Sobre lobão Texto de Juremir Machado e a minha réplica Juremir - TopicsExpress



          

Sobre lobão Texto de Juremir Machado e a minha réplica Juremir Machado da Silva (artigo publicado no Correio do Povo) MALA MANIFESTO Entrevistamos Lobão no “Esfera Pública”. Li o livro dele. É a coisa mais idiota de todos os tempos.Ganha um brinde quem souber citar, sem recorrer ao Google e sem ter de pensar muito qual é a grande contribuição de Lobão para a música brasileira. Qual a música do Lobão que alguém canta quando está feliz? Ou quando está triste? Ou quando sente saudade de casa? Ou quando quer mandar tudo para o inferno? Ou quando se sente no paraíso? Ganha outro brinde quem souber quem é Lobão. O artista vendeu 150 mil exemplares da sua autobiografia, que poderia resumir a uma linha: uma mala. Inegavelmente Lobão é bom de provocação barata. Ele está com novo livro na praça: ”Manifesto do Nada na Terra do Nunca”. O nada é assumidamente o alter-ego do autor. Yes. Bom malandro, ele tranformou a crítica em marketing pessoal de antecipação.” Quando aparece um ofendido que se acha no direito de vir me inquirindo com aquela famosa pergunta: “Quem é voce?” eu respondo: Eu sou o Nada, drogado, decadente, matricida, epilético, reacionário, roqueiro. E como Nada, eu vou contar para voces a história da Terra di Nunca, o Brasil-Peter Pan que se recusa a crescer. ”Pouco sei sobre a pertinência da maioria desses qualificativos em relação a Lobão. Fico com o Nada. Mas não por sentir ofendido ou por querer agredi-lo. Apenas como uma constatação. Eu também sou nada. Ou menos que nada. Gostei da sinceridade e da lucidez do autor nos capítulos “O Reacionário” e “Confesso a voces: Eu sou uma besta quadrada”. Pouco tenho contra os reacionários.Eu também sou um. E também uma boa besta.Retangular. Qual o problema então? Lobão dispara contra a Semana de Arte Moderna de 1922. Afirma que a “antropofagia” não passou de nacionalismo. Tem razão. Só que isso não é novidade. Mais banal ainda é dizer que a Semana de Arte Moderna moldou o pensamento e manifestações culturais brasileiras como tropicalismo. Lobão detona Roberto Carlos a quem chama de uma múmia “deprimida”. Pode ser. O único problema é que Lobão não serve para lustrar o mocassim dessa múmia responsável por dezenas de canções que povoam todo o imaginário brasileiro,algumas de extremo bom gosto. Num capítulo que parece ter sido escrito por um adolescente trancado no banheiro, ”VAmos assassinar a presidenta da República”, Lobão chama Dilma Rousseff de torturadora. O cérebro de Lobão é inescrutável. O texto dele consegue obscurecer tudo que aborda. O senso comum é a sua justificativa para tudo. Segundo Nada Lobão, os Racionais Mcs são o “braço armado do PT”, não duvido. O “escritor” garante ter lido do marxista Slavov Zizek a Olavo de Carvalho. A inspiração vem do último.Comotodo atirador amargurado.Lobão sente-se perseguido por aqueles que gostaria de silenciar. ”Quem ousa tecer algum comentário um pouco mais crítico sobre a realidade que nos rodeia acaba sofrendo violências morais e psicológicas, sempre no intuito de eliminar o interlocutor. É a verdadeira Terra do Nunca, onde nos recusamos a crescer”. Roqueiro reacionário não dá. Lobão quer detonar o “intelectual de esquerda” com bombas de clichês do coronelo Fustra, mas sem se assumir como mala direita. Sai do aramário, Lobão CARTA ABERTA A JUREMIR MACHADO Caro Juremir, depois de ler o seu ataque à minha pessoa na sua coluna no Jornal gaúcho “Correio do Povo,” fico obrigado a respondê-lo através dessa carta para maiores esclarecimentos,senão ao senhor,pelo menos aos seus leitores e a quem interessar possa. Vamos por ítens: 1- Já que começou ressaltando que fui entrevistado no seu programa “Esfera Pública”, poderia arrematar também que fui sumariamente retirado do ar. 2- Quando afirma peremptoriamente ter lido o livro, das duas, uma: Ou mente descaradamente, ou, se o leu (o que,nesse caso, é tão grave quanto), tem sérios problemas cognitivos ,ou pior ainda, um profundo desvio de caráter. 