Saem barriguinha lisa, bumbum redondo e celulite; entram em cena - TopicsExpress



          

Saem barriguinha lisa, bumbum redondo e celulite; entram em cena abdômen definido, glúteos “de pedra” e, às vezes, até um trapézio avantajado. Padrão de beleza em várias academias, o estilo musculoso nas mulheres ganhou evidência com o novo visual exibido por Joana Prado, a Feiticeira, na Casa dos Artistas do SBT. A hipertrofia (crescimento excessivo) muscular feminina entrou na berlinda levando a reboque debates que rondam as marombeiras de plantão. Entre temas como feminilidade e saúde, despontam o uso de bombas (homônios) e uma nova doença: o dismorfismo muscular, que se comporta como uma aorexia. Nas academias cariocas, por exemplo, os professores percebem a demanda intensa por esteróides (quase sempre hormônios masculinos e às vezes de crescimento) que, aliados a determinada dieta, têm efeito anabolizante (acúmulo de nutrientes). São as chamadas bombas. “Aparecem sempre adolescentes querendo tomar bomba. Quando vêem que somos contra, procuram outra academia. Perdemos vários alunos por causa disso”, conta o professor Flávio Letichevky, da GT Treinamento. Flávio calcula que conhece pelo menos 50 meninas que fazem uso de bomba. “Dá pra ver logo. O trapézio (músculo do pescoço) fica alto, a voz muda, o rosto incha e a garota ganha corpo rápido”, descreve o professor. Flávio diz que Joana Prado não é o melhor exemplo da geração de garotas que apreciam o jeito Schwarzenegger de ser. “Tem muitas mulheres mais fortes do que a Feiticeira. Tá na moda, todo mundo diz que é bonito, mas, às vezes, elas perdem a noção e exageram”, opina. O diretor da academia Heavy Duty, Jayme Rousso, concorda com a observação de Flávio de que, muitas vezes, há uma perda de parâmetros por parte de quem malha. “Isso acontece tanto com homens quanto com mulheres”, afirma. Rousso, um apreciador de mulheres musculosas, lamenta quando os praticantes de musculação já não consideram com bom senso a imagem no espelho e o vínculo com os halteres vira exagero. “Tem gente que já está com o braço enorme e fica dizendo que está fino, que precisa malhar, malhar, malhar. E não adianta dizer que o braço já está parecendo uma coxa. As mulheres entram numa paranóia de secar, de ficar sarada, sem gordura nem flacidez nenhuma”, diz. Relatos de gente que já é forte e que, por mais que fique musculosa, nunca está satisfeita lembram casos de anorexia — doença em que os pacientes chegam a morrer por perda de peso excessiva, já que, não importa o que a balança e o espelho digam, nunca se acham magros o suficiente. “O nome do distúrbio que acomete praticantes de musculação e fisiculturismo é dimorfismo muscular, reconhecido como doença por psiquiatras. Foi descrito por H. G. Pope, do Laboratório de Psiquiatria de Havard. Ele, que tem um estudo sobre imagem corporal e psicopatologia, define o problema como preocupação patológica com a muscularidade”, explica o médico Cláudio Gil Soares Araújo, especialista em medicina do exercício. Adeptas do corpo malhado, no entanto, chamam a atenção para o risco de preconceito contra quem adota um padrão de beleza diferente. “Adoro a Joana Prado e já estive com o corpo como o dela. Atualmente não estou mais forte, apesar de malhada”, diz a modelo e policial Marinara Costa, que, na época em que consumia 24 claras de ovo por dia, pesava 78 quilos com porcentagem de gordura de 8%, 23 quilos a mais do que hoje. “Faço questão de dizer que consegui isso sem usar esteróides”, enfatiza Marinara. Mas, além das bombas, as dietas de aminoácidos e os suplementos alimentares também são condenados pelos médicos. “Essa alimentação é prejudicial, traz problemas graves de rins, perda de cálcio e osteoporose”, adverte o nutrólogo Rogério Frossard, especialista em dieta e exercício. Mas o maior perigo está reservado para as bombas, que, entre outras conseqüências, causam câncer de fígado. Este é risco que cada vez mais leva mães ao consultório do médico pedindo para que desaconselhe as filhas a usarem esteróides. Há ainda quem malhe não pelo resultado em músculos, mas por prazer. “Comecei para sair de uma depressão e virou vício. Mas peço aos amigos para me avisarem se eu estiver passando dos limites”, preocupa-se a atriz Ísis de Oliveira.
Posted on: Mon, 30 Sep 2013 20:39:37 +0000

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