Um dos melhores textos que li ultimamente. "Um dos traços mais - TopicsExpress



          

Um dos melhores textos que li ultimamente. "Um dos traços mais distintos do homem do último século, que ainda não foi corrigido em nada neste, é que se acostumou com o rápido avanço tecnológico, de coisas que não existiam ontem e causam quase uma pequena revolução de hábitos hoje, e trata todo esse avanço como algo NATURAL. O homem da sociedade massificada, que Ortega y Gasset (leiam, leiam, pelamordedeus LEIAM) diagnosticou como "homem-massa", é o homem cujos apetites crescem na mesma velocidade em que o mundo hiperpopuloso lhe garante mais objetos que merecem sua admiração. Por outro lado, é o homem do prazer, e não do dever: só conhece o "eu quero" sem o "eu devo", e por tratar as coisas do mundo, fruto do trabalho de alguém, como algo NATURAL, crê que todos lhe devem alguma coisa sem que ele deva nada a ninguém, sendo o primeiro "homem reivindicatório" que constitui todas as massas (políticas, esportivas etc) do mundo moderno. Desconhecendo todo o processo de trabalho e investimento que gera um carro, um iPhone, a música de uma orquestra, uma fazenda produtiva ou um sistema político decente, supõe que essas coisas são "naturais" e "automáticas", que os carros e iPhones nascem de uma árvore à qual apenas ele não teve acesso, e que tudo, no estado natural, é perfeito, só sendo corrompido pelos que ele considera homens maus e corrompidos. Desse desconhecimento e desse apetite voraz, surge uma infinita ingratidão com o próprio modelo que lhe garantiu tantas vantagens que os mais ricos da humanidade um século antes dele não poderiam sonhar em possuir. Tratando esse sistema como o "corrompido" que não permite que todos os seus apetites sejam satisfeitos imediatamente, e visando apenas o seu prazer, considera-o injusto, desigual e concentrador, sem perceber que o natural da humanidade é justamente ser desigual e concentradora e sem perceber que sua noção de "justiça" é tomar á força o trabalho dos outros, para o qual ele contribuiu absolutamente zero (a depender do homem-massa que só reivindica, ainda estaríamos com tacapes buscando mulheres nas cavernas). No belo dizer de Ortega, "como não vêem nas vantagens da civilização um invento e construção prodigiosos, que só com grandes esforços e cautelas se pode sustentar, crêem que seu papel se reduz a exigi-las peremptoriamente, como se fossem direitos nativos. Nos motins que a escassez provoca soem as massas populares buscar pão, e o meio que empregam sói ser destruir as padarias." (qualquer semelhança com a realidade é fruto de estudo) Isso não se dá apenas com a economia. Franz Oppenheimer já diferenciou dois sistemas de aquisição de riqueza: criá-la (como transformar a terra incomível em alimento), que é o modo econômico, e tomá-la dos outros (roubando as frutas que o seu vizinho plantou e você não), que é o modo político. Na prática, é mais difícil do que parece diferenciar o que um político faz com impostos e o que um ladrão faz. Isso também se dá com a cultura. Não deixa de ser impressionante que o Ocidente pôde prosperar justamente por se auto-questionar e permitir opiniões divergentes o tempo todo. Exatamente por isso, alguém toma uma opinião divergente e, por não estar com o poder total e absoluto em suas mãos, crê que o Ocidente é o mal em si, por não ter-lhe dado poder sobre toda a população, que seria muito melhor conduzida através de suas excelentes intenções. Tal é o motivo de modismos platiformes como o feminismo, o movimento negro ou o movimento gay vociferarem tanto contra o Ocidente. Nenhuma sociedade jamais tratou as mulheres de maneira melhor, nenhum país permitiu que os negros não-políticos fossem tão ricos quanto os mais capitalistas do mundo, em nenhum outro canto do globo os gays têm tantos direitos. Todavia, aqui estão todos unidos, contra o "sistema", exigindo direitos específicos que nem o restante da população tem, por "compensação histórica" de ser o Ocidente, afinal, o mal do mundo. Todos querem seus 20 centavos. Os 20 centavos que os outros criaram, e que não existiriam sem alguém ter feito todo o trabalho e apenas cobrado uns centavos no fim do processo em troca do usufruto das massas." Flavio Morgenstern
Posted on: Sun, 11 Aug 2013 05:49:41 +0000

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