Saúde de verdade! por Dr. Paulo Fajolli Navarro O povo está nas - TopicsExpress



          

Saúde de verdade! por Dr. Paulo Fajolli Navarro O povo está nas ruas, o povo acordou, como diz um dos bordões entoados pelos manifestantes, e felizmente, também está tirando o sono dos nossos governantes, que com medo do levante popular começam a se mexer para resolver problemas históricos do nosso país. Um destes problemas apontados nas ruas é a saúde, que sofre com falta de hospitais, de leitos, de material hospitalar e de médicos. Para tentar acalmar os ânimos dos protestantes a presidenta Dilma Rousseff anunciou algumas medidas em várias áreas, para começar a resolver alguns dos problemas apontados. Na área da saúde ela destacou o plano de importar milhares de médicos, sem a necessidade de realizar do exame de revalidação do diploma (que atualmente é obrigatório), para atuar no interior do Brasil onde faltam médicos e na periferia de grandes cidades. Logo duas perguntas vem a mente; Será que essa é uma boa medida? Será que essa medida resolve o problema da saúde no país? Para começar a responder essas perguntas temos que começar com outra pergunta, qual é o real problema do SUS? Será que faltam médicos mesmo no Brasil? Nosso país conta com um contingente de aproximadamente 400 mil médicos na ativa, uma média de 1,9 -2 médicos para cada mil habitantes, a OMS (Organização mundial da saúde) recomenda um mínimo de 1 médico para cada mil habitantes, logo o problema do SUS não é o número de médicos. Porque então 400 cidades com menos de 10 mil habitantes não possuem ao menos um médico? O problema é estrutural, apesar de existir um número suficiente de médicos, estes estão concentrados nos grandes centros urbanos do país, Brasilia por exemplo apresenta 4 médicos para cada mil habitantes e São Paulo apresenta 3 médicos para cada habitante, enquanto isso alguma regiões do nordeste apresentam menos de 1 médico para mil habitantes. E o que leva a esse desequilíbrio? São muitos fatores que levam a essa concentração dos médicos, tudo começa na distribuição de faculdades de medicina e centros de especialização que oferecem vagas de residências que também estão concentradas nas grandes cidades. Além disso essas cidades oferecem pouca ou nenhuma estrutura para um atendimento básico e por último, muitas prefeituras pequenas não pagam os salários, ou oferecem contratos trabalhistas precários, sem direito a férias ou décimo terceiro, o que leva muitos médicos que tem vontade de irem para o interior, desistirem por conta dos riscos de ir trabalhar e não receber, ou não condições mínimas para cuidar das vidas de seus compatriotas. Voltando as perguntas iniciais, vemos que apesar de ser uma boa medida aparentemente, a importação de médicos não resolve os problemas de saúde do nosso país. Não existe fórmula mágica, se queremos um SUS de qualidade precisa investir no sistema, precisa construir Unidades básicas de saúde, hospitais, aumentar o número de Equipes de Saúde da família, suprir as unidades com os materiais mínimos para um atendimento médico, frequentemente em AMAs da cidade de São Paulo onde trabalho, não tem materiais elementares como seringa, gaze, jelco, e isso porque é a cidade mais rica do país. Uma ideia para ajudar a acabar com esse desequilíbrio na oferta de médicos é o estabelecimento do plano de carreira, nos moldes dos que existem para o judiciário, assim garantiria - se a presença de médicos no interior, e estes não correriam o risco de receber o calote das prefeituras. Essa proposta é reivindicada pelo CFM (conselho federal de medicina ). Para saber mais portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=23832 E você o que achou da proposta? Compartilhe sua opinião conosco!
Posted on: Thu, 27 Jun 2013 01:30:48 +0000

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