Tenho visto com preocupação o discurso ingênuo de vários manifestantes em prol do enfraquecimento e extinção da organização político partidária em nosso país. Fazendo um contraponto sobre esta reação frágil ou tendenciosa do movimento, desde já reafirmo meu posicionamento contrário. Para isso é sempre bom lembrar um pouco de história dos partidos políticos no Brasil! No período imperial, a política brasileira girava em torno de dois partidos, ambos eram responsáveis pela sustentação e manutenção do Império e do regime escravocrata. O voto era rarefeito, hierárquico, baseado em critério censitário (Lei Saraiva, 1881), em eleições realizadas em dois turnos, com as assembleias paroquiais escolhendo os eleitores das províncias e estes escolhendo os representantes da nação e das províncias. O escasso conflito ideológico devia-se a que tanto conservadores como liberais pertenciam a mesma classe social, a dos proprietários, de bens e de escravos”. Primeiros Partidos Ideológicos no Brasil O início do século XX assistiu ao surgimento de correntes ideológicas extremistas em todo o mundo. No Brasil foram, principalmente, dois os partidos que concentraram essas ideologias. o Partido Comunista do Brasil (PCB): fundado em 1922. Partido de base comunista ligado a III Internacional Comunista. Seu principal líder foi o gaúcho Luís Carlos Prestes. O PCB foi responsável pela fracassada tentativa de Golpe de Estado com a Intentona Comunista de 1935 que ocasionou na prisão de seus principais líderes. Durante a Era Vargas o partido esteve a maior parte do tempo na ilegalidade. Após o Golpe de 1964, seus integrantes caíram na clandestinidade ou fugiram do país, mas muitos aderiram a grupos guerrilheiros. No início dos anos 1980, o partido retornou a legalidade, porém dividido em Partido Comunista Brasileiro (PCB) e Partido Comunista do Brasil (PC do B). A Proclamação da República fortaleceu o surgimento de partidos republicanos regionalizados. Cada um defendendo interesses de suas províncias. Neste período se destacaram os Partidos Republicanos de São Paulo e Minas Gerais que através da Política do Café-com-Leite se alternaram na presidência do país. A Revolução de 1930 pôs fim a essa política dando inicio a Era Vargas. A Proclamação da República fortaleceu os partidos Republicanos. o Partido Republicano (1870): fundado ainda durante o Império. Defendiam o fim da monarquia e a proclamação da República. Em questões sociais era conservador. o Partidos Republicanos nos Estados (1903): a República possibilitou o surgimento de uma série de partidos políticos republicanos nos estados brasileiros: PRP (São Paulo), PRR (Rio Grande do Sul), PRM (Minas Gerais), etc. Cada um tendo seu estatuto próprio. Este período ficou marcado pelo fortalecimento dos coronéis, com o poder sendo regionalizado. Com a ascensão do coronelismo e suas práticas, as eleições passaram a refletir o poder do caciquismo, sendo que a maioria delas resultava de manipulações ou de arranjos prévios feitos entre os chefes políticos de cada estado. Como eram os funcionários do governo que controlavam os procedimentos eleitorais e faziam a contagem dos votos, em cada estado brasileiro uma máquina política-eleitoral - composta pelo coronel, pelo cabo eleitoral e pelo curral eleitoral - foi montada com a função básica de garantir resultados satisfatórios ao grupo governante. Após o Golpe Civil Militar de 1964, os partidos políticos foram novamente proibidos. O Ato Institucional número 1 cassou os direitos civis de 100 pessoas, a maioria políticos, o que enfraqueceu em demasia a oposição ao novo regime imposto. Em 1966, com o lançamento do AI-2, foi instituído o Bipartidarismo, onde a situação se organizou em torno da ARENA e a oposição ingressou no MDB. O Aliança Libertadora Nacional (ARENA): fundado em 1966 como consequência do Golpe Militar de 1964. Reunia ex-integrantes da UDN, do PTN e do PSD. O partido era formado por setores conservadores da sociedade brasileira. Sua orientação ideológica era de extrema direita. Seus integrantes apoiavam a ditadura e faziam vista grossa à tortura. Com a abertura em 1979, o partido se dividiu em PDS (com o número 11, depois mudou de nome para PPB e depois para PP, como hoje é conhecido) e PFL (com o número 25, depois mudou de nome para DEM).PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL o Movimento Democrático Brasileiro (MDB): fundado em 1966 como consequência do Golpe Militar de 1964. Reunia ex-integrantes da PTB e de outros partidos contrários ao Golpe. O partido era formado por setores liberais da sociedade brasileira. Porém, eram poucos os representantes das classes operárias, já que a maioria havia sido cassada ou presa. O MDB era o único partido autorizado a fazer oposição ao regime. A existência de uma oposição dava ares de democracia à ditadura. Ufa! basta! Daí em diante, surge o PT, PSOL e PSTU com apoio da classe trabalhadora. Percebe-se então que o Brasil sempre apresentou um quadro instável do ponto de vista político partidário. Mas não podemos jamais negar diante de todo processo histórico uma evolução. Neste processo de amadurecimento partidário muita gente boa morreu ou foi exilada porque acreditavam num país melhor. Uma vez um filho da puta norte americano, aquele que lançou a moda do risco Brasil, falou uma coisa certa: O Brasil é um país excelente, com uma boa democracia, mas que deveria combater a corrupção, sendo este problema o principal responsável pela instabilidade, gerando riscos para os investidores estrangeiros. O quadro político brasileiro está muito ruim sim, e nós somos responsáveis por isso, por que sempre assinamos uma espécie de cheque em branco para nossos representantes. O problema então não está no partido. O problema somos nós, que nos escondemos em nossas prioridades. Somos individualistas, somos capitalistas selvagens, só nos preocupamos do portão para dentro de nossas casas. Não interagimos com nossos vizinhos para discutir os problemas de nossa rua, nosso bairro, para cobrar de nossos representantes melhorias. Meus caros o partido ainda é uma saída para organização política, assim como qualquer organização comunitária, basta para tanto que haja o seu fortalecimento, não em número, mas sim em qualidade. Ninguém pode negar a contribuição histórica que o PCB, PMDB, PT, e PCdoB deram ao Brasil. Já que estes viraram governo, é importante então que surjam novas agremiações para fiscalizá-los. Em suma, não adianta criticar tem que participar ativamente. Olha, tenho 44 anos e já vi e participei de vários atos, manifestações, movimentos e greves, estudantis e sindicais, mas não me lembro de ter visto e sentido este clima de tensão e instabilidade política. E agora? vem o que? quem vai nos representar? PT, PCdoB, PSOL ou o retorno noscivo do DEM ou PSDB? ou o atraso dos militares? Seja quem for uma coisa é certa: Devemos sempre manter esta instabilidades política, pois só assim, indo às ruas, exigindo, cobrando de nossos representantes, é que vamos melhorar este país.
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 03:26:48 +0000