A “Primavera” Brasileira (Por Yalu Miranda) As vaias recebidas pela Presidente Dilma na abertura da Copa das Confederações em Brasilia, no último dia 15, foram desconcertantes mas pertinentes. O Brasil está à beira do cáos social. Para começar, a violência crescente e descontrolada nos quatro cantos do País tem afetado negativamente a qualidade de vida do brasileiro. A miséria de outrora, humilde e pedinte, tem se transformado numa força social desestabilizadora que tomou as ruas e usa a morte como moeda de troca. Ou seja, quem antes pedia humildemente, agora exige arrogantemente. E ao exigir, mata impiedosamente. Não é só a violência que vai constrangindo o convívio social e a boa fé do Brasileiro na tão sonhada democracia cidadã. É também a falta da representatividade política verdadeira, da melhor oportunidades educacional, do atendimento adequado na área da saúde, da justiça mais justa e equilibrada , do saneamento básico, do transporte com qualidade mínima, etc, etc. Assim, diante da incapacidade, ineficiência ou mesmo falta de vontade dos políticos e governantes para lidar com estas questões de interesse maior do público, os Brasileiros estão nas ruas fazendo barulho para tentar acordar o “gigante” que ainda dorme em berço explendido sobre o colchão macio dos altos impostos e sob os lençois sujos da corrupção. Parece que agora o Brasileiro começa a entender melhor que não só o flagelo da miséria, mas também o da ignorãncia e o da falta de cidadania plena são os principais inimigos do bem comum. E resolveu mostrar o seu descontentamento pois cansou da esperança ingênua de uma representação politica mais séria. Claro está que, com tantas prioridades que dizem respeito ao futuro do País e ao bem estar da população, trazer a copa do mundo e as olimpíadas para o Brasil foi um ato político calculado, populista e eleitoreiro. O Brasileiro está percebendo corretamente que não pode prescindir dos investimentos públicos que são urgentes em áreas como educação e saúde para permitir que os políticos e governantes promovam a política do espetáculo. Enquanto isso, a área econômica vai experimentando o paradoxo da inflação subindo e o PIB descendo. Da mesma forma, a área social também apresenta outro paradoxo: de um lado o governo celebrando a redução da pobreza e do outro a tensão social aumentando com a erosão da cidadania. Alguma coisa está errada. As políticas públicas de transferência de renda no Brasil têm sido celebradas como políticas eficazes no combate a pobreza e à redistribuição de renda. Mas, na verdade o que se observa é que essas políticas são assistencialistas e de efeito paleativo pois aborda o problema da fome apenas de forma superficial, não dando condições de uma sobrevivência verdadeiramente digna. A Democracia no brasil tem sido vistosa, mas precisa englobar as relações do dia-a-dia do cidadão tendo a justiça e o respeito como ingredientes fundamentais da cidadania. Que esta “primavera” Brasileira possa realmente trazer o despertar de uma consciência mais crítica e mais republicana para forçar o entendimento de que o Estado tem de ser, em primeira mão, o patrono dessa justiça e desse respeito; e que as decisões de políticas públicas sejam voltados mais para as reais necessidades da população e menos para o oba oba político.
Posted on: Tue, 18 Jun 2013 23:45:03 +0000
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