escrevo desde que me lembro de tentar descobrir o homem que sou cá dentro e entender os ecos dos outros no indivíduo que se vai formando pouco a pouco na redutibilidade dos dias; provavelmente os meus textos mais incipientes datam dos meus 18, 19 anos. faz-me sorrir, o que leio desse inicial vazamento, o meu estilo serendipédico e a minha urgência em querer entender tudo e todos, inclusive a mim que desde cedo que me reconheço com uma criatura peculiar. lembro-me, nitidamente, de escrever numa esplanada na avenida Luísa Todi em Setúbal, desassossegado pelo calor tépido de um verão sufocante, que um dia haveria de escrever um livro para tentar entender porque somos tão inábeis em dizer o que sentimos que temos de continuamente construir estratégias para nos iludirmos e nos emaranharmos nos outros, tantas vezes nos forçando nesse misterioso e doloso processo, e que no final desse sangramento saberia exactamente as respostas às minhas perguntas. pois que, como homem de 42 anos, continuo com poucas certezas e um cardume irrequieto de respostas que não me satisfazem.
Posted on: Sat, 07 Sep 2013 17:37:13 +0000
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