“Chiquinha Gonzaga”: Ô Abre-Alas para uma - TopicsExpress



          

“Chiquinha Gonzaga”: Ô Abre-Alas para uma Revolucionária Para poder contar a longa história da personagem que inspirou “Chiquinha Gonzaga”, minissérie que estréia na Rede Globo nesta terça-feira, Lauro César Muniz recorreu a um pequeno truque dramatúrgico. Lançou mão de um espetáculo sobre a vida dela, montado em 1935 no Teatro Municipal do Rio, para mostrar o contraponto entre o que realmente aconteceu e a versão oficial, porém “retocada”, da trajetória da compositora, que foi levada aos palcos.- Usei de uma licença poética – avisa Lauro César. – Enquanto os atores no palco encenarem acontecimentos que, na verdade, não foram os que ocorreram, ela, do camarote, assistirá e se lembrará do que realmente se passou. E, através das suas memórias, contaremos a trama da minissérie. As cenas no teatro irão ao ar nos 38 capítulos. Foi o jeito que encontrei para fazer as passagens de tempo numa história tão comprida. (Chiquinha nasceu em 1847 e morreu em 1935). Assim se conhecerá uma moça burguesa como outras tantas de sua época, que se casou sem amor com o primeiro marido, Jacinto (Marcello Novaes), um engenheiro ferroviário autoritário e que fez de tudo para afastá-la da música. Inclusive levá-la para o Paraguai, em plena guerra. Com ele, teve três filhos. Aí se encerra a semelhança com suas contemporâneas. Ao se separar dele, que era um marido infiel, Chiquinha teve que ir à luta, ganhar a vida, e se tornou uma das mais prolíficas artistas que este país já conheceu. Em 1885, estreou no teatro como compositora e conseguiu uma independência financeira que a permitiu sustentar a prole. Em 1899, escreveu um de seus maiores sucessos, “Ô abre-alas”. Além de tudo isso, encontrou tempo para ser abolicionista e militante republicana. - Engraçado, os artistas daquele tempo eram muito precoces – diz Lauro César. – Castro Alves deixou obras completas aos 23 anos, por exemplo. Ela não, começou mais tarde e compôs muito. Produtor musical da minissérie, Marcus Vianna fez um levantamento do que se tocava na época nas confeitarias importantes e no Alcazar Lírico. - Fiquei impressionado com o que levantamos – diz. – Sua força era tanta, que chegou a ser a maior vendedora de discos da Odeon e foi pirateada na Europa. Depois da primeira separação, Chiquinha casou-se outras duas vezes. A última delas com aquele que foi o grande amor de sua vida, um rapaz de 16 anos. Detalhe: ela tinha 52. Para poder levar adiante a relação em detrimento do preconceito que grassava na época, perfilhou (adotou como filho) o amado e assim conseguiram viver felizes para sempre. Quando, no primeiro capítulo, Regina Duarte aparecer com 87 anos, o impacto promete ser grande. Para garantir a verossimilhança, o diretor-geral, Jayme Monjardim, achou por bem que a atriz embarcasse para Los Angeles, onde foi tirada uma fôrma de gesso de seu rosto para que se fabricassem nove máscaras de um finíssimo silicone, capaz de fazer com que ela pareça muito mais do que seus 52 anos. - A sensação de me ver tão mais velha foi quase de alívio – brinca Regina. – Pensei: ”Então é só disso que a gente tem tanto medo?” Nunca, em toda a minha carreira, peguei uma personagem em sua segunda fase. O trilho dela foi dado pela Gabriela. A jovem atriz diz que aceitou o papel de cara. Só depois viu o tamanho do desafio. - Ela foi uma mulher importantíssima – diz a atriz. – Tive um choque quando me dei conta disso. Considero-a uma espécie de Scarlett O’Hara, por ser protagonista de uma saga, uma mulher que enfrentou desafios. E, depois de “Por amor”, estava na hora de voltar a fazer um grande papel. A personagem, é importante dizer, não corre o risco de ser antipatizada como Eduarda. - Que ninguém crie uma home page exortando o público a matarem Chiquinha, como fizeram com Eduarda. Até porque ela morre mesmo no final – brinca o diretor-geral de criação Daniel Filho. TODOS OS CANTOS REFLETIRÃO AQUELA ÉPOCA Para ambientar a história da compositora, foi reconstruída no Projac uma versão compacta das ruas do Rio de Janeiro do século passado. Estão lá o que seria uma via de passagem da população mais rica, como a Rua do Ouvidor. E outra, por onde transitavam os mais pobres. O esqueleto da construção que abrigou o Maravilhoso Hotel de “Hilda Furacão” se transformou no Alcazar Lírico, a casa de espetáculos onde ocorrerá grande parte da minissérie. Há ainda estabelecimentos curiosos, como o Bilhar d’Oliveira, a Loja do Cravo e outros. O cuidado com a pesquisa é visível nos detalhes, como nos cartazes tipo lambe-lambe colados nas fachadas cenográficas. Outros pôsteres foram especialmente criados para a obra, como o que anuncia o show de Suzette Fontain (Danielle Winits) e suas “formosas” no Alcazar. - O cenário será um espetáculo à parte – diz Jayme Monjardim. – Mostraremos todos os extratos sociais, então aqui foram feitos cenários para todos os personagens. A minissérie trará de volta o romantismo maravilhoso que marcou aquela época. Responsável pelos cenários, Zé Claudio conta que todas as lojas têm pelo menos um hall no qual é possível entrar. - Não dava para fazer apenas o lado de fora – diz. – As pessoas andavam a pé, não tinham medo de assalto. Como não poderia deixar de ser, já que a obra biografa a vida de uma importantíssima figura do cenário musical brasileiro, a trilha recebeu um cuidado suplementar. As composições de Chiquinha merecerão novos arranjos e serão interpretadas por cantores nacionais de peso. Marcus Vianna criou para a minissérie a “Sinfonia de um novo século”. - Mostraremos como a música que se tocava no Brasil foi se transformando e deixando de ser essencialmente européia – diz. O Globo
Posted on: Sun, 27 Oct 2013 19:43:45 +0000

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