A Primavera não fugiu da raia A aventura do Clube Escape - TopicsExpress



          

A Primavera não fugiu da raia A aventura do Clube Escape Livre por terras do Parque Natural do Tejo Internacional começou com massagens e continuou estrada fora com muitos solavancos, como era suposto. Pelo meio, campos de estevas, um saltinho a Espanha, grifos e muflões e tostas com espuma de azeitona. Uma viagem cénica, sim, mas também de agrado ao estômago. Anunciava-se que o fim-de-semana seria por terras do Parque Natural do Tejo Internacional e, claro, imaginámos logo imagens do rio Tejo, perdido entre paisagens verdes e imensas. A verdade, contudo, é que não chegámos a pôr os olhos no Tejo, nem sequer um vislumbre, ao longe. Andámos pelo seu parque, aos solavancos, como convém quando o que está em causa é mais um passeio da BMW X Experience, organizado pelo Clube Escape Livre, mas os rios que nos encheram os olhos foram o Erges e o Pônsul. E nem um nem outro se saíram mal. O tempo anda uma chatice, já se sabe. Ora chove, ora faz sol, ora aquece o suficiente para calçarmos sandálias, ora exige que voltemos à roupa em camadas para nos protegermos do vento e quedas bruscas de temperatura. Mas Luís Celínio, o homem por trás dos passeios do Escape Livre, não podia ter escolhido melhor fim-de-semana para percorrer as terras de Idanha-a-Nova. O sol brilhou ininterruptamente, aquecendo a terra e os ocupantes dos 33 veículos que percorreram a paisagem verde, rosa, amarela e branca que nos acompanhou quase sempre. Naquele fim-de-semana, foi Primavera a sério e o cenário só lucrou com isso. Relaxe pré-altos e baixos A viagem começa e acaba no Hotel Fonte Santa, junto às Termas de Monfortinho. É aí, colados à fronteira com Espanha, com o verde a estender-se até perder de vista das janelas do hotel e com o silêncio e o canto dos pássaros por companhia, que se preparam os carros para os três dias a testar as capacidades dos BMW X1, X3 e X5 fora do asfalto. A primeira noite, como de costume, já é de passeio, com os carros devidamente numerados e enfeitados de autocolantes a fazerem-se à estrada, escura como breu, para a curta etapa nocturna. Por essa altura, quem chegou cedo já pôde experimentar uma hidromassagem ou um banho de bolha de ar nas termas, mas nós só vamos no dia seguinte. Pela manhã, antes de um dia inteiro por estradas de terra, a subir e a descer, a atravessar cursos de água e a vermos perdizes, apressadas, a afastarem-se no caminho, contornamos os terrenos do hotel e chegamos às termas num instante. Ao sábado, às 9 horas, o espaço está sossegado e guiam-nos rapidamente até à pequena piscina individual, num compartimento fechado, em que poderemos relaxar durante uns (infelizmente) breves dez minutos. A água, proveniente da serra de Penha Garcia e indicada para problemas de pele (mas também do fígado e vias biliares, além do aparelho locomotor), é morna e macia e se nos deixassem bem que tínhamos ficado mais umas horas a apreciá-la. Mas quem vai para um fim-de-semana do Escape Livre não vai para ficar a banhos, pelo que, depois do pequeno-almoço, o destino é mesmo a estrada. Ou os caminhos que existem fora dela. E os caminhos estão cobertos de flores. Aqui, na raia, a Primavera não parece ter a timidez que apresenta noutros pontos do país e cobriu as colinas de flores que formam verdadeiros tapetes coloridos. O rosmaninho está por todo o lado, com a sua característica cor lilás, mas há também encostas completas de pequenas flores silvestres, brancas e amarelas, e muitas estevas, com as suas pétalas brancas marcadas a vermelho. Aqui, no primeiro troço de estrada, passamos também por oliveiras e