Um eu de mim abraçado, Sigo-te pelo perfume que os teus passos - TopicsExpress



          

Um eu de mim abraçado, Sigo-te pelo perfume que os teus passos deixam ao passares. Sigo-te pelas palavras que os teus olhos dizem quando me olhas sem me veres. Sigo-te pela voz que oiço das palavras que não pronunciamos. Alimento-me nos sonhos invisíveis e secretos que me embrulham. Enlouqueço-me neste fim de tarde na espera que, visível me reconheças. Sinto-me escondido do mundo desassociado de ti. Presença estranha e recôndita de um presságio sem anúncio. Idealizo mil momentos, frases, gestos, olhares, sons, sorrisos, nasceres de sol, luares exclusivos, montanhas de riachos cristalinos, mares revoltos, sedução da natureza passeando à minha frente envaidecida e gloriosa, pedaços de neve, gentes de luz, invasão de nós, pronúncia e línguas desenfreadas nos nossos beijos. Sentado sob esta ilusão, espero que repares em mim sentado no areal, como se de mim, saíssem labaredas em sinal de presença, fogo e marcas de vida que não vês. Cada vez mais azul o mar distancia-se na maré vaza. Na espuma branca balançam-se gaivotas que eu invejo no seu baloiço. Já quis ser gaivota, céu, nevoeiro e até morte. Mas sou vida. Vida que questiono, vida a que pergunto e não responde. Já sobem as madrugadas rua acima, quando os meus pés moídos de mil pensamentos se descalçam e descansam. Do outro lado do mundo anoitece, e a vil esperança mantêm-se inalterada e destrançada, sem movimento e inerte, nesta erva plantada de árvores onde me espreguicei no cansaço de não querer mais, querer-me. Esta vida a sós é desistência. Desistência no sentido de uma não existência. De não existir. Resistência de não ser existente enquanto desistente. Continuo com os ombros carregados de mundo. De mundo denso de esforço. Do peso do recomeço e do medo de não reparares que sou ..........… igualmente perfume e palavras.
Posted on: Wed, 18 Sep 2013 23:44:01 +0000

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