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Xisto, o “smartphone” da área energética Brasil Econômico - 16/08/2013 Reginaldo Medeiros A excelente decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autorizando a realização da 12ª Rodada de Licitações de blocos para exploração de petróleo e gás natural em 2013, a ser implementada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), vai esquentar o debate sobre o gás não convencional no Brasil. Serão110blocos exploratórios nas bacias do Acre, Parecis, São Francisco,Paraná e Parnaíba, classificadas como “novas fronteiras tecnológicas e do conhecimento”. Nesta área, estão incluídos os blocos do pré-sal e de gás não convencional (gás de xisto). Outros 130 blocos estão localizados nas bacias maduras do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas. A resolução aponta a possibilidade de exploração e produção de gás natural a partir de recursos convencionais e não convencionais nas regiões. O uso do gás de xisto pela indústria, possibilitada por recentes tecnologias de extração, promete uma revolução na economia americana semelhante à provocada pelos “smartphones” na área de telecomunicações. Esse é o principal consenso formulado pelos empresários, autoridades e especialistas norte-americanos aos membros da missão oficial do Brasil aos Estados Unidos para conhecer de perto o novo fenômeno do setor energético mundial. Já o principal consenso entre os parlamentares, executivos e empresários que formaram a missão brasileira é de que a revolução do xisto na economia norte-americana é muito maior do que pode ser percebido pelas notícias que chegam por meio da imprensa. Para se ter uma ideia, hoje o chamado “shale gas” corresponde a 25% do gás natural consumido nos EUA. No ano 2000, essa contribuição era nula. O “milagre” que produziu tirar esse tesouro do subsolo norte-americano chama-se fraking, ou “fratura” em português. A tecnologia permite uma perfuração vertical no subsolo até alcançar as formações de xisto. A partir daí, a instalação de perfuração faz um ângulo de 90º e prossegue de forma horizontal pela jazida de rocha. Em seguida, os túneis escavados pela perfuração são inundados com água, areia e produtos químicos que rompem a rocha e forçam o gás a vazar — um processo conhecido como fraturamento hidráulico, com perfuração horizontal, para recuperação de gás de xisto. A estrutura é protegida por três camadas de concreto visando evitar a contaminação de lençóis freáticos e aquíferos. O resultado é que hoje existem 20 mil poços perfurados nos EUA, gerando 600 mil empregos diretos, sem nenhuma notícia de acidente ou contaminação. O preço desse gás é praticamente imbatível, hoje na casa dos US$ 4,20 por milhão de BTUs (MMBtus). A projeção para 2035 é que o preço fique em US$ 6 MMBtus, um custo três vezes mais barato que o gás natural vendido atualmente no Brasil a US$ 18 MMBtus. O ponto forte do que se convencionou chamar gás de xisto no Brasil, para os americanos é sua contribuição para a independência energética da economia. Trata-se de uma mudança drástica de paradigma, pois o gás de xisto tem permitido aos EUA reduzir nos últimos anos sua emissão de CO2 na atmosfera. Entre 2007 e 2012, a diminuição foi de 12%, com o mesmo nível de atividade econômica, devido ao aumento da geração elétrica a gás em37%e à redução da geração a carvão em25%. Isso explica a razão da industria do “shale gas” ser vista como um modelo de transição entre as matrizes fósseis e as renováveis. O carvão gera hoje apenas 34% da eletricidade consumida nos EUA, enquanto que, em 2005, esse percentual era de 50%. Planeja-se substituir mais geradores por outros movidos a gás natural. Grandes empresas norte-americanas, sobretudo da área química, estão investindo mais de US$ 15 bilhões em capital para modernizar as instalações existentes e construir novas instalações nos EUA devido à abundância de gás natural. Segundo as autoridades locais, é possível assinar hoje um contrato firme de suprimento de gás para os próximos 10 anos ao preço de US$ 6 por MMBtu. Estima-se que o Brasil seja detentor da nona reserva mundial de gás não convencional. As razões que fazem o mercado brasileiro estar atrasado no uso dessa nova fonte passam longe da tecnologia de fraking, já dominada pelas empresas. Já a falta de uma rede de dutos é um grave impeditivo na área de infraestrutura. Outro é a regulação inadequada para propiciar o avanço da iniciativa privada no segmento que já se configura como a grande revolução no setor energético mundial. Assim, a decisão do Governo por meio do CNPE é uma excelente notícia. Outra boa notícia é que essa pioneira missão brasileira à indústria do “Shale Gas” nos EUA teve o apoio das autoridades da Embaixada Brasileira em Washington e da Petrobras, o que demonstra a atenção do governo federal ao tema. A presença qualificada de parlamentares do Congresso Nacional e de empresários mostra a disposição do legislativo em criar um ambiente propício ao desenvolvimento da nova matriz energética em parceria com o capital privado.
Posted on: Fri, 16 Aug 2013 19:41:16 +0000

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