árvores baixas e antigas cobertas de líquenes. Há aldeias abandonadas, cujos nomes aparecem assinalados no road-book (o nosso indispensável guia de viagem). Arraial é uma delas. Passamos pelo conjunto de casas a cair antes do nosso primeiro corta-fogo. O carro sobe, sobe, por um caminho duro e pejado de pedras, deixadas para trás pelas chuvas que arrancaram a camada mais superficial do solo. Felizmente, para já, não há pneus cortados a ressentirem-se do caminho e, antes que demos por ela, chegamos ao primeiro dos dois santuários da manhã - o de Nossa Senhora do Loreto, em Alcafozes. A capela é pequena e livre de grandes decorações e a atracção mais característica do espaço é mesmo o pequeno avião T37 (a santa é a padroeira da aviação), que foi oferecido pela Força Aérea Portuguesa ao santuário, tendo integrado, anteriormente, a patrulha acrobática Asas de Portugal. Para nós, a paragem é bem-vinda não só pela envolvente, mas pela oportunidade de esticar as pernas e de reconfortar o estômago, que já pedia algo de comer e de beber. Os quadrados de pizza, o pão recheado de carnes e as miniaturas de pastéis de nata são mesmo bons, não são? Antes do almoço, em Idanha-a-Nova, e da visita ao Centro Cultural Raiano - onde estão preservados os utensílios usados na agricultura, através dos tempos, na região -, a caravana ainda pára na Senhora do Almortão, que só conhecíamos da canção do Zeca Afonso, mas que, sabemos agora, teve na sua origem uma imagem encontrada no meio da murta e que, transportada para longe dali, acabaria por desaparecer para ser encontrada no local em que primeiro fora descoberta. Ao que reza a lenda (porque há sempre uma lenda associada a estas histórias), as tentativas de mover a imagem repetiram-se, mas o resultado era sempre o mesmo, pelo que se concluiu que o melhor era construir uma ermida no local onde a imagem fora encontrada e guardá-la aí. Depois do almoço, com o estômago reconfortado e o corpo a descansar finalmente do bambolear causado pelo piso pouco certo, é sempre difícil recomeçar, mas a tarde acaba por se revelar ainda mais animada do que a manhã e não conseguimos tirar os olhos da paisagem. Visita a Espanha Passamos por Rosmaninhal e o seu velho pelourinho, classificado como imóvel de interesse público desde 1933, e é nesta freguesia de casas brancas que abandonamos, de novo, a estrada, para nos embrenharmos por um caminho estreito, ladeado por muros de xisto, até nos vermos, outra vez, em campo aberto, acompanhados pelo rosmaninho, a caminho do marco geodésico de Cabeço Alto. Lá em cima, há quem arrisque trepar pelas escadas de ferro que sobressaem do marco, até um varandim, mas não é preciso fazê-lo para poder usufruir de uma vista única. A toda a volta, seja qual for o local para onde olhemos, a paisagem estende-se a perder de vista, como se estivéssemos verdadeiramente no centro do mundo. Os carros não param por nada. Sobem corta-fogos, atravessam estrados, passam rios a vau. É sábado e não há baixas entre os veículos (isso há-de ficar para o dia seguinte). O nosso próximo destino é Segura, na fronteira com Espanha, mas não resistimos a atravessar a ponte romana sobre o rio Erges, fugindo às instruções do road-book só desta vez. Vamos a Espanha, tiramos umas fotografias da ponte e das aves de rapina que a sobrevoam e regressamos a Portugal. Em Segura, espera-nos uma igreja caiada, ocupada pelas vozes de mulheres que rezam o terço. Cá fora, nos bancos em torno da pequena praça, há velhos sentados à sombra e na torre sineira da igreja uma cegonha afadiga-se a dar de comer às crias no seu típico ninho largo. No centro de dia prepararam-nos um lanche e o chá