Sobre a questão do uso de animais em pesquisas científicas, - TopicsExpress



          

Sobre a questão do uso de animais em pesquisas científicas, antes de qualquer coisa, quero dizer que acho nobre, bastante digna e importante a preocupação que se tem em preservá-los do sofrimento. Portanto, me posiciono a favor do não uso de animais, principalmente porque a indústria farmacêutica traz consigo o gen do câncer, da depressão, da AIDS, dos transtornos de défit de atenção e hiperatividade e de tantas outras moléstias. Mais: traz consigo o gen do mau-caratismo mercantilista, e tantos outros ismos insólitos e cruéis que soam em consonância com a ideologia do capitalismo e do neoliberalismo. Lamentavelmente a Medicina passou a andar de mãos dadas com essa indústria. Entretanto, o sistema capitalista esta aí; o neoliberalismo também. A indústria, com seu modelo fordista, amparada pelo pragmatismo e tecnicismo está intimamente ligada à Ciência que, por sua vez, anda de mãos dadas com o suposto progresso do modelo positivista, e por aí vai num motocontínuo que se resume na velha máxima do lucro pra poucos. O drama é que, no passar dos séculos, Deus é substituído pela Ciência - esta que, para o senso comum, tem por primaz a Medicina, e por bispado a indústria farmacêutica. Em suma, a Medicina parece se apoiar em certos dogmas que conferem a ela um status de religião. Ela é intocável e inquestionável. Assim, todos nós usamos medicamentos e sequer questionamos a origem desses medicamentos; tampouco a etiologia de nossas moléstias... Mas eu comecei falando de animais, não é? Pois é... A questão que me instiga é exatamente essa: a maior parte dos tratamentos oferecidos pela Medicina atual se serve de medicamentos testados em animais; provavelmente, a Ciência já caminhou o bastante a ponto de dispensá-los, ainda que, se essa afirmação for verdadeira, ela só o será porque muitos animais já foram sacrificados em nome dessa mesma Ciência. Sei que entre os manifestantes que estão na militância pela causa animal há muita gente sincera que não se utiliza do artifício da medicalização convencional, então a pergunta: se um filho recém nascido de um desses militantes fosse diagnosticado com leucemia, por exemplo, qual seria a atitude desse pai? Se renderia à quimioterapia testada em animal? Ou ressignificaria a doença? Creio que a pergunta em questão seja importante para uma mudança real de paradigma, pois tenho certeza que a maioria dos defensores dos animais o fazem sem se dar conta que, na hora em que precisam, se rendem ao dogma instituído pela Medicina, pelo deus-médico, e sequer toleram uma febre ou a febre de um filho... E ainda dizem mas febre dá convulsão. A despeito das crenças religiosas e de uma discussão ética, talvez o mais importante seria aprofundarmos a reflexão e tratarmos de ressignificar nossas moléstias, nossas doenças, o sentido delas em nossas vidas e o sentido de nossas próprias vidas. Pensar um pouco mais em questões tanatológicas; pensar mais no sentido da morte como algo natural e procurarmos rever a etiologia dos males e as verdadeiras causas de nosso sofrimento. E, como fim último, mudar de fato o sentido que o dinheiro nos traz... Caso contrário, toda essa discussão será absolutamente estéril...
Posted on: Thu, 24 Oct 2013 02:18:47 +0000

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