Somos pelo Bairro Municipal de Viseu! A Câmara Municipal de - TopicsExpress



          

Somos pelo Bairro Municipal de Viseu! A Câmara Municipal de Viseu pretende demolir 100 fogos de cariz social da década de 40 do séc. XX e construir quatro blocos de habitação social de 3 andares com 56 apartamentos. Do espaço sobrante, loteará os terrenos e, fará negócio. Pretendemos salvaguardar este pedaço de cidade, já lamentavelmente «amputado» pelas demolições entretanto levadas a cabo. Os nossos argumentos são fundamentados em diversas opiniões recolhidas ao longo destes anos de «morte anunciada» do Bairro Municipal. O assunto ocupou cidadãos viseenses residentes, cidadãos viseenses e portugueses não residentes, e ainda cidadãos não nacionais que por aqui passaram ou ainda residem e em cujo espírito as características do bairro produziram profundas impressões existindo, entre uns e outros, alguns especialistas em património ou outras áreas relacionadas com o urbanismo. Para que nos entendamos, estamos a falar de pedaços da vida das pessoas e da cidade que essas pessoas habitam e de que deviam ser consideradas parte inalienável do património edificado e humano. Note-se que, embora pelas razões atrás expostas ela nos custasse sempre, entenderíamos esta demolição caso a nossa cidade se debatesse com sérios problemas de ordem demográfica e simultaneamente não houvesse possibilidade de expansão da urbe nas suas muitas outras frentes. Ora como se sabe, nenhuma destas condicionantes se verifica: é mesmo de temer que a população da cidade venha a decair, em virtude da situação que o país atravessa (aumento da imigração, refluxo da emigração, diminuição da natalidade) e também não é verdade que falte «espaço urbanizável» noutras frentes. Parece-nos, inclusive, que a quantidade de apartamentos nunca vendidos, no centro e nas várias periferias de Viseu aconselharia alguma prudência nesta fase. Estando o País a passar por uma crise social, famílias inteiras desempregadas, a entregar as casas à banca, não percebemos a política social deste executivo camarário. Com a demolição do Bairro Municipal a cidade de Viseu irá reduzir o parque habitacional social em 50 fogos. Por outro lado, não entendemos o argumento tantas vezes avançado por responsáveis autárquicos, segundo o qual manter a traça original do Bairro seria «um luxo» inaceitável para a vida urbana, dada a nova condição de centralidade do aglomerado, cujo ratio habitantes por quilómetro quadrado, pelos vistos, não justificaria a manutenção. E não entendemos o argumento porque nos parece que tais ratios ou contas nunca terão sido feitos noutros bairros de moradias – decerto estes não de habitação social - alguns deles tão ou até mais centrais que o Bairro em causa. Nem sequer é verdade que a manutenção do Bairro tenha de ser forçosamente dispendiosa para a cidade, embora estejamos de acordo quanto à urgência de obras de restauro/requalificação. ( Esta 1.ª fase da demolição do Bairro e construção de 19 apartamentos de habitação social irá custar 1.100.000€). Acreditamos que há soluções criativas de forma a optimizar recursos e a viabilizar, eventualmente, novos usos do Bairro, sem que este perca o carácter único e a sua vertente social. É possível arrendar, a preços justos, os fogos devolutos a famílias não numerosas, que são a maioria das actuais, a estudantes universitários, a seniores, desde que criadas as respectivas infra-estruturas. O que não entendemos, em suma, é que se proceda à demolição de um pedaço do tecido histórico da cidade, um dos raros testemunhos dignos desse nome, do século XX, significativo até quanto ao modo como a intervenção estatal concebia as formas de habitar das classes mais humildes, por certo bem diversa da dos actuais poderes, não devendo um regime democrático NUNCA temer este tipo de comparações, sob o risco de ser acusado de «tentativa de apagar a história». O que não entendemos é que se promova o desenraizamento dos actuais moradores forçando a sua «reintegração» em apartamentos de habitação social, fogos que – esses sim – NADA ACRESCENTAM à vida urbana dos viseenses, antes contribuem para a descaracterização da cidade. Afinal, o que está em causa é também a defesa de um modo de vida sustentável e harmonioso: uma vivenda com um pequeno jardim e um terreno de pequenas dimensões para horta. Quando observamos que nas médias e grandes cidades nacionais este modelo é cada vez mais apetecido e escolhido pelos cidadãos, quando possível, assistimos à sua destruição em Viseu. Perguntamos pois, em que medida a demolição de um bairro histórico de vivendas térreas unifamiliares, dotadas de jardins e quintais, caracterizado por um certo desafogo espacial de ruas e largos públicos, onde o tráfego não é intenso e se pode andar tranquilo para substituir tudo por mais uns tantos blocos de apartamentos se compagina com a aposta da autarquia na qualidade de vida dos cidadãos? Afinal, bem vistas as coisas, não foi decerto por causa dos blocos de apartamentos que Viseu mereceu a classificação de cidade do país com a melhor qualidade de vida, segundo a avaliação da DECO. Parece-nos antes que terá sido pelos espaços verdes, pelo desafogo das áreas públicas, critérios portanto opostos aos que são usados como argumentação para demolir o bairro. Cremos haver, da parte dos decisores, cultura urbana suficiente para que se entenda que uma cidade é um organismo vivo, feito de memórias, de referências, de características específicas em torno das quais os cidadãos criam o mínimo denominador comum necessário à vida de uma comunidade. Recentemente a Direcção Geral do Património Cultural, no seguimento do pedido de classificação do bairro, considera o Bairro Municipal de Viseu como património de interesse Municipal. É nossa firme convicção que, embora a curto prazo a manutenção do Bairro Municipal não seja um negócio lucrativo, a longo prazo podia tornar-se numa mais valia da cidade, para benefício não só dos seus moradores, mas de toda uma comunidade que nele se revê e que, tarde ou cedo, compreenderá que está diante de um daqueles dramáticos processos em que todos os erros, a serem cometidos, se tornarão irreversíveis e portanto imperdoáveis. Queremos travar a demolição do Bairro pelos meios legais ao nosso alcance pelas razões acima enunciadas e ainda porque não queremos de modo algum ser cúmplices do processo já em curso. Pelo menos ficará claro, para memória futura, que nos opusemos à decisão que – para bem de todos, esperamos - ainda possa ser revertida. Viva o Bairro! avaaz.org/po/petition/Travar_a_demolicao_do_Bairro_Municipal_de_Viseu/?coqNTdb%2C_blank
Posted on: Thu, 13 Jun 2013 17:20:49 +0000

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