VAIAR PODE! Criativo o brasileiro, deu status de cidadania a um - TopicsExpress



          

VAIAR PODE! Criativo o brasileiro, deu status de cidadania a um ato considerado por muitos como grosseiro: a vaia. A prática, própria dos espetáculos, se adequa ao cenário político, se este for entendido como teatrealização do jogo pelo poder. A vaia é reprovação. É protesto. É maneira enfática de sinalizar que a rota tem que ser alterada, a conduta refletida e modificada. Funciona como remédio para desentupir os moucos ouvidos de políticos que se esquecem de onde deriva o poder a eles delegado. A vaia rompe o espírito cordial do brasileiro. Cordialidade, no dizer de Sérgio Buarque, o pai do Chico, herdada da colonização lusitana. Temperamento que favorece o patrimonialismo (confundir o público com o privado). Na enxurrada de manifestações que varreram várias cidades brasileiras, a presidente Dilma inaugurou a série. Foi vaiada na abertura da Copa das Confederações em rede nacional de televisão. O receio de um segundo constrangimento, ao que tudo indica, foi o motivo da ausência dela na final do torneio no Maracanã. A medida, contudo, não a poupou, na semana passada, de receber outra saraivada de vaias dos prefeitos, em Brasília. O medo de ser vaiado também abateu autoridades no Amazonas. Às vésperas do festival folclórico de Parintins, o governador Omar Aziz cancelou a reinauguração do Bumbódromo. Havia rumores de que o coro de apupos (vaias) já estava preparado com direito à coreografia para saudar o ilustre visitante. No aniversário da Princesinha do Solimões, à meia noite de segunda-feira, o agraciado com uma fervorosa vaia foi o prefeito. O público do parque do Ingá, a maioria jovens, mandou um recado. Se vai ser assimilado e corrigir rumos, só o tempo e as práticas dirão. É a segunda vez que o mandatário é alvo desse tipo de reprovação. Na primeira, reagiu mal. Em janeiro de 2005, na formatura de uma turma de Educação Física, para o qual foi sem ter sido convidado pelos acadêmicos, ele também foi vaiado. O evento ocorreu no galpão da Ciranda Flor Matizada. Ao pegar o microfone, o recém-empossado passou a atacar o antecessor, que estava sentado ao lado dele e que era o paraninfo da turma. Não deu outra. Os formandos de pé lascaram-lhe uma tremenda vaia. Coincidência ou não, depois desse episódio, os convênios com a Ufam não foram renovados, e a consolidação de um campus no município enterrada. A ironia do destino é que os autores das vaias da última segunda-feira, conscientes ou não desse fato, foram os maiores prejudicados pelo abandono do projeto de instalação da Ufam em Manacapuru há oito anos. via- aristide furtado
Posted on: Wed, 17 Jul 2013 12:31:31 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015