Várias pessoas perguntaram-me se aquilo que tinha sido dito na - TopicsExpress



          

Várias pessoas perguntaram-me se aquilo que tinha sido dito na televisão sobre só termos uma Lua como a de S. João daqui por 18 anos era verdade. O senhor que tinham visto na televisão tinha falado disso, e o próprio segmento dele tinha dado grande destaque a essa informação logo de início. Na altura avisei que era mentira, e que não deviam acreditar em pessoas que não são astrónomos (sim, ele não é astrónomo, mas diz as coisas como se o crédito das informações fossem dele) nem sequer têm conhecimento suficiente para pensar criticamente naquilo que lêem. Como sabem, Portugal é um país de cunhas e de graxas. Os profissionais - e existem muitos astrónomos a trabalhar em Portugal - são atirados para trás por quem sabe muito menos. Supostamente, segundo o tal senhor, a "culpa" era do OAL e tinha a ver com "condições de visibilidade". Os profissionais do OAL (onde se inclui o professor Rui Agostinho) já esclareceu o assunto: oal.ul.pt/as-super-luas-ate-2050/ Sublinho estas passagens: "Na tabela contabilizam-se 92 super luas, correspondendo a uma média de 2,5 eventos por ano, ou seja, são raros os anos com nenhum ou apenas um evento e é comum existirem duas ou três super luas por ano, mas nem todas terão o mesmo tamanho e brilho aparentes." Ou seja, promover e fazer grande destaque na TV (até abrir o segmento dessa forma) sobre só daqui a 18 anos existir uma coisa dessas, é promover o sensacionalismo. Isso foi notório. Só não vê quem não quer. "A melhor situação de todas é a de 2034 pois tem-se o menor perigeu de todos até 2050. " 2034. Este foi um ano que o próprio astrónomo e professor Daniel Folha já tinha ontem referido, após estudar o assunto (sim, porque o crédito deve ser dado a quem o merece). Claro que o tal senhor não-astrónomo que aparece na TV vai focar-se nas frases imediatamente anteriores a esta frase (que convido a lerem no artigo) e vai convenientemente "esquecer-se" de referir esta frase logo a seguir. E claro, vai "esquecer-se" que o OAL não refere "condições de visibilidade", porque a meteorologia não é para aqui chamada. E vai "esquecer-se" que a frase imediatamente anterior a esta ("criando um efeito visual parecido ao de 23 de Junho passado") pode ser aplicado praticamente em quase todas as Luas Cheias, como ainda recentemente nos provou o Neil deGrasse Tyson (que é astrónomo e por isso sabe do que fala). E, claro, quem o lê, se não tem um mínimo de cuidado, deixa-se levar pelo que ele diz e até o aplaude. Mas enfim... leigos nos assuntos todos nós somos numa enorme variedade de assuntos por isso podemos facilmente ser levados por quem se faz passar por especialista... choca-me mais alguns jornalistas, que deviam ter por obrigação avaliar as fontes, decidirem não o fazer, e deixam-se levar por quem lhes faz elogios, quem lhes conta uma história para as coisas parecerem bonitas, e quem lhes "vende" o seu produto como se fosse a verdade. Afinal, não é só a Maya a vender "o seu mini" como se fosse um "ferrari". Tenho a impressão que os mesmos jornalistas que aceitaram que uma pessoa não-ligada à astronomia fosse falar de astronomia para a TV, se eles gerissem um hospital, iam convidar por exemplo trolhas para fazerem cirurgias - afinal, nem é preciso curso para saber dos assuntos. Irrita-me realmente que em Portugal se prefira a mediocridade em vez da meritocracia. Tantos astrónomos em Portugal ligados a instituições astronómicas em Portugal (esses sim, com mérito!), mas na televisão há jornalistas que preferem convidar quem dá erros praticamente todas as semanas (e desta forma os telespectadores são enganados). É triste. Mais uma evidência da decadência da informação televisiva...
Posted on: Thu, 27 Jun 2013 21:22:08 +0000

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