A IMPORTÂNCIA DOS LIVROS NA MINHA FORMAÇÃO Desde tenra idade - TopicsExpress



          

A IMPORTÂNCIA DOS LIVROS NA MINHA FORMAÇÃO Desde tenra idade que os livros foram para mim, sinónimo de descoberta, aventura, saber e cultura. Com Enid Blyton fiz parte dos “Cinco”, descobri tesouros, passagens secretas e desvendei mistérios. Pela mão de Emílio Salgari andei pelos mares do Sul, fui corsário e pirata, “Tigre da Malásia” e “Sandokan”. Júlio Verne ajudou-me a percorrer as “Vinte Mil Léguas Submarinas” com ele, fiz a “Viagem ao Centro Da Terra” e dei “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias “ Adolfo Simões Muller deu-me a conhecer “A História de Portugal”, sob uma outra perspectiva, estive nos laboratórios de “Madame e Pierre Curie” assistindo á descoberta do que anos mais tarde viria a ser a moderna radiologia, acontecimento lhes valeu a atribuição do prémio Nobel, maravilhei-me também, com “Louis Pasteur” e “Thomas Alba Edison”, ficando a saber que o primeiro descobriu entre outras coisas que se os alimentos fossem fervidos a uma elevada temperatura e arrefecidos imediatamente a seguir, isso prolongaria a sua qualidade e a sua longevidade, processo que revolucionou a industria alimentar e passou a designar-se por “Pasteurização”, com Edison descobri a luz eléctrica, o precursor dos modernos gravadores de som e o telefone, entre outras descobertas que mudaram a vida do homem para sempre. Escalei o Everest, andei pelo Nepal, pelo Reino do Butão e fui ao Tibete onde conheci o Dalai Lama. Com Rasmunsem fui ao Polo Norte, passei o Estreito de Bering, conheci Esquimós focas, morsas e ursos brancos. Camilo Castelo Branco deu-me a conhecer o Minho, com Eça de Queirós estive no “Reino da Rainha de Sabá” e mostrou-me toda a sua fina ironia nas “Farpas escolhidas” Aquilino Ribeiro apresentou-me ao Malhadinhas de Barrelas, com ele fui almocreve e juntos transportamos o sal de Aveiro que depois era trocado por azeite em Arouca e vendido em Lamego, estive na Casa Grande de Romarigães vi o Homem que Matou o Diabo, percorri as Terras do Demo e andei pela Via Sinuosa. Com Miguel Torga calcorreei o Nordeste-Transmontano, a seu lado observei um povo indómito e assistimos á Criação do Mundo, juntos ouvimos as “Vozes dos Animais”. Com Fernando Namora fui maltês, dormi Na Casa da Malta, vi a Noite e a Madrugada e participei nos Retalhos da Vida de um Médico. Alves Redol em Barranco de Cegos levou-me até á Lezíria ao latifúndio á exploração do povo e suas misérias. Pela pena de Almeida Garrett passei sob o “Arco de Sª. Ana” Com Soeiro Pereira Gomes, deixei a Vieira em Leiria vivi á beira do Rio Tejo e fui um dos Besteiros. Ao lado de Ferreira de Castro andei pela Amazónia, fui seringueiro e Emigrante, voltando mais pobre a Ossela donde partira, passei pela Curva da Estrada, na Serra da Estrela observei a Lã e a Neve senti a Terra Fria e andei com os pastores na transumância pelas terras da Idanha e Castelo Branco. Almada Negreiros, Branquinho da Fonseca, Vergilio Ferreira, José Rodrigues Miguéis Júlio Diniz, sempre novos Mundos, novas descobertas e novas vidas. Com Vitorino Nemésio passei “Mau Tempo No Canal”. Com José Saramago fiz “A Viagem do Elefante” e sofri com os “Levantados do Chão”. Teófilo Braga deu-me a conhecer “Viriato” sobre uma perspectiva que era para mim até aí desconhecida, as lutas que travou, mais as guerras que venceu contra as legiões Romanas, fazendo-me gostar ainda mais deste rectângulo que é o meu País e o orgulho nos meus antepassados. Andei embarcado com Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Bartolomeu Dias, Diogo Cão, Bartolomeu Perestrelo, Colombo e Fernão Mendes Pinto, com todos eles percorri lugares, vi povos e culturas nunca antes vistas pelos Europeus. Passei o “Cabo das Tormentas” estive frente a frente com o “Adamastor” visitei o “Reino de Sião” fui á Índia, ao Brasil, às Mulocas, de onde cheguei carregado de especiarias: cravo, canela, pimenta, cominhos, baunilha e gengibre, com Afonso de Albuquerque fui Vice-Rei, conquistei Goa, Damão e Diu. Estive em Calecut e Mazagão, vi Marajás, Rajás, Pachás e Reinos de encantar, palácios maravilhosos ouro e riquezas sem fim. Fui ao Japão, á China, Tailândia e Malásia e andei por toda a Ásia Visitei os portos do Catar, do Iémen, da Arábia e da Pérsia, onde construí fortalezas que ainda hoje perduram, deixei Igrejas e Templos por toda a parte, converti povos e Nações, mas também pela