Assembleia de Deus e a divisão em Pernambuco (continuação) A - TopicsExpress



          

Assembleia de Deus e a divisão em Pernambuco (continuação) A Assembleia de Deus no Brasil é uma denominação dividida em vários ministérios, convenções e igrejas independentes. Essas divisões geralmente são fruto de disputas de poder eclesiástico, e causam rivalidades acentuadas. Um dessas rivalidades ministeriais mais conhecidas é a de Pernambuco, onde os ministérios da AD em Recife e Abreu e Lima encontram-se em agudo desentendimento há alguns anos. Mas como esses ministérios chegaram a esse antagonismo? Como vimos em outra postagem, a igreja em Abreu e Lima, até teve em seu passado sua autonomia jurídica, mas a independência em relação ao ministério do Recife foi rechaçada pelas lideranças da capital. Nos anos 50, após crises sucessórias, assume a liderança da AD no Recife e no estado de Pernambuco o pastor José Amaro da Silva. Homem humilde, mas dotado de sabedoria e autoridade, manteve a união das igrejas e consolidou o ministério pernambucano em sua gestão. Porém, pastor Amaro da Silva sofre de um mal súbito e falece em 1977. Sua morte causa extrema comoção na igreja, e conturbação na sucessão ministerial. Ao contrário da aclamação em torno do nome do pastor Amaro para presidir a igreja no Recife, desta vez houve uma polarização entre dois pastores e seus seguidores. Um grupo apoiava o pastor José Leôncio da Silva, e outro grupo o pastor Issac Martins Rodrigues. Ao término da disputa, José Leôncio vence a votação e assume a igreja no Recife. Issac Martins Rodrigues resolve fazer uma "divisão branca" e reivindica autonomia para a CGADB. Criou-se assim o "Ministério" de Abreu e Lima, nomenclatura utilizada pela CGADB para nomear as divisões entre as igrejas em determinada região. Era uma maneira de atenuar o racha na denominação, sem contudo afrontar a igreja principal de alguma região. O reconhecimento do novo ministério foi aprovado em 1981 por decisão da mesa diretora da CGADB. Logo da convenção de Abreu e Lima: expansão por todo o estado No começo, as relações entre as ADs em Recife e Abreu e Lima era cordiais, até porque o ministério liderado pelo pastor Issac se expandiu principalmente para região da zona da mata norte, antes da região de Goiana. Havia respeito e uma espécie da acordo tácito na questão da jurisdição eclesiástica, e ninguém invadia o campo de trabalho alheio. A cordialidade foi desfeita justamente com a renovação das lideranças. José Leôncio é sucedido em outubro de 1998 por seu genro pastor Ailton José Alves. Menos de dois anos depois, em fevereiro de 2000, o então Ministério de Abreu e Lima, funda a Convenção de Ministros da Assembleia de Deus em Abreu e Lima (COMADALPE). Em 2004, é a vez de Abreu e Lima renovar sua liderança. Pastor Issac é sucedido pelo jovem pastor Roberto Santos. É a partir dessas mudanças, que se instalou definitivamente o clima de rivalidade entre os dois ministérios. Atualmente, as igrejas abrem trabalhos na jurisdição eclesiástica da outra. Recentemente a AD em Recife inaugurou em belo e moderno templo em Abreu e Lima. Algo impensável há alguns anos atrás. Utilizam também cores diferentes nas fachadas de seus templos para se identificarem (verde para Abreu e Lima e azul para Recife), mas ironicamente estão unidas a CGADB. Isso se deve aos malabarismos do atual presidente da instituição para se manter no poder, pois os dois líderes de Pernambuco lhe apoiam nas eleições da convenção nacional. O caso de Pernambuco é típico das ADs nesses últimos anos, onde as disputas se acirraram em nível nacional e regional. Essas controvérsias afetam até o relacionamento dos membros, pois nessas regiões os membros de ministérios rivais se ignoram nas ruas. Parece que o Salmo 133 é letra morta. Tanto para os líderes como para os membros. Fontes: ANDRADE, Moisés Germano de. "Uma história social" da Assembleia de Deus: a conversão religiosa como forma de ressocializar pessoas oriundas da criminalidade. Dissertação (Mestrado) - Universidade católica de Pernambuco. Pró-reitoria Acadêmica. Curso de Mestrado em Ciências da religião, 2010. FRESTON, Paul. Breve História do Pentecostalismo. In: ANTONIAZZI, Alberto. Nem anjos nem demônios; interpretações sociológicas do pentecostalismo. Petrópolis: Vozes, 1994. SANTOS, Roberto José. (Org.). Assembleia de Deus em Abreu e Lima - 80 Anos: síntese histórica. Abreu e Lima: FLAMAR, 2008.
Posted on: Sun, 11 Aug 2013 19:38:29 +0000

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