VOCÊ SABIA...que, no dia 16 de novembro de 1.897, foi inaugurado o Theatro Carlos Gomes? Foi o segundo maior teatro do Brasil. O primeiro era o Theatro Amazonas, de Manaus. O de São Paulo teve a sua construção iniciada em 1.903. A iniciativa de sua construção coube ao “Rei do Café”, Cel. Francisco Schmidt, o qual, na condição de vereador à Câmara Municipal, em requerimento datado de 26 de dezembro de 1.895, solicitou o uso do terreno fronteiriço à estão Igreja Matriz ( que era edificada onde hoje é a Fonte Luminosa da Praça XV). Outorgada a permissão, ele coordenou um consórcio constituído, entre outros, pelos fazendeiros Joaquim da Silva Gusmão, Francisco Augusto Sacramento, Virgílio da Fonseca Nogueira e Luis Pereira Barreto. A maior contribuição financeira para essa construção, sem a qual o teatro não seria concluído, foi feita pelo próprio Cel. Francisco Schmidt, que acabou doando a sua parte para a Câmara Municipal. O projeto foi assinado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, o qual, dez anos depois, faria o projeto do Theatro Municipal de São Paulo. O estilo era o neoclássico, de influência italiana. O seu espaço interno foi inspirado nos modelos italianos, especialmente na obra do francês Charles Garnier (1825-1898), para o Teatro de Ópera, em Paris, que recebeu o seu nome. Sua platéia, em forma oval, com capacidade para 400 lugares, era circundada por frisas de veludo e as cadeiras tinham o estilo Luiz XV. A galeria tinha 200 lugares. O pavimento superior abrigava o “foyer” e, acima deste, um grande salão para recepções e bailes. A construção, de nacional, só tinha os tijolos. As escadarias eram de mármore de Carrara, os candelabros de bronze eram alemães, as madeiras, pinho de Riga, importadas da Rússia, as portas lavradas e os materiais de proscênio e da ribalta eram europeus, assim como os vitrais italianos e telhas ( ardósias) francesas. Abrigava, ainda, um grande lustre central de cristais de Murano( Veneza). As calhas, os condutores de água e os rufos foram executados em bronze alemão. Na ocasião da inauguração, foi apresentada a ópera “O Guarany”, de Carlos Gomes, pela Companhia Lyrica Italiana, sob a direção de C.F. de Mattia e tendo como Maestro Diretor de Orquestra o Cav. Eduardo Rocalari. Durante a sua existência, o Theatro Carlos Gomes foi palco de apresentações de teatro, óperas, sessões cinematográficas, conferências. Teve o seu período áureo, tendo sido inclusive arrendado por François Cassoulet, vindo, no entanto, a entrar em decadência, principalmente na década de 30, após a construção do Theatro Pedro II. Já na posse, em sua totalidade, da Prefeitura Municipal, acabou sendo demolido em 2 de maio de 1.944. A razão dessa demolição ainda não foi suficientemente esclarecida. Bem é possível que a construção estaria deteriorada, até com perigo de desabamento, sendo que a sua restauração seria por demais onerosa para os cofres públicos. Outra versão é a de que a atitude foi política, objetivando apagar a imagem pública do Cel. Francisco Schmidt, que falecera 20 anos antes. De qualquer forma, claro que faltou ao administrador de plantão o espírito preservacionista da memória e que, eventualmente, alí pudesse ser instalado o Museu Histórico da Cidade e o do Café. Em seu lugar, foi construído o terminal de ônibus circular urbano, que seria a necessidade premente do momento. Nos dias atuais, a área foi urbanizada como praça, restando a nostalgia de um tempo glorioso...
Posted on: Sat, 16 Nov 2013 09:38:47 +0000
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