inserindo estas reflexões sobre o opressor e o oprimido não vem às nossas cabeças as imagens de quem seja o opressor e o oprimido? Dessa forma, não estaríamos, mais uma vez, pensonalizando um e outro, e não chegando à essência do problema necessário a ser entendido? Mas, qual a essência do problema? A essência do problema está nas condições reais e concretas que produzem a opressão, e, portanto, como desdobramento, produzem o opressor e o oprimido. Então vamos analisar: Quais são as condições reais, concretas (práticas), da opressão no campus de Senhor do Bonfim? Quais são as condições reais que produzem o opressor e o oprimido no Campus Bonfim? 1. Ausência de instâncias de discussão e decisão, com ampla participação da comunidade sobre os problemas e necessidades dos servidores e estudantes e do campus e da instituição em geral; 2. Centralização de poder nas decisões em sua totalidade; 3. Intransparência orçamentária e financeira – descrição dos gastos -, bem como ausência de debate sobre em que aplicar os recursos do campus; 4. Ausência de representação estudantil nas comissões que definem o futuro dos estudantes; 5. Ausência de projetos institucionais para médio e longo prazos no campus – o campus só possui projetos arquitetônicos, são as famigeradas obras que dão visibilidade em tempos de eleições, uma estratégia conservadora, repressora e, portanto, autoritária, herdeira do período da ditadura militar; 6. Assédio moral a servidores e estudantes do campus; 7. Criminalização de servidores técnicos do campus; 8. Ausência de incentivo à organização de espaços culturais, políticos, artísticos e científicos em geral para estudantes, em especial na educação superior; 9. Não apoio a iniciativas dos colegiados dos cursos superiores; 10. Transporte sem qualidade para os alunos do noturno; 11. Biblioteca precária; 12. Intransparência nas comunicações internas e externas que chegam ao campus; 13. Não retorno a documentos do colegiado com solicitação de professores e estudantes; 14. Intransparência nas diárias expedidas pelo campus – a “moeda de troca” da gestão; 15. Ausência de isonomia de valores entre os campi para os cargos de CD e FGs; 16. Ausência de equiparação e democratização da distribuição da carga horária docente de acordo ao campo de conhecimento do concurso ou de estudo de cada docente – isso supostamente terá um fim com a já aprovada normatização didática em reunião do conselho superior. Esta demanda é dos trabalhadores do IF Baiano; 17. Ausência de indicação de membros de comissão pelos pares; 18. As decisões sobre seleções e concursos são tomadas do gabinete do Diretor, tornando o trabalho acadêmico centralizado e incompatível com as demandas dos colegiados, tendo em vista que este deveria ser o espaço de decisão, bem como as reuniões deliberativas ampliadas; 19. Ausência de democratização de acesso aos espaços e informações no instituto e no campus; 20. Ausência de incentivo à pesquisa e extensão no campus, e quando há, inexiste isonomia entre os docentes; 21. Ausência de acessibilidade no campus; 22. Ausência de acompanhamento do Projeto Pedagógico dos cursos no Campus; 23. ... ... ... E quem representa este estado institucional na atualidade, quer dizer, quem são os opressores? E quem são os oprimidos que se colocam na posição de opressor quando apoiam o opressor em sua opressão? Mas, quem são os oprimidos que se colocam numa posição de luta contra a opressão, pensando sobre as condições que produzem a opressão como condição de superação da opressão? E qual seria a saída, então, para superar as condições de opressão? A saída para superar as condições de opressão está, portanto, na alteração das condições que produzem o opressor e o oprimido, e a superação de tais condições não passa por personalismos, mas sim por projetos políticos de gestão acadêmica e institucional, que envolve a gestão pedagógica (que trata do que fazer da prática educativa), a gestão científica (que trata do desenvolvimento da pesquisa, necessidades, objetos e fins), das instâncias de deliberação no campus, dos espaços públicos e culturais do campus, da extensão, das parcerias institucionais, dentre tantos outros aspectos. Só sairemos deste estágio institucional catastrófico se superarmos tais condições, portanto, se superarmos o projeto que dar vazão a tais condições, que é o projeto da atual direção do campus Senhor do Bonfim. Precisamos superá-lo!!! Precisamos avançar, em termos de projeto, para além do que temos. Nós nunca seremos uma instituição socialmente referenciada com um projeto de poder que impede a liberdade de expressão dos servidores e estudantes, os coagindo a assumirem posições opressoras, que impedem a livre iniciativa, a igualdade e a liberdade para criar, desenvolver, expandir para além dos muros da “fazenda” ou do” latifúndio”, que é a antiga/atual escola “agrotécnica”, hoje IF Baiano. Por isso, com todos os limites e contradições impostos pela realidade, estamos assumindo total apoio a candidatura do Prof. Marcos Custódio, almejando dias mais produtivos, espaços mais humanizados, processo de trabalhos mais efetivos, dialógicos, criativos, coletivos, mas de debates, de discordâncias, e de sínteses, em que os colegiados de todos os cursos, eu disse de todos os cursos, possam se desenvolver com autonomia para cuidar da gestão acadêmica do campus, descentralizando o poder e as ações. Tenho a plena certeza que se os estudantes elaborarem um documento compromisso (ou Termo de Acordo) e propuserem ao Professor Marcos Custódio, este não hesitará em ler, analisar, assumir posições, assinar e reconhecer o documento em cartório, pois estes expressarão as necessidades de uma comunidade. Se, posteriormente, tais ações assumidas não forem desenvolvidas (as possíveis dentro do período e do orçamento), será o momento dos estudantes se posicionarem e questionarem a gestão. Afirmo que eu e os vários colegas estaremos aí para garantir que as suas posições sejam expostas e ouvidas publicamente, o que abrirá uma terceira opção de candidatura em momento posterior, tornando cada vez mais democrático e desenvolvido o processo eleitoral em curso. Mas acredito que pela capacidade de diálogo do Prof. Marcos Custódio, respeito, e sempre assíduo nas ações de luta coletiva pela melhoria das condições de estudo e trabalho de todos nós, este se colocará numa posição de diálogo com as reivindicações dos estudantes. Estudantes!! Lembrem-se da prática, da história, não se atenham aos discursos, a prática é o critério de verdade, é ela que produz e dá sentido a vida, as ideias, os projetos, as ações, e as lutas. Mas, não uma prática imediata... Pensem nas práticas a médio e longo prazo. Peço uma chance a vocês para tentarmos alterar este estágio institucional que temos. Se não avançarmos, no mínimo, teremos alternado o poder de uma gestão que há 18 anos esta à frente de uma Instituição Federal (um absurdo), o que é inviável em termos de democracia e de construção do público no pensamento e na prática educacional. Um grande abraço saudoso. Prof. Leonan (De São Paulo, em estágio doutoral na UNESP, mas atento e preocupado com os acontecimentos na Bahia).
Posted on: Thu, 28 Nov 2013 06:37:53 +0000

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