bravo, que nos dizem, simplesmente, ser feito "de umas ervas que há para ali, nos campos". Tem uma suavidade que não condiz com o nome e que cativa toda a gente. Canecas e mais canecas chegam vindas da cozinha, apenas para serem devolvidas, vazias, num ápice. O dia já vai longo, mas não termina sem que nos cruzemos com um homem, perdido no meio dos campos, na companhia de velhos carros escavacados, alguns cães e cabras. Nem sem que subamos uma verdadeira parede de terra, que o carro só vence à segunda tentativa. Voltamos ao Hotel Fonte Santa com o sol já a querer esconder-se para lá dos montes, mas sabemos que a noite ainda nem começou. Porque o jantar, avisaram-nos, será medieval, noutro hotel ali ao pé, o Astória, e promete durar umas quantas horas. Dura, de facto. Os bancos corridos ladeiam mesas compridas, numa tenda aberta por onde vai entrando o vento fresco trazido pela noite. Os pratos sucedem-se e os pães tradicionais, a sopa de legumes ou o porco assado no espeto com castanhas vão chegando e desaparecendo ao prato feito de pão de cada um dos convidados. Mas quem já experimentou um jantar medieval organizado pela companhia de teatro Viv"arte sabe que a comida não é o único atractivo. Quem verdadeiramente faz a festa são os actores da companhia fundada em Oliveira do Bairro (Aveiro) e especializada em recriações históricas, com cenas cómicas a sucederem-se, sem descanso. Há bobos e lutadores, lavadeiras e casamentos fingidos, com a participação mais ou menos voluntária dos comensais e, antes que a festa termine, homens a comer fogo. Depois vem fogo-de-artifício. Carros é que não. Entre grifos e fósseis Os carros só voltam a ser protagonistas no dia seguinte, o último do passeio. A manhã leva-nos de novo a ter o rio Erges por companhia, enquanto percorremos alguns dos trilhos da Herdade do Vale Feitoso. Com sete mil hectares, a herdade chegou a ter duas escolas a funcionar no seu interior, mas agora é, sobretudo, território de caça e de safaris fotográficos para os amantes da natureza. Por lá há (garantem-nos) veados, gamos, javalis, muflões e grifos. Nós vemos o rio, que nos acompanha à direita, durante o primeiro trecho do caminho. Vemos as estevas e os campos verdes, mas nada de veados ou javalis. Não duvidamos que eles andam por ali, e até há quem tenha fotografias a prová-lo, mas aparentemente não se dão bem com o barulho dos motores de automóveis, esforçando-se pelos caminhos de terra e pedra, e não há maneira de os conseguirmos vislumbrar. Já os grifos (ou serão abutres?) aparecem, sem vergonha, numa zona de rochas altas e escarpadas, sobrevoando-nos a curta distância. Dali a pouco havemos de vê-los outra vez, a voar ao longe, enquanto esquecemos a sede e a fome num lanche improvisado num dos prados da herdade. Quando abandonamos o Vale Feitoso sabemos que o caminho, agora, é até Penha Garcia e o seu Parque Icnológico, recheado de fósseis com 480 milhões de anos, no vale do rio Pônsul. Antes, porém, é preciso lidar com os primeiros - e últimos - problemas automóveis de todo o fim-de-semana. Duas avarias, no mesmo local e afectando a bomba de água, que obrigaram ao reboque das viaturas, e dois pneus furados resumem as baixas. Nada que impedisse os participantes de continuarem até Penha Garcia e ao almoço, no Clube de Pesca e Tiro de Monfortinho. Mas já lá vamos. Entramos em Penha Garcia pela sua parte alta, fugindo, assim, ao efeito em cascata que a aldeia apresenta para quem chega do outro lado. Cruzamos o Pônsul, estacionamos os carros e preparamo-nos para andar. O que, com os altos e baixos da aldeia, com a muralha do castelo bem no topo e os fósseis umas dezenas de metros