Hoje tenho algo a compartilhar...Não sobre ato medico, médicos - TopicsExpress



          

Hoje tenho algo a compartilhar...Não sobre ato medico, médicos estrangeiros, minha revolta e a dos meus colegas sobre a perseguição a nossa classe. É sobre humanidade. Me chamaram para avaliar um senhor, internado em outra ala do Hospital, que iniciou com confusão mental. Transferi o paciente para clinica medica e iniciei a investigação diagnostica; Após ser comprovado um quadro de Insuficiência Renal aguda grave, com indicação de dialise, tive de tentar transferi-lo para o Hospital de referência. Como sempre, meu colega nefro o aceitou de bom grado, mesmo sem ter leito, "a gente daria um jeito". Chamei a ambulância, roubei o DEA, adrenalina, tubo e laringo do ambulatório, pois na ambulância já surrada, não havia nada. E fomos. Avisei ao filho do paciente rapidamente o quadro. Ainda bem que no sacolejo da estrada nada aconteceu, mas ao chegar ao PS, antes de entrar na unidade real, o paciente teve uma parada cardiorrespiratoria. O intensivista apareceu, junto a mim e ao nefro e reanimamos o paciente; na sala ao lado chegava uma senhorinha, moradora de rua que outro colega que passava assumiu, junto com a enfermagem e reanimaram também. Fiquei surpresa de duas PCRs chegarem ao mesmo tempo e terem RCRs bem sucedidas. O meu paciente foi para um leito improvisado na emergência aguardar UTI, superlotada...E eu e minha colega técnica de enfermagem fomos pegar o caminho de volta, afinal eu estava de plantão... Só na saída me lembrei do filho do paciente que havia ficado esperando do lado de fora...Ele não queria abandonar o pai. De vestes simples e os poucos pertences em sacos de plástico ele me agradeceu. Saímos, e fomos pegar duas pacientes que iriam voltar de carona, após 5 horas de espera. Senti repentinamente algo como um "aperto no peito"; virei pra técnica e perguntei "O pai deste rapaz vai para UTI, aonde ele vai ficar? terá o que comer? Sei que isso não me diz respeito, mas pensei que se ele não se ofendesse, a gt poderia deixar um lanche pra ele...Antes que eu completasse meu raciocínio em voz alta, a senhora que viria de carona ja havia aberto a bolsa surrada e tirado 5 reais, assim como a técnica...Abri a minha bolsa, tirei uma certa quantia e pedi que minha colega fosse entregar a ele. Ela retornou chorando. Quando ele a viu estranhou, e ao explicar do que se tratava ele colocou as mãos no rosto e chorou também, copiosamente, agradecendo a ajuda inesperada. "A doutora jah salvou o meu pai, não precisa.." Tirei algumas lições de hoje; Nós médicos ainda somos valorizados por quem mais importa; os pacientes. Não é sempre, mas quando acontece, me faz lembrar por que estou nessa. A humanidade não esta perdida, vide exemplo dos meus colegas que me ajudaram hoje, e dos outros pacientes, que não titubearam em auxiliar um desconhecido. A humildade, nada tem a ver com pobreza ou riqueza e sim com caráter, que foi o que na realidade me comoveu nesta história toda. Espero que vejam que nós médicos, queremos ser bem pagos, valorizados, como querem em qualquer outra profissão...Mas não somos mercenários, só visando o lucro, como nos pintam por aí. Hoje eu chorei também.
Posted on: Fri, 12 Jul 2013 04:27:09 +0000

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