Há algum tempo Fater Sam confiou-me a tutela desta página. Ele - TopicsExpress



          

Há algum tempo Fater Sam confiou-me a tutela desta página. Ele se encontra em um momento que se faz necessária a sua ausência. Embora considere uma honra que ele tenha confiado em mim, sinto que não tenho dado uma boa contribuição a vocês. A única atividade até agora foi a disponibilização do Lemegeton em português. Depois disso releguei a página ao silêncio. Não irei me apresentar a vocês neste momento, por enquanto. Acredito que apresentações preliminares não se fazem necessárias e não os ajudam em nenhum termo. Gostaria que vocês relatassem suas experiências com a magia salomônica para que os eventuais erros e sucessos de cada um possam ajudar a estimular ou orientar os demais. Segue abaixo um relato de uma experiência mágica encontrada em uma respeitadíssima revista especializada inglesa, The Occult Review, assinada H. Campbell (Dezembro de 1929): “Desejando certa informação que eu não podia obter de nenhuma maneira usual, recorri ao Sistema de Abramelin, e para isto preparei uma cópia do talismã apropriado, aperfeiçoando-a com a minha melhor habilidade e de acordo com o meu parco conhecimento e experiência. Após executar o ritual, eu passei ao processo de limpar o meu local de trabalho astralmente. A prática baseada em pouco conhecimento é sempre perigosa: meu ritual era imperfeito, e tudo o que consegui foi inutilizar o talismã, sem em nada impedir as atividades da entidade invocada. Isto parece nada ser senão um grosseiro descuido de minha parte, e até certo ponto assim é; mas o que desejo tornar claro é que meu conhecimento desse particular sistema, e portanto o meu ritual, eram imperfeitos. De qualquer maneira, não me havia sido demonstrado nenhum método de combater essa particular entidade, uma vez provocada. “Agora, notem os resultados. Infelizmente não sei ao certo em que data os fenômenos começaram, mas o primeiro indício de que havia um problema deve ter aparecido por volta de 3 de março de 1927. Posso calcular a data porque, como pude verificar posteriormente, as manifestações eram sempre mais fortes por volta da lua nova, e após eu ter ido para a cama dormir. Nessa ocasião eu me lembro de ter despertado subitamente, com um vago sentimento de horror me oprimindo. Não se tratava do horror que acompanha um pesadelo: era como se fosse uma emoção que estava sendo provocada em mim de alguma fonte externa a mim mesmo, a qual podia ser repelida por um esforço da vontade. Isto passou quase que no momento em que me levantei, e não pensei mais no assunto. “Novamente, no dia 2 de abril - ou em data aproximada, eu fui acometido pela mesma sensação; mas considerei-a não mais que um severo pesadelo, embora o fato de que meu sono estava sendo perturbado perto da lua nova me tivesse ocorrido”. Ao aproximar-se a lua cheia, as noites eram novamente pacíficas. “A lua nova de 1 de maio trouxe uma repetição do problema. Desta vez a sensação de horror foi muito mais forte, e necessitou um esforço de vontade quase intolerável para dissipa-la. Também, foi por volta desta ocasião que eu vi pela primeira vez a entidade que estava rapidamente me obcecando. Não era propriamente feia de aspecto: seus olhos estavam fechados, e era barbada, com longos cabelos em sua volta. Pareceu-me como uma força cega pouco a pouco despertando-se para a atividade. “Agora, há três pontos que devo tornar bem claros antes de prosseguir este relato: em primeiro lugar, nunca fui atacado duas vezes na mesma noite”. “Em segundo lugar, quando falo de fenômenos físicos experimentados por mim, tais como vidros se espatifando, ou vozes, eles nunca (com uma exceção única e absolutamente inexplicável) foram realmente fenômenos materiais, mas apenas alucinações. Isto me leva ao terceiro ponto: nenhum destes incidentes ocorreu enquanto eu estava dormindo”. Sempre, eu me senti acordar com o terror me envolvendo como uma nuvem, e lutando para dispersá-lo. Eu já tive pesadelos; mas nenhum pesadelo que já tive prendeu a minha mente durante minutos a fio, como fez esta coisa, nem me levou a pular de uma janela de mais de três metros de altura. “A primeira indicação que tive de que estas visitas eram absolutamente fora do normal veio no dia 30 de maio. Por volta da meia-noite eu fui subitamente acordado por uma voz gritando: ‘Cuidado!’ Imediatamente me tornei cônscio de uma serpente rubra coleando e se enrodilhando e se estendendo debaixo da minha cama, e esticando sua cabeça para fora ao longo do assoalho. Ela estava a ponto de me dar um bote quando pulei para minha janela, e caí no jardim, num canteiro de rosas debaixo do meu quarto. Felizmente, meu único ferimento foi um braço machucado. “Depois disto houve paz absolutamente até 30 de junho, quando o verdadeiro clímax veio. Eu vira a coisa novamente na noite da lua nova, e notara consideráveis mudanças em sua aparência. Especialmente, ela parecia muito mais ativa, e seus longos cabelos tinham se transformado em cabeças de serpentes. Na noite seguinte eu fui acordado por violento barulho, e pulei da cama. Vi então que o barulho fora causado por um grande obelisco vermelho que atravessara a parede ocidental do meu quarto e agora estava apoiado contra a parede leste. Ele tinha arrebentado tanto esta parede quanto a janela, mas não tinha atingido a minha cama, a qual estava em um nicho para a esquerda da sua trajetória. Em seu trânsito o obelisco despedaçara todos os espelhos, e tanto o assoalho quanto o topo da minha cama estavam cobertos de estilhaços e farpas. Desta vez, a alucinação deve ter durado uns minutos: eu não me atrevia a mover-me por medo de me cortar, e para alcançar os fósforos – nos quais, eu sabia, estava a salvação – eu teria que me estender por sobre a cama, e novamente arriscar cortar-me nos estilhaços. No entanto, em meu íntimo, eu sabia que tudo isso era falso, mas não tinha poder para me mover. Eu podia apenas ficar de pé ali, incapaz, olhando o quarto arrebentado, num estado de terror impotente. “E agora vem a parte mais extraordinária de tudo isto. Quando eu finalmente dominei a obsessão e voltei à cama, completamente exausto, sei que o único som que fiz aquela noite foi ao pular do leito para o assoalho. Além disto, meu quarto fica pelo menos a cem metros de distância do resto da casa; no entanto, na manhã seguinte, na hora do café, minha família me perguntou por que houvera um ruído tão grande no meu quarto durante a noite. “Depois disto, eu percebi que acabara a brincadeira. Eu não havia aturado essas ocorrências sem fazer nada; mas percebi que me era impossível tentar controlar a força que eu pusera em movimento. Em desespero, recorri a uma boa amiga, a qual, eu sabia, tinha muita experiência dessas coisas. Ela não hesitou, e veio imediatamente em meu auxílio; daquele dia até hoje nunca mais experimentei coisa alguma desse tipo.” Este é o caso, espero que sirva de aviso àqueles que lerem esta confissão da minha asneira, para que tratem com o máximo cuidado todos os sistemas de magia impressos em livros, e não os usem de forma alguma, a não ser que tenham o mais completo controle das entidades invocadas”. Notas: · H. Campbell era um probacionista sob a orientação da Sra. Firth - “Dion Fortune”, que estava em contato com Crowley e os Mathers na época. Os talismãs são acionados por entidades demoníacas sobre as quais ninguém que não tenha alcançado o Conhecimento e a Conversação do Sagrado Anjo Guardião – isto é, a harmonização total de suas faculdades – poderá esperar obter controle. · O ritual não era imperfeito; apenas, não era suficiente para banir o demônio encarregado de dinamizar o talismã. De qualquer forma, seria tolice da parte de H. Campbell banir uma entidade que ele acabara de invocar para executar um certo trabalho! Ele pegara um tigre pela cauda... · Note-se o ego do aspirante, e sua total incompreensão do que é a legítima autoridade espiritual. O conhecimento o que ele tinha do Sistema de Abramelin era tão perfeito quanto pode ser o de um profano: o Sistema está aberta e claramente descrito.. O ritual utilizado não era imperfeito: era o utilizador do ritual que não tinha desenvolvimento suficiente para manter sob controle a força invocada. A palavra “combater”, empregada em relação ao demônio que estava encarregado de dinamizar o talismã, é particularmente tola. A atitude que ela sugere equivale a Ataque e Defesa Astral chamarmos um especialista para executar um determinado trabalho, e então desejarmos que o trabalho seja realizado sem que o especialista se apresente! Esta cegueira, infelizmente, é bastante comum em pessoas que se interessam por ocultismo: elas pensam que o trabalho mágico depende exclusivamente de quaisquer rituais. Tentar mandar nos espíritos sem termos envergadura moral para tanto, ou sem estarmos sob a fiscalização de alguém que a tenha, é – para dizer o mínimo – completa tolice. H. Campbell resolvera utilizar o Sistema de Abramelin sem o conhecimento nem o consentimento de sua instrutora, a qual sabia perfeitamente – sendo apenas Zeladora – que nem ela mesma estava em condições de utiliza-lo! · Os leitores não devem julgar que esta visão representava realmente a “aparência” do demônio encarregado de dinamizar o talismã. O imprudente aprendiz de feiticeiro formara um contato mágico com uma entidade de um certo plano, com a intenção de faze-la trabalhar para ele; mas como não tinha suficiente maturidade psíquica para controlar a força evocada, a energia desta impingira-se sobre ele, em vez de sobre o talismã, e começara a ativar as energias harmônicas consigo mesma dentro dos veículos do ser humano que a chamara. A visão foi uma formulação em termos inteligíveis do que estava acontecendo: uma parte das forças subconscientes (ou “subterrâneas”) do aspirante, até então entrelaçadas com outras nele mesmo apenas como receptoras-transmissoras, e portanto inócuas, estava se ativando de uma maneira anormal. O processo, se estiver sem controle central, é análogo à formação de um câncer no organismo.
Posted on: Mon, 04 Nov 2013 21:46:58 +0000

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