mais abaixo, junto ao rio, não é para todos. Mas nós vamos. Viramos as costas à planície que se estende à nossa frente, com o rochedo que esconde Monsanto e que foi uma presença constante ao longo de todo o fim-de-semana a observar-nos ao longe, e subimos para o castelo. O nosso guia explica-nos que o quartzito é a pedra por excelência de Penha Garcia e tentamos não nos distrair com os alunos da escola de escalada, que vão tentando subir a escarpa ali perto. Depois, o caminho é sempre a descer, por pedras que se adivinham escorregadias nos dias de chuva, mas que estão firmes sob os nossos pés neste dia de sol intenso, até ao local onde o guia pára, com a mão sobre uma pedra sulcada de estranhas formas cónicas, que a atravessam de lés-a-lés. Senhoras e senhores, estamos na presença do estranho mundo das cruzianas, que não são mais do que os rastos deixados por certas espécies de trilobites (pequenas criaturas pré-históricas) do que já foi um solo marinho amolecido mas hoje é rocha dura. Ali, só é preciso mesmo ter os olhos bem abertos e dispostos a moverem-se em todas as direcções, porque as cruzianas tanto estão naquela pedra na beira da estrada como numa pedra do caminho, sob os nossos pés, ou numa parede escarpada um pouco mais à frente. Cruzamos o Pônsul e passamos por antigos moinhos, antes de começarmos a subir um caminho íngreme que nos deixa com a língua de fora e as pernas doridas, até à parte alta de Penha Garcia e os BMW que nos aguardam. O Parque Icnológico de Penha Garcia é um dos primeiros da Europa e, por ali, em terras de Idanha, a intenção é que ele receba cada vez mais visitantes, interessados em fósseis, economia verde, produtos regionais e paisagens de cortar o fôlego. Se procuram tiro ao arco, também podem experimentá-lo, não muito longe dali, no Clube de Pesca e Tiro de Monfortinho. Entre os participantes no passeio do Clube Escape Livre não falta quem se atreva a atravessar o campo de relva bem cuidada, sob o sol forte da hora do almoço, e tente acertar nos alvos estrategicamente colocados. Preferimos ficar à sombra, a trincar qualquer coisa deliciosa - no caso, tostas com espuma de azeitona - enquanto não nos chamam para o almoço. Há dois anos, num outro passeio organizado por Luís Celínio, ele explicava que há viagens mais cénicas e outras mais técnicas. A de 2011, de Unhais da Serra até à Figueira foi, disse ele, "mais técnica". Desta vez não lhe perguntamos, mas apostamos em cénica. Muito cénica. Outros passeios Até ao final do ano, o Clube Escape Livre tem, pelo menos, mais quatro passeios em que pode participar. O primeiro é já no próximo sábado e anuncia-se como "o único passeio por estrada do calendário de 2013". A volta Turística Inatel - Skoda - Império está apelidada de Viagens na Minha Terra e vai levar os participantes pelas estradas "sem portagens" da serra da Estrela, entre a Guarda, Celorico da Beira e Gouveia. A 20 e 21 de Julho decorre o 15º Slalom de Castelo Rodrigo, uma competição que também é organizada pelo Clube Escape Livre. Em Outubro, é a vez dos associados do Inatel poderem participar no Raid Inatel TT de Santiago de Compostela, um passeio turístico todo-o-terreno, de cinco dias (4 a 8 de Outubro), de Vila Ruiva (Fornos de Algodres) até Santiago, na Galiza. Dias depois, entre 18 e 20 de Outubro, o Mercedes-Benz 4Matic Experience promete dar a conhecer parte do Património Mundial da Humanidade português, num percurso entre o Peso da Régua, no Alto Douro vinhateiro, e Guimarães. As inscrições e mais informações estão disponíveis em escapelivre
Posted on: Mon, 17 Jun 2013 05:33:27 +0000

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