já havia percebido, desde os primeiros dias de vida mineira, que os ratos da afonso pena são notadamente afeitos à presença humana: não se eximem de caminhar lado a lado com os transeuntes na calçada; não irrompem de pânico ao aproximar de mocassins bacharéis, havaianas displicentes ou descalcezes mendigas; suas refeições, restos de comida caídos ao chão pela lei da efeito da gravidade ou pelo império da má-educação, são feitas com a mesma tranquilidade que a dos homens e mulheres que lancham no pós-expediente, na mesma extensão da avenida. hoje constatei que, à similitude do belorizontino bípede, os roedores também apresentam polidez admirável. o caso se deu porque o painel que informa o horário de passagem dos ônibus estava quebrado. na falta de informações, recorri a um ratinho que jantava uma pipoca na entrada do boeiro próximo. - opa, boa noite! - cumprimentei, um tanto receoso do êxito da comunicação. - boa noite, uai! tá bão? - para minha felicidade, o rato foi absolutamente gregário na réplica. - você sabe me dizer se o 8106 passou há pouco? - olha, faz tempo que não passa, deve estar encostando um daqui a pouco... - muito obrigado, hein? - por nada! boa noite procê! - boa noite!
Posted on: Tue, 08 Oct 2013 02:11:52 +0000
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