3- Recorrer a essa pouco enobrecedora mania de tentar despotencializar o meu discurso através de uma tática torpe em desfazer o meus méritos reais e dissimular ignorar a real importância da minha carreira musical chega a ser ingênuo e,com todo o respeito, de uma imbecilidade comprometedora. Se por acaso o senhor tem vivido aqui no Brasil nos últimos 30 anos sem perceber a minha presença no imaginário coletivo nacional nem a minha contribuição para a música popular brasileira, posso lhe refrescar a memória, muito embora, sendo bastante constragedor para qualquer pessoa que tenha um nível médio de informação e no seu caso específico, para um jornalista de razoável credibilidade, jactar-se de ignorar uma trajetória de um compositor que fêz canções como, Me Chama, Corações Psicodélicos, Essa Noite Não, Revanche, Noite e Dia, Vida Bandida, Vida Louca Vida, Rádio Blá, Chorando no Campo, A Vida é Doce, Canos Silenciosos, Por Tudo que For e outra tantas mais é assinar atestado de analfabetismo musical ou exibição de pura má fé. 4- Resumir “ em uma linha:uma mala” uma autobiografia de quase 600 páginas de indubitável complexidade é realmente lamentável para qualquer pessoa que honre sua dignidade pessoal quanto mais tendo a responsabildade de assinar uma coluna em um jornal de grande circulação. 5- Querer consubstacializar um significado próprio de “Nada” para mim “nadificar” é uma medida muito pouco inteligente para não dizer vulgar e preconceituosa. Está claro que o senhor fêz questão de dar umas pinceladas no texto e se ater à orelha e com isso ,se expôr ao vexame público, uma vês que o livro é um fenômeno editorial e contará com centenas de milhares de leitores atentos. 6- Acredito que seja um mal negócio para o senhor projetar a sua própria malandragem e seu “teto moral” de pouquíssima envergadura em quem, (e muito pelo contrário!) em momento algum usou desse expediente pouco recomendável,principalmente quando a própria malandragem é um dos alvos críticos do livro. 7- Se a carapuça de Nada no sentido de coisa alguma e dereacionário lhe servem, fique sabendo que a mim, não me servem de modo algum. No seu afã de querer aniquilar a validade do meu discurso, deixou de perceber a ironia do meu texto e com isso, escapar-lhe o real significado. 8- Reduzir toda a complexidade do meu ensaio sobre a antropofagia afirmando “não passar de nacionalismo”, ou ter moldado nosso pensamento é de um simplismo galopante. O último capítulo do livro é uma mergulho e uma invasão poética no Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade e uma abordagem, se não quiser constatar a habilidade literária, o humor e a pertinência, é,no mínimo, inédita na história da literatura brasileira. 9- Retomar viciosamente a maneira reducionista e simplória em adjetivar minha crítica como ataques pessoais ao Roberto Carlos é uma atitude tacanha e distorcedora do significado real do texto.Se teve tempo em reparar nas partes sardônicas,parece que se absteve de prestar atenção aos meus elogios e a minha constatação de que Roberto Carlos foi um herói na minha formação. Da mesma forma isso serve aos Racionais MCs, quando deixo claro minha admiração e sua influência em canções como El Desdichado 2. Mas isso não parece ser muito conveniente para a sua construção delirante de uma falsa realidade 10.-Outra coisa que gostaria muito de saber é aonde o senhor leu qualquer alusão que fosse da Dilma Roussef ser uma torturadora no livro. O senhor tomou um ácido? O capítulo em que cito a presidente é de um extremo cuidado em não condenar ninguém e mesmo sendo muito duro com a presidente e a Comissão Naciona da Verdade,em nenhum momento suponho sequer a Dilma ter sido uma torturadora e sim uma terrorista. 11-Se referir à minha pessoa como “Nada Lobão” ou “escritor” é de uma deselegância um tanto histérica e um desrespeito gratuito e grosseiro que só maculam sua credibilidade. 12-Gostaria de lembrar ao jornalista Juremir que reacionário seria aquele que, de forma irracional, iracunda e precipitada comete uma ejaculação precoce intelectual em cultivar o ódio através de seus incofessáveis recalques e impotências transformando-os em julgamentos desleais, desonestos e inverdadeiros. 13-E para finalizar, chego à conclusão que o senhor está exatamente no escopo do intelectual (óide) de esquerda de que tanto falo no livro, o tal campeão mundial de punheta de pau mole, e caiu em todas as armadilhas que os incautos e os malandros-agulha inevitavelmente caem. É como eu mesmo advirto em um dos versos do poema do prólogo: ”É subestimando o inimigo que se perdem as guerras e, desde já agradeço vossa desatenção”.
Posted on: Sat, 10 Aug 2013 20:52:53 +0000

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