força impus a minha vontade e as minhas ideias, levando a Cruz numa mão e a espada na outra. No Norte de África travei batalhas sem fim, estive em Alcácer-Quibir e assisti ao que a megalomania de um monarca fez, ele que tinha o dever de zelar e conduzir a Nação ao bem-estar e ao desenvolvimento, fui derrotado estrondosamente e hipotecou o futuro de Portugal e a sua sucessão, que até hoje espera que o monarca em causa (Dº Sebastião) chegue envolto em nevoeiro para nos tirar deste marasmo. Em Ceuta saí vitorioso mas também derrotado, mas deixei um legado de cultuaras monumentos e hábitos que duram até hoje. Testemunhas do querer e da determinação deste povo destemido e aventureiro. Misturei-me com outros povos e raças, dessa mistura nasceram os crioulos, os “cabritos” e raças de muitas tonalidades, estive em Timor, Moçambique, Angola, São Tomé e Cabo Verde, percorri a Costa de África fui colono negreiro e traficante, Edgar Alan Poe mostrou-me o mistério, o suspense e o terror numa perspectiva que até aí nunca tinha vivido. Charles Dickens deu-me a conhecer a Inglaterra Vitoriana, aí fui órfão ao lado de “Oliver Twist.”. Mark Twain ensinou-me onde ficava o Mississípi, brinquei nas “Aventuras de Tom Sawyer”, “Huckleberry Finn” e conheci a “Cabana do Pai Tomás”. Elias Lepiner fez-me reviver os horrores da Santa Inquisição e questionar-me sobre com que direito é que alguns sectores da Igreja Católica querem hoje dar ao Mundo lições de moral. Cervantes fez-me acreditar que moinhos de vento eram gigantes, lado a lado com Sancho Pança, montei o rocinante amei a Dulcineia e fui “D, Quixote de La Mancha”. Jorge Amado apresentou-me a”Teresa Baptista Cansada da Guerra”, a ”Dona Flor e Seus dois Maridos”, a “Tieta do Agreste” a “Gabriela Cravo e Canela”, ao “ Quincas Berro de Água”, fui vítima na “Tocaia Grande” e “Capitão de Areia”. Leão Tolstói fez-me sentir a Guerra e Paz, Gorki mostrou-me a sua Mãe, com Dostóievski vi os Demónios, as Noites Brancas e Nietochka. Leon Uris em “Armagedão” e “Miller 18” colocou-me ao lado de David Ben Ami e Ben Gurion, e com eles fui testemunha da criação do Estado de Israel, assistindo á chegada do Povo Judeu á Terra Prometida, participei na implantação dos Kibuttz, nas guerras do Yom Kippur e dos Seis Dias lutando ao lado de Golda Meeir.e Mosh Day An. Estive nas trincheiras do Somme, do Marne e nas Ardenas, rastejei pela lama fui gaseado, mas também herói. Fui testemunha da invasão da Polónia pelos Alemães e das atrocidades daí resultantes, em Varsóvia fui empurrado para o gueto, marcado com a estrela de David, roubado torturado e deportado. Cristian Bernardac deu-me a conhecer “Aucheswitz o Inferno de Mulheres”, em Dachau e Trebelinka, vi o ser humano no seu pior, senti o cheiro dos corpos nos crematórios, vi Josefh Mengel fazer experiencias com outros seres humanos, a maldade de Goering e Goebls, senti o poder e despotismo de Adolf Hitler. Em França vi a “Linha Maginot”, que devia ser enexpugnavel, cair facilmente perante o poderio Alemão e ser ocupada, assisti á marcha triunfante dos Nazis sobre Paris, que caíu praticamente sem um tiro, assistindo á criação do governo fantoche de Vichy, vi as tropas Alemãs passearem sob o Arco do Triunfo e percorrer os Champs Elysées, lutei ao lado da resistência, estando também na retirada apressada de Dunquerque. Desembarquei nas praias da Normandia sentindo o cheiro do sangue e da carne dos corpos dos soldados Aliados a serem dilacerados pelas balas Alemãs. Os livros permitiram-me viver a batalha de Leninegrado, assistir ao bombardeamento de Londres, de Berlim, de Dresden e de Guernica no País Basco, que Pablo Picasso tão bem retratou num dos seus quadros “Guernika”. Fui vítima e “kamikazy” em “Pearl Harbor”, herói em “Iwo Jima”, “El Alamein” e “Guadalcanal”, passei a “Ponte Sobre o Rio Kuwai”. No norte de África fui testemunha dos feitos de Rommel “A Raposa do Deserto”, vivendo também “Por quem os sinos Dobram”. Em Amesterdão assisti á chegada dos nazis, conheci Anne Frank, a seu lado acompanhei a escrita do seu diário, estive escondido no mesmo sótão, tendo assistido impotente á descoberta do esconderijo pelos Alemães e á sua consequente deportação para os campos de extermínio, onde viria a ser vítima das câmaras de gás e dos fornos crematórios, ficando o seu testemunho da bestialidade que ao longo da história tem norteado o ser humano. Mas também vi o ser humano no seu melhor, o Cônsul Português