UM BREVE RELATO DO QUE É SAIR DE CASA COM UM BEBÊ: Você tem - TopicsExpress



          

UM BREVE RELATO DO QUE É SAIR DE CASA COM UM BEBÊ: Você tem um compromisso no pediatra às 13h. Sim, no pediatra, porque mãe de bebê (até certa idade) só sai de casa para ir ao pediatra ou ao banco, quando o internet banking não resolve o problema. Fora isso, é tudo on-line (bendita internet) ou por telefone. Mas vamos lá… o compromisso é às 13h. Lá por 9h da manhã você já começa a ficar ansiosa, pensando em tudo que não pode esquecer e revendo toda a rotina do bebê para não se perder nos horários. Às 10h você jura que vai tomar um banho, para não sair com aquela cara de sobrevivente de uma tragédia, e passar um batom na cara. Na verdade, o máximo que você consegue fazer é jogar uma água no rosto e escovar os dentes, porque o docinho de coco que estava até então quietinho no bercinho resolveu que lá tem espinho e dá choque e que não quer mais ficar por lá, mas ir para a cadeirinha vibratória que está na sala, depois para o chão, na sequência para cima das costas do cachorro, em seguida para dentro do armário da cozinha e assim por diante... Nisso, já se passaram duas horas e são 11 da manhã. Então você decide que está na hora de fazer o pequeno comer, rápido, rápido, rápido porque você ainda tem que enfrentar um trânsito do cão e não perder o horário da consulta. Mas seu pequeno sente aquela vibração “rápido, rápido, rápido” que exalava de você e resolve mamar na função slow motion. Para ser mais sincera, stop motion. Tudo bem, você respira fundo, repete o mantra “não vou me irritar, não vou me irritar”e descansa placidamente sua cabeça na poltrona de amamentação para tirar uma soneca. Dois segundos depois, é acordada com um jato de leite que atinge mamãe e bebê com o poder de um mini tsunami. Ou, nou!!! Trocar a sua roupa e a do bebê não estava nos seus planos até esse momento, mas tudo bem, faz parte. Você troca a roupa do bebê, coloca nele uma das roupinhas mais lindas que ele tem, penteia o cabelo, passa uma colônia e coloca um sapatinho super fofo. Já você, troca no máximo a blusa (na calça só respingou, vai assim mesmo), prende o cabelo todo massarocado, esquece de passar até desodorante e quase sai de chinelos. Mas tudo bem, estão prontos para sair. Ufa. Agora vem o segundo estágio da aventura. Chegar da casa até o carro. Parece super simples para quem olha de fora né, mas não é. Acompanhe comigo: Você e bebê estão prontos. Ele lindo e sorridente. Você totalmente acabada e super, hiper, ultra mal humorada. Você coloca o bebê no carrinho, atravessa num ombro a bolsa de passeio do bebê, que pesa algo próximo a duas toneladas, e pendura no outro a sua própria, que se resume a uma extensão da dele. Quando está tudo no seus devidos lugares e você com a chave na mão, o pior acontece: o coisinha linda faz cocô e você tem que largar tudo, tirá-lo do carrinho e retornar ao estágio anterior. Claro que não poderia ser um mero cocozinho. Claro que o pequeno tinha que fazer um estrago daqueles e você ser obrigada a trocar fralda, body, calça, tudo. Nisso você perde mais uns 15 minutos e sai de casa mais atordoada ainda. Lá está você na posição anterior: bolsa do bebê num ombro, sua bolsa no outro, carrinho do bebê em uma mão (com este dentro, por sorte dessa vez ele foi para o carrinho sem encenar o show dos horrores) e na outra um terno e uma caixa de ferramentas. Sim, um terno e uma caixa de ferramentas, pois seu marido ainda faz o favor de pedir para você passar na lavanderia para deixar o seu uniforme de executivo para lavar e devolver para o seu sogro a caixa de ferramentas que ele pegou emprestada no inverno de 2008. Assim, lá vai você dirigindo um carrinho com rodas dianteiras que giram 360 graus com apenas uma das mãos e arrancando a pintura de todas as paredes do condomínio (e rezando para as câmeras não registrarem muita coisa). Mais uma etapa cumprida. Eeeee! Você chega até o carro. Agora vem aquela parte ótima na qual você tem que desprender o bebê conforto do carrinho para colocá-lo no carro. No que você levanta o bebê conforto com o bebê dentro você tem certeza que fez pipi na calça toda tamanha a força para carregar aquele trambolho com um pacote de quase 10kg dentro (e começa também a questionar a sua escolha por parto normal, com certeza). Uns 20 segundos depois, claro que depois do bebê já estar presinho no bebê conforto e querendo arrancar o protetor solar da janela, você percebe que deixou lá em cima a chupeta do pequeno. I M P O S S Í V E L sair de casa sem chupeta. No chance! Você olha para os lados, cogita deixar o bebê ali dentro e subir correndinho para pegar a chupeta, mas já começa a imaginar o elevador quebrando, você ficando presa, o bebê ficando preso, você sendo acusada de abandono de incapaz e por aí vai. Não tem jeito. Você solta o bebê do bebê conforto, pega ele no colo e faz todo o caminho de volta. Pega a chupeta, desce de novo, prende o bebê de novo e aí sim está pronta para sair. Você entra no carro, reza dois Pai Nosso e duas Ave Maria porque chegou até aqui, coloca a chave na ignição e segue para o destino. Claro que já atrasada no minimo meia hora, suada até o último pelo do seu corpo e jurando que na semana seguinte contratará uma babá. Nisso, pelo menos (Deus existe!), seu pequeno pega no sono e dorme placidamente todo o caminho. E você fica olhando pelo espelho retrovisor e vendo a carinha dele refletida no espelho de segurança que está fixo no banco de trás. Você olha para o bebê, o Elmo que está fixo no espelho de segurança olha de volta para você. Tudo lindo, como em comercial de margarina. Aí você sorri em silêncio e canta mentalmente uma daquelas malditas músicas da galinha pintadinha que não saem mais da sua cabeça e esquece todo o perrengue que acaba de viver. Ou pelo menos até a próxima saída. Por Shirley Hilgert - macetesdemae
Posted on: Wed, 13 Nov 2013 13:00:01 +0000

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