Vi tantas publicações e comentários sobre a greve dos funcionários da Santa Casa esta semana, que fiquei pensando e resolvi publicar este texto. Ficou um pouco extenso, mas peço que leiam até o final, pois é do interesse de todos. Sei que existe um grupo se formando na cidade, com muita vontade fazer algo pela nossa sociedade. E várias pessoas significam várias ideias e, por mais divergência que haja, o objetivo será sempre o mesmo. O sonho de viver em um mundo melhor. Ouçam todas as ideias, analisem, discutam, mas não percam o foco. Não sou contra a greve. Todos têm direito de lutar por seus interesses. Cada um luta do jeito que sabe e com as armas que tem. E todo aquele que luta por justiça, seja diretamente ou simplesmente por meio de apoio, é digno de admiração. No entanto, estamos precisando urgentemente de uma mudança de mentalidade. Não dá mais para ser cada um por si. Temos sim que lutar, agora mais que nunca, mas temos que lutar pela coletividade, lutar por melhorias que favoreçam toda população e não unicamente um pequeno grupo de trabalhadores. Uma greve resolve apenas momentaneamente o problema de uma única classe, além de, querendo ou não prejudicar a população. Se refletirmos um pouco sobre as greves, veremos que é uma luta quase que ilusória. Para explicar melhor o que estou querendo dizer vou citar como exemplo o professorado. Desde que me conheço por gente ouço falar em greve de professores por melhoria de salário. Quantas vezes aqui mesmo na cidade ficamos sem aula nas escolas por causa de greves. Décadas se passaram e o professor continua ganhando pouco. Agora pergunto, por que isso acontece? Funciona mais ou menos assim: Os professores paralisam as atividades para forçar o governo a aumentar o salário, os alunos ficam sem aula sendo assim prejudicados. O governo, que não está nem aí com o povo, oferece bem menos que o reivindicado, os professores não sedem e os alunos ficam mais tempo sem aula. Várias negociações são feitas e muita pressão por parte do sistema que é bem mais forte que uma única classe de trabalhadores, força os grevistas a cederem aceitando assim o pouco que lhes foi oferecido. Tudo volta ao normal, alunos voltam às salas de aula e os professores embora não muito satisfeitos acabam tendo que se contentar. Aí vem a inflação e NHAC! Num piscar de olhos come o pouco que conseguiram, transformando assim, toda luta quase que, em vão. Quase porque nenhuma luta é totalmente em vão. Mesmo uma nação que perde uma guerra ganha alguma coisa pelo simples fato de ter lutado. Conclusão: Professores frustrados, desmotivados e alunos prejudicados, melhor dizendo, toda uma sociedade prejudicada, já que a educação é a base de tudo. Enquanto isso a educação no país está cada vez pior. Faltam escolas, materiais didáticos, melhores estruturas, modernizações, qualidade no ensino, aplicação de novas disciplinas, como educação moral e cívica, com aulas sobre política, cidadania, etc. E falta também, talvez o mais importante, a valorização do professor. Valorização que eu digo, no sentido de respeito. O professor precisa ser respeitado. O que esperar de um País que não respeita o qual em minha opinião é o profissional mais importante? Esse profissional não é respeitado, nem pelo aluno, nem pelos pais e muitas vezes nem por seus superiores, digo isto porque muitas vezes em conflitos entre professores e alunos, vi a escola tomar partido contra o professor. Agora, se ao invés de fazer greve para defender interesses próprios, lutassem pelas melhorias necessárias, onde toda sociedade seria beneficiada, acredito que não teríamos chegado neste ponto de declínio educacional. O sistema é mais forte do que o professorado, mas não teria tanta força contra a união dos professores, pais e alunos. Isto acontece em todos os setores. É daí que vem a desmotivação dos profissionais de todas as áreas. Na área da saúde é a mesma coisa. Se olharmos as condições precárias que esses profissionais trabalham, onde faltam hospitais, leitos, remédios, os equipamentos para realizar exames em condições precárias e em quantidade insuficiente para atender o grande número de pacientes e outros milhares de problemas que todo mundo está cansado de saber, dá pra entender porque encontramos um número cada vez maior de profissionais sem a mínima vontade de atender a população (entender, não aceitar). E na área de segurança pública, onde os policiais que além do baixo salário e da falta de reconhecimento, trabalham todos os dias sem a mínima condição de segurança. Colocam suas vidas e a de suas famílias em risco, capturando marginais que na grande maioria das vezes são colocados de volta às ruas no mesmo dia por um sistema judiciário defasado que só serve para defender bandido. Agora me responde, onde encontrar forças, para defender um povo que cada vez mais o despreza, prendendo criminosos que no momento seguinte estarão livres para se vingar? Por isso digo, precisamos mudar a linha de pensamento, deixando o egoísmo de lado e nos unindo para o bem de todos. Imaginem se tivéssemos serviços públicos de qualidade, se tivéssemos um sistema que não nos obrigasse a gastar tanto dinheiro em coisas que já foram muito bem pagas através dos altos impostos, como por exemplo, uma educação pública de qualidade. Quanto economizaríamos por ano não tendo que recorrer às escolas particulares. Quanto economizaríamos por ano, se tivéssemos uma saúde pública de qualidade, não tendo que recorrer aos planos de saúde que, aliás, nem deveriam existir. Todo cidadão sendo ele rico ou pobre, deveria receber o mesmo serviço de saúde e de ótima qualidade mantido pelo governo e serem tratados com igualdade, sem que se faça diferença por causa de sua cor e classe social, afinal somos todos seres humanos, pagadores de impostos e temos o mesmo direito. Quanto economizaríamos se tivéssemos um serviço de segurança pública eficaz, onde não fossemos obrigados a recorrer aos mais variados recursos para tentar muitas vezes em vão nos proteger, fazendo seguros de carro, residência, de vida. Temos que gastar com alarmes, cercas elétricas, travas, erguemos nossos muros. Quando saímos, gastamos com estacionamentos para termos a garantia de encontrarmos nossos veículos ao voltarmos. E quantos cidadãos brasileiros chegam em casa cansados depois de um longo dia de trabalho e descobrem que tiveram sua casa invadida, e todos os seus pertences furtados, coisas que levaram anos para serem conquistadas. Quanto dinheiro é gasto para se recuperar tudo novamente. Isso quando levam coisas que podem ser recuperadas, muitas vezes levam A VIDA. Imaginem como seria bem melhor nossa qualidade de vida, mesmo sem um centavo de aumento salarial. Todos sabem qual é a principal causa dos problemas do nosso País, e com certeza não é falta de dinheiro. A alta taxa de impostos que pagamos e todas as riquezas existentes no Brasil o tornam um país muito rico. Todo esse dinheiro daria para dar uma qualidade de vida de primeiro mundo para todo cidadão brasileiro, se não fosse o mau uso do dinheiro público, altos salários para políticos, desvios de verbas, etc. É nisso que devemos focar, se temos que gastar nossas energias em uma luta, que seja uma luta que trará benefícios reais e duradouros para todos. Somos vistos como um povo ignorante, de memória curta, fogo de palha, Maria vai com as outras, etc. Ninguém acredita que somos capazes de unir uma quantidade de pessoas suficiente para levarmos adiante uma batalha deste tamanho. Mas sabemos que existe um número muito grande de pessoas determinadas a lutarem até a morte se for preciso. O sistema é muito forte, será uma batalha longa e exaustiva, mas se caminharmos juntos e na direção certa chegaremos lá. Janaina Parrillo.
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 14:15:31 +0000
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