Crônica desta semana Tão jovem de novo Desde sempre, o trecho - TopicsExpress



          

Crônica desta semana Tão jovem de novo Desde sempre, o trecho “Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou” da música “Tempo Perdido”, obra-prima da Legião Urbana, me dá um certo aperto no coração. Quando foi lançada, eu realmente era jovem, e mesmo assim essa parte me angustiava, apesar do que vem a seguir: “Mas tenho muito tempo, tenho todo tempo do mundo”. E mais à frente: “Somos tão jovens!”. Imagine agora, que ando longe de ser jovem, e que já não tenho esse tempo todo. Estranho que, e isso acontece comigo em várias letras do Renato Russo, a agonia se mistura a um sentimento bom, de não sei bem o quê. É meio como a saudade, sabe? Saudade, por si só, é algo triste, pois encampa tudo aquilo que já não está mais conosco. Tanto que falamos em matar a saudade, acabar com ela. Porém, a palavra saudade traz consigo um viés de alguma coisa que nos dá prazer, pelo simples fato de a termos em nossas lembranças. Meio confuso, também acho, contudo é difícil explicar algo tão ambíguo. Posto isso, informo que ainda não vi o filme homônimo da música, que conta a história de Renato Russo, tendo como pano de fundo os anos 80. Quero ver. Mas tenho que admitir que me deparo com algum receio de como a saudade daquele tempo vai bater. Até por conta da publicidade desse filme, e de “Faroeste Caboclo”, também baseado na obra de Renato Russo, tenho ouvido novamente com frequência minhas canções preferidas da Legião. Procuro as faixas que salvei no pendrive que me acompanha diuturnamente no meu carro e me deixo viajar através do tempo. Vejo-me garoto descobrindo o rock, garimpando num supermercado em Santos – sim, supermercados vendiam discos de vinil e, não, não existiam CDs – o primeiro álbum da Legião. Que ficou guardado na mala, esperando minha volta para casa para finalmente poder ser ouvido, porque no apartamento em que estava não havia uma vitrola. Quando finalmente botei a bolacha – sim, chamávamos os vinis de bolacha – para rodar, achei até o som mais devagar do que imaginava, a não ser por “Geração Coca-Cola”, que me bateu direto nos ouvidos e inflamou minha rebeldia juvenil com “Depois de vinte anos na escola, não é difícil aprender, todas as manhas do seu jogo sujo, não é assim que tem que ser?”. É ou não de fazer pulsar um coração cheio de vida e de hormônios? Fato é que ainda sinto o coração cheio de vida, mesmo confessando que o remedinho para o colesterol contribui bastante para isso. E que, se os mesmos hormônios não estão mais lá, ainda resta um pedacinho de rebeldia juvenil em algum canto desta mente já vivida, mas teimosamente ingênua. É um naco qualquer que se acende até hoje quando escuto Legião. E que brilhou ainda mais dia desses, quando “Tempo Perdido” tocou no carro e eu e minha filha cantamos juntos, acompanhando o Renato. Foram alguns segundos em que eu e ela fomos jovens juntos. Durou pouco, mas me fez um bem danado. Por Marcos Paulino
Posted on: Sun, 09 Jun 2013 15:06:42 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015