XIII CAMINHADA DOS MÁRTIRES TUPINAMBÁ Cerca de mil indígenas - TopicsExpress



          

XIII CAMINHADA DOS MÁRTIRES TUPINAMBÁ Cerca de mil indígenas Tupinambá de Olivença se somaram a diversos representantes de Entidades da Sociedade Civil, Estudantes, Movimentos Sociais e Igrejas e realizaram na manhã deste dia 29 de setembro de 2013 a XIII Caminhada dos Mártires Tupinambá. A caminhada saiu da Igreja Nossa Senhora da Escada no centro de Olivença ás 9:00 horas da manhã e se dirigiu até a praia do Cururupe. Cerca de 07 quilômetros de caminhada. A XIII Caminhada quer trazer a lembrança de um passado não muito distante e que não difere muito do momento atual pelo que passa o povo Tupinambá. A partir da luta do povo pelos seus direitos e na defesa de suas terras a perseguição e a violência da elite local volta à tona de maneira preconceituosa e colonialista. Muitos ainda lembram-se das lutas e perseguições ocorridas entre as décadas de 1920 e 1930, quando houve um grande processo de perseguição e violência contra as lideranças. Segundo os mais velhos, a “Revolta de Marcelino”, nome dado ao que ocorreu, foi porque ele não queria que fosse construída a ponte sobre o Rio Cururupe. Os mais velhos contam que Marcelino era um grande líder Tupinambá, lutando para não construção da ponte porque não queria que os índios de Olivença tivessem contato com os brancos e que ocorressem mais invasões em terras indígenas. O próprio Marcelino teve suas terras invadidas e viu muito de seus parentes perderem suas terras para se transformarem em casa e sítios de veraneio para os coronéis do cacau. O fato que mais chama atenção na caminhada é a lembrança da conhecida “Batalha dos Nadadores” quando o representante maior da elite brasileira na região, o então governador geral da Bahia, Men de Sá, no ano de 1559, desferiu um ataque aos povos indígenas da região o que culminou com a morte de milhares de índios, aqueles que foram retirados do mar após serem mortos e estendidos na praia somou cerca de uma légua de corpos. Este fato ficou conhecido como a “Batalha dos Nadadores”. Estes processos de perseguição e violência desferidos pela elite regional e contando com a conveniência dos governos estadual e federal (os atuais Men de Sá) continuam ocorrendo de maneira feroz, em especial com as principais lideranças do povo Tupinambá, que são caluniados, ameaçados e tem seus nomes em listas para serem assassinados por defenderem suas comunidades e seus direitos garantidos na Constituição Federal. O processo de identificação da Terra Indígena (TI) Tupinambá de Olivença teve início em 2004. Em 2009, a Fundação Nacional do Índio (Funai) aprovou o relatório circunstanciado que delimitou a TI Tupinambá de Olivença em 47.200 mil ha, estendendo-se por porções dos municípios de Buerarema, Ilhéus e Una, no sul da Bahia. No momento, aguarda-se a assinatura, pelo ministro da Justiça, da portaria declaratória da TI, para que o processo encaminhe-se para as etapas finais. A demora na publicação da referida Portaria tem causado um enorme clima de tensão e violência conta a comunidade indígena. Muitas das Entidades presentes na XIII caminhada divulgaram nota de apoio e solidariedade a luta do povo Tupinambá, onde pedem que providências urgentes sejam adotadas pela autoridades constituídas no sentido de evitar que aproveitadores continuem utilizando-se de táticas de colocarem em confronto os principais atingidos por este impasse os indígenas e os pequenos agricultores. E solicitam a imediata publicação da Portaria como forma de garantir os direitos dos indígenas e dos pequenos agricultores. Numa das faixas exposta na caminhada o sentimento da comunidade estava muito bem definida e um claro recardo aos governos federal e estadual: “Ei! Tirem às mãos das minhas terras, elas não são moedas de troca”. A XIII caminhada este ano faz parte da Mobilização Nacional em defesa da Constituição, que no próximo dia 05 de outubro completará 25 anos. A mobilização é convocada pela Articulação Nacional dos Povos Indígenas (APIB) e deverão ocorrer manifestações nas diversas regiões do País de hoje até o dia 05 de outubro. Muitas faixas presentes na caminhada denunciavam os ataques que vem ocorrendo aos direitos tão duramente conquistados pelos povos indígenas e por enquanto garantidos na Constituição. Digo, por enquanto, devido ao enorme perigo que correm diante da sanha voraz do agro negócio. Uma fala do Henyo Tridade Barreto Filho do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB), retrata claramente esta situação denunciada nas falas e nas faixas da XIII Caminhada Tupinambá: “Um ataque articulado por representantes do agronegócio, do hidronegócio e das grandes corporações do setor de energia e mineração, que contam ora com o apoio explícito, ora com a omissão, ora com a conivência e/ou cumplicidade envergonhada do atual governo, e que visa desconstituir os territórios da diversidade no país para abri-los ao jogo dos seus interesses e à sua exploração. São um conjunto tão grande de medidas legislativas e executivas, que se eu começasse a enumera-las aqui, demoraria alguns dias para listar todas e explicar os seus significados subjacentes e repercussões”. Portanto as faixas que repudiavam as PEC 215, PLP 227, Portaria 303 da AGU, presentes na Caminhada demostram claramente a insatisfação e preocupações das lideranças indígenas, com estes instrumentos de negação de seus direitos. Ao mesmo tempo, em que, se percebe o enorme perigo que corre os direitos indígenas na Constituição Federal. É preciso resistir para existir! Conselho Indigenista Missionário.
Posted on: Mon, 30 Sep 2013 18:04:50 +0000

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