em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, contrariando as ordens de Salazar, passou salvo-condutos para Portugal, a largas centenas de Judeus Franceses, que dessa forma se salvaram da deportação e dos fornos crematórios nos campos de concentração Nazis, mas que pelo seu gesto altruísta pagou um preço elevado, sendo inclusivamente demitido da carreira e votado ao ostracismo pelo Governo Português. Em Yrochima e Nagasaky assisti ao nascimento da era do terror e do inicio do fim da civilização tal como era conhecida até então, com o lançamento da bomba atómica pela aeronave “Enola Gay”, o mundo nunca mais foi o mesmo, iniciando-se a corrida aos arsenais nucleares que dura até hoje. Visitei a Grande Barreira dos Recifes de Coral na Austrália e deslumbrei-me com a sua cor e a diversidade da sua vida. Fui um dos “ Bandeirantes “ no imenso território que é o Brasil onde ajudei a alargar as fronteiras até onde o homem jamais tinha posto os pés, vi povos e culturas que ninguém tinha visto, animais desconhecidos até então, árvores e plantas que se tornariam a base da medicina moderna. Com Colombo desembarquei na América, descobri os Maias, os Azetecas, os Incas, os Olmecas e os Toltecas, viajei por Machu Pichu e vi a grandeza do seu povo reflectida nas suas construções, mas também estive ao lado de Pizarro e fui testemunha dos roubos e dos massacres de Nações inteiras e do desaparecimento das suas culturas, tornando-os escravos na sua própria terra. Com Fernão de Magalhães “Capelo Gaivota” fiz a viagem de circum-navegação, enfrentei tribos hostis, tempestades gigantescas e medos sem fim do desconhecido. Terminando por ser uma das vítimas das flechas dessas mesmas tribos. Estive na Ilha da Páscoa e abri a boca de espanto perante o gigantismo das suas esculturas, que me fizeram sentir o quanto outros povos eram evoluídos, porque sem ferramentas conhecidas ou outros meios técnicos, continuam ainda hoje a espantar o Mundo da engenharia da nossa era. No Egipto fui arqueólogo, visitei e escavei o Vale de Gizé, vi tesouros magníficos, testemunhei as suas construções Faraónicas, por detrás das suas colunas senti a presença de Ramsés e Tutankhamon, admirei beleza da Esfinge, olhei a grandiosidade das pirâmides dos palácios e templos, com Cleópatra e Marco António descemos o Nilo. Estive na Roma Imperial, assistindo no Coliseu às lutas dos gladiadores e vi “Spartacus” revoltar-se contra o jugo a escravatura e a opressão, testemunhei a morte dos cristão, forçados a entrar na Arena, para gáudio da assistência e entretenimento dos Senadores e do Imperador Fui testemunha da vitória de “Ben-Hur” e da sua quadriga, numa das corridas mais espectaculares e conhecidas da história. Na Grécia assisti às aulas de Sócrates, Ésquilo, Platão e Hipócrates enquanto contemplava a Acrópole. Lado a lado com Martin Luhter King e Malcom X, marchei sobre Washington lutando pelos direitos da minoria negra, nomeadamente o fim da segregação racial, o direito de voto, ao trabalho, a uma habitação condigna e a melhores condições de vida, a seu lado “ Eu Tive um Sonho”, que todos os homens nascem livres e são iguais perante a lei, tendo os mesmos direitos e os mesmos deveres. Com Aníbal, os seus elefantes e o seu exército, contra todas as expectativas atravessei os Pirenéus e derrotei os Romanos na sua própria pátria. Com “Ricardo Coração de Leão” e os Cruzados fui á Terra Santa, combati os “infiéis” e voltei para me juntar aos “Cavaleiros da Távola Redonda”. P. S. Poderia estar a falar de livros, heróis e cobardes, batalhas sem fim, povos e terras, mundos reais e imaginários, cidades e aldeias, grandezas e misérias, tiranos e homens bons, bandidos déspotas e bruxas, por tempo indeterminado, porque os livros deram-me a possibilidade de viajar ao encontro de todos estes personagens e lugares. A partir dos 14 anos e numa época em que o analfabetismo se fazia sentir com alguma incidência no nosso Pais, já eu era assíduo cliente da biblioteca itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian, ao qual agradeço a possibilidade de ter descoberto o mundo que os livros encerram, depois quando o meu poder de compra aumentou, iniciei a compra dos meus próprios livros, nunca parando até hoje de o fazer. Memórias de alguém que tem “falta de memória” Aventino Monteiro (Latoeiro, fazedor de latas) Coelhosa 26/10/2013
Posted on: Sat, 26 Oct 2013 13:05:00